Exegese

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A questão hermenêutica". In: -------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 18.
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A questão hermenêutica". In: -------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 18.
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Edição de 21h37min de 29 de Outubro de 2020

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"A relação leitor / texto exige a intervenção explícita de uma interpretação, mas ainda uma interpretação relativa ao texto, em sua organização e produção histórico-textual. Porém, havia uma outra dimensão que fazia comparecer a interpretação, não porque o texto não fosse legível , mas porque o seu significado era misterioso. É aí que se faz presente o mito de Hermes, como o que medeia a linguagem dos deuses para a língua dos mortais. Neste caso, a hermenêutica, embora ainda só se atenha ao texto, já articula uma realidade transcendente e outra imanente. Parte-se do domínio gramatical para o correto encaminhamento do sentido figurativo ou alegórico. À correta interpretação do que está expresso simbolicamente, à manifestação dessa outra realidade do texto deu-se o nome de exegese. Esta metodologia é sobretudo desenvolvida pelo cristianismo, diante dos textos sagrados reunidos na Bíblia, considerados a Palavra de Deus" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A questão hermenêutica". In: -------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 18.

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Toda leitura já é, essencialmente uma interpretação, pois a essência do ser humano exige sempre que em toda situação pratique uma interpretação, seja ela qual for. Toda opinião já é também uma interpretação, consciente ou não, todo diálogo se funda em diferentes interpretações. Mas o importante a reter e compreender é que nem toda interpretação já se torne, por isso mesmo, uma exegese. Não. Esta é uma interpretação específica. Ela diz respeito a textos sagrados. Há aí uma questão teológica, específica para o cristianismo. Quando este irrompeu há 21 séculos, já encontrou diversas outras religiões com seus deuses e seus ritos e textos sagrados. Porém, o deus Cristão se proclamava o deus único verdadeiro, perante o qual os outros deuses seriam falsos. Mas ao desenvolverem a doutrina cristã, para se defenderem de outas doutrinas e até de outras interpretações dos mesmos textos cristãos (daí surgiram sempre os hereges), os teólogos e filósofos cristãos se serviram, sobretudo da filosofia grega. Porém, muitas destas ideias provinham das ideias expressas pelos deuses mitológicos, isto é, dos mitos, de onde partiram dos ensinamentos e desenvolvimentos filosóficos gregos. É verdade, não todos os filósofos, mas a maioria, pois a filosofia também se desenvolveu em virtude dos pensadores originários. Os quais de alguma maneira tinham como horizontes questões mitológicas. Ou seja, a filosofia tinha como fundo os mitos e suas questões. Diante disso, os filósofos e teólogos cristãos se viram diante de um impasse: se negavam os deuses dos mitos como se utilizavam das ideias neles expressas. Foi então que surgiu a exegese (também e muito em virtude das heresias): a interpretação simbólica e alegórica de tais verdades míticas. Isto mascarou seus procedimentos e faz surgir uma outra questão: O que é o símbolo? O que é a Alegoria? Ver estas palavras.


- Manuel Antônio de Castro
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