Morte
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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Edição de 02h04min de 31 de janeiro de 2011
1
- "Essencialmente tanatafórico, portador da vida que amadurece a morte dentro de si mesmo, o homem, já de si, é uma ironia suprema, porque o fundo do seu ser se revela sem fundo nem fundamento, sem essência nem substância. À finitude radical ou carência congênita do homem, que o faz participar do duplo domínio do ser e do não-ser ou da vida e da morte, corresponde a linguagem poética da ironia, que não fala nem cala, mas assinala sempre o que não se pode dizer" (1).
- Ironia forma-se do grego eironeía, proveniente do verbo grego: eíro ou eréo, que significa: perguntar, questionar. Todo questionar questiona porque não sabe e, ao mesmo tempo, porque já sabe (atematicamente), senão nem poderia perguntar. No e pelo perguntar há um krínein, isto é, um distinguir, ou seja, um diferenciar. Todo questionar pressupõe um diálogo. Portanto, o questionar exercita sempre um criticar, no sentido de diferenciar, pelo e no diálogo. Todo diálogo já é, em si, um exercer diferenças. A ironia nas obras de arte funda explicitamente o diálogo de leitura como um diferenciar e um questionar. O diferenciar já traz em si o levar no entre em que o ser humano já desde sempre está lançado. Portanto, todo humano do ser humano se dá como ironia, porque em vida experiencia a morte e experienciando a morte afirma a vida.
- Referência:
- (1) SOUZA, Ronaldes de Melo e. "Introdução à poética da ironia". In: Linha de pesquisa. Revista de Letras da UVA, Rio de Janeiro, Ano 1, 2000.
- Ver também:
2
- A questão da morte já aparece nos ritos iniciáticos. Todo rito de iniciação implica uma transformação e, automaticamente, a morte de algo para o surgimento também de algo. O verbo iniciar é, pois, ambíguo: iniciar é introduzir, porque implica também o fazer morrer. A travessia se dá na tensão vida/morte di-mensionada na e como experienciação.
- Ver também:
3
- "– Antes de morrer se vive, Lóri. É uma naturalidade morrer, transformar-se, transmutar-se. Nunca se inventou nada além de morrer. Como nunca se inventou um modo diferente de amor de corpo que, no entanto, é estranho e cego e no entanto cada pessoa, sem saber da outra, reinventa a cópia. Morrer deve ser um gozo natural. Depois de morrer não se vai ao paraíso, morrer é que é o paraíso" (1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 63.
4
- "É verdade que não podemos conquistar a morte; podemos, contudo, conquistar nosso medo da morte" (1).
- Referência:
- (1) KAZANTZAKIS, Nikos. Testamento para El Greco. Rio de Janeiro: Artenova, 1975, p. 214.
5
- Por vivermos já estamos agindo. Mas qual o motivo de nosso agir? O que em nossas ações temos em vista? Noutras palavras: o que dá sentido a nosso agir? E se for a morte? Como pode a morte, que é não-ação, dar sentido? Essa é a questão em que se move não somente o viver mas também o estar sendo no viver.
6
- A morte nada mais é do que o advento do não mais estar e passar a ser, não mais ser vivente para experienciar a vida, não mais ser instante para ser tempo e ser tempo para ser e deixar de estar.