Dzoé
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→3) |
(→2) |
||
(12 edições intermediárias não estão sendo exibidas.) | |||
Linha 1: | Linha 1: | ||
__NOTOC__ | __NOTOC__ | ||
== 1 == | == 1 == | ||
- | : "O traço fundamental da ''[[phýsis]]'' e da ''dzoé'' é o surgimento que se dá a partir de si mesmo, que é ao mesmo tempo um [[retorno]] para si mesmo, um fechamento" (1). | + | : "O traço fundamental da ''[[phýsis]]'' e da ''[[dzoé]]'' é o [[surgimento]] que se dá a partir de si mesmo, que é ao mesmo tempo um [[retorno]] para si mesmo, um fechamento" (1). |
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, 307-8. | + | : (1) HEIDEGGER, Martin. ''Heráclito''. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, 307-8. |
== 2 == | == 2 == | ||
- | : "To dzoion não é o | + | : "To ''[[dzoion]]'' não é o “[[animal]]” e nem o “[[ser vivo]]” em sua [[acepção]] corrente e em seu [[sentido]] indeterminado. ''[[Dzoé]]'' diz o que surge de dentro de si e reina no [[surgir]]. ''To aeidzoion'' significa o “[[surgimento]] incessante”. Diz o mesmo que ''to aeiphyon'' ..." (1) |
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Tradução: Márcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, 120. | + | : (1) HEIDEGGER, Martin. ''Heráclito''. Tradução: Márcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, 120. |
== 3 == | == 3 == | ||
- | : De maneira alguma devemos pensar a ''dzoé'', a vida de todo ser vivo, no sentido classificatório de [[gênero]] e [[espécie]], de inferior e superior. Por exemplo, em relação à distinção do ser-humano, segundo a sentença órfica grega: ''Dzoion logon echon'', [[animal]] [[racional]], ou seja, ser vivo dotado de razão, numa tradução muito pobre. Não, ''dzoé'' não é animal nesse sentido genérico e [[lógico]]. '' | + | : De maneira alguma devemos pensar a ''[[dzoé]]'', a [[vida]] de todo [[ser vivo]], no sentido classificatório de [[gênero]] e [[espécie]], de inferior e superior. Por exemplo, em [[relação]] à distinção do [[ser-humano]], segundo a [[sentença]] [[órfica]] [[grega]]: ''[[Dzoion]] ''[[logon]]'' echon'', [[animal]] [[racional]], ou seja, [[ser vivo]] dotado de [[razão]], numa [[tradução]] muito pobre. Não, ''[[dzoé]]'' não é [[animal]] nesse [[sentido]] genérico e [[lógico]]. ''[[Dzoé]]'' é [[vida]], ou seja, [[todo]] e qualquer [[ser vivente]]. : "No modo [[grego]] de [[pensar]], o [[animal]] se determina a partir do ''[[dzoion]]'', do que surge, resguardando-se, portanto, de modo muito peculiar em si mesmo, pelo [[fato]] de não se [[exprimir]]" (1). O [[grego]] quando quer [[denominar]] qualquer [[ser]] [[vivente]] diz ''[[bios]]''. |
: - [[Manuel Antônio de Castro]] | : - [[Manuel Antônio de Castro]] | ||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) HEIDEGGER, Martin. ''Heráclito''. Tradução: Márcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, 108. | ||
+ | |||
+ | == 4 == | ||
+ | : "A [[sabedoria]] de [[Sileno]] se distingue porque ele foi o sábio [[preceptor]] de [[Dioniso]]. Esse [[deus-homem]], [[homem-deus]] está ligado tanto à ''[[phýsis]]'' como à ''[[dzoé]]'' ([[vigor]] e fulgor do [[viver]]) e também a ''[[Eros]]'', sempre no limiar de ''[[Thánatos]]''. A [[paixão]] pela [[vida]] como [[Eros]]-[[Dioniso]] é o que dá o alcance do que os gregos experienciavam como ''[[dzoé]]'' (1). | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O Mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------------. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 189. |
Edição de 22h56min de 3 de fevereiro de 2021
1
- "O traço fundamental da phýsis e da dzoé é o surgimento que se dá a partir de si mesmo, que é ao mesmo tempo um retorno para si mesmo, um fechamento" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, 307-8.
2
- "To dzoion não é o “animal” e nem o “ser vivo” em sua acepção corrente e em seu sentido indeterminado. Dzoé diz o que surge de dentro de si e reina no surgir. To aeidzoion significa o “surgimento incessante”. Diz o mesmo que to aeiphyon ..." (1)
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Tradução: Márcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, 120.
3
- De maneira alguma devemos pensar a dzoé, a vida de todo ser vivo, no sentido classificatório de gênero e espécie, de inferior e superior. Por exemplo, em relação à distinção do ser-humano, segundo a sentença órfica grega: Dzoion logon echon, animal racional, ou seja, ser vivo dotado de razão, numa tradução muito pobre. Não, dzoé não é animal nesse sentido genérico e lógico. Dzoé é vida, ou seja, todo e qualquer ser vivente. : "No modo grego de pensar, o animal se determina a partir do dzoion, do que surge, resguardando-se, portanto, de modo muito peculiar em si mesmo, pelo fato de não se exprimir" (1). O grego quando quer denominar qualquer ser vivente diz bios.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Tradução: Márcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, 108.
4
- "A sabedoria de Sileno se distingue porque ele foi o sábio preceptor de Dioniso. Esse deus-homem, homem-deus está ligado tanto à phýsis como à dzoé (vigor e fulgor do viver) e também a Eros, sempre no limiar de Thánatos. A paixão pela vida como Eros-Dioniso é o que dá o alcance do que os gregos experienciavam como dzoé (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O Mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 189.