Completude

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(2)
(1)
 
(uma edição intermediária não está sendo exibida.)
Linha 1: Linha 1:
== 1 ==
== 1 ==
-
: Toda [[plenitude]] só é [[plenitude]] do principiar do [[princípio]], assim como todo rio traz em sua corrente a [[presença]] da [[fonte]]. Esta ambiguidade poética é que é o [[tempo]] circular. A [[palavra]] [[plenitude]] forma-se de pleno. E esta [[palavra]] vem do latim ''plenus'', que significa: cheio, completo, satisfeito. Porém, não podemos reduzir a [[plenitude]] a esses atributos acidentais quando se trata do [[ser]] que cada um [[é]]. Ontologicamente é uma [[realização]] plena, completa, inteira, que se dá quando, cada um naquilo que [[é]], encontra o seu pleno e total [[sentido]]. É a sua [[completude]]. É que [[sentido]] então é [[sentido]] de [[ser]], plena e completa [[realização]], e não simplesmente a mera ligação às [[sensações]] e à satisfação dos [[sentidos]]. Estes não estão excluídos da [[plenitude]] e da [[completude]], mas jamais podemos reduzi-las às meras [[sensações]] sejam sensuais, sejam estéticas, pois, neste caso, reduzir-se-ia o [[ontológico]] (''[[Libido]]'' ''essendi'') ao epistemológico (''[[Libido]] sciendi'').  
+
: Toda [[plenitude]] só é [[plenitude]] do principiar do [[princípio]], assim como todo rio traz em sua corrente a [[presença]] da [[fonte]]. Esta [[ambiguidade]] [[poética]] é que é o [[tempo]] [[circular]]. A [[palavra]] [[plenitude]] forma-se de pleno. E esta [[palavra]] vem do latim ''plenus'', que significa: cheio, completo, satisfeito. Porém, não podemos reduzir a [[plenitude]] a esses atributos acidentais quando se trata do [[ser]] que cada um [[é]]. Ontologicamente é uma [[realização]] plena, completa, inteira, que se dá quando, cada um naquilo que [[é]], encontra o seu pleno e total [[sentido]]. É a sua [[completude]]. É que [[sentido]] então é [[sentido]] de [[ser]], plena e completa [[realização]], e não simplesmente a mera ligação às [[sensações]] e à satisfação dos [[sentidos]]. Estes não estão excluídos da [[plenitude]] e da [[completude]], mas jamais podemos reduzi-las às meras [[sensações]] sejam [[sensuais]], sejam [[estéticas]], pois, neste caso, reduzir-se-ia o [[ontológico]] (''[[Libido]]'' ''essendi'') ao [[epistemológico]] (''[[Libido]] sciendi'').  
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
-
 
-
 
== 2 ==
== 2 ==

Edição atual tal como 22h26min de 19 de fevereiro de 2024

1

Toda plenitude só é plenitude do principiar do princípio, assim como todo rio traz em sua corrente a presença da fonte. Esta ambiguidade poética é que é o tempo circular. A palavra plenitude forma-se de pleno. E esta palavra vem do latim plenus, que significa: cheio, completo, satisfeito. Porém, não podemos reduzir a plenitude a esses atributos acidentais quando se trata do ser que cada um é. Ontologicamente é uma realização plena, completa, inteira, que se dá quando, cada um naquilo que é, encontra o seu pleno e total sentido. É a sua completude. É que sentido então é sentido de ser, plena e completa realização, e não simplesmente a mera ligação às sensações e à satisfação dos sentidos. Estes não estão excluídos da plenitude e da completude, mas jamais podemos reduzi-las às meras sensações sejam sensuais, sejam estéticas, pois, neste caso, reduzir-se-ia o ontológico (Libido essendi) ao epistemológico (Libido sciendi).


- Manuel Antônio de Castro

2

"A experienciação pressupõe o horizonte. Este nome vem do grego e significa: o limite do visível, do sabido em tensão com o não-visível, o não-sabido, ou seja, o vazio, o silêncio, o nada. Mergulhados no horizonte, isto é, na tensão “entrelimite e não-limite aspiramos sempre, em nossas ações e escolhas, a uma completude de realização. Esta realização, como consumação do que se é, os gregos denominaram telos, ou seja, a plenificação dos limites no aberto livre do silêncio e da não-ação. É a escuta da fala do silêncio" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura: caminho de paragens e passagens". In: ---. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 210
Ferramentas pessoais