Ser-estar

De Dicionário de Poética e Pensamento

1

O que é o ser nunca está (no sentido do que se constitui, se põe dispondo-se) num conceito ou ideia distante, atemporal, atópico e, ao mesmo e pelo mesmo tempo, está no já aberto do dis-por-se. Isto implica uma profunda e essencial tensão. A dinâmica do ser é estar, o que quer dizer, ser é e não-é estando. O não-ser de estando é muito simples de compreender. De um lado, o estar só é estar na confluência de tempo e espaço se distendendo pelo qual o tempo e espaço presente se torna constantemente presentificado, enquanto lugar e mundo. Daí surge uma tensão no estar que, por outro lado, diz que o presentificado já não é o presentificante (presente), pois o ontem em relação a hoje é "um outro". Somos continuamente o mesmo e um outro, ou seja, um ontem do amanhã. Isso é o ser e o não-ser. Esse "E" é o "entre" como caminho. Este é e não é porque está não-estando. Então o mesmo só pode ser o mesmo porque é um outro sendo no ser e não-ser o mesmo. O mesmo e "um outro", é a identidade em seu vigor de diferença. "O outro" só é um outro porque o mesmo que cada um é já implica ser "um outro". É o "um outro" do mesmo que permite que "o outro" seja o outro do "um outro" que eu já desde sempre sou. O outro de um outro emerge na força e vigor do diálogo. Este vige na linguagem como o mesmo do silêncio. É que o diálogo só é diálogo pelo vigor do lógos.


- Manuel Antônio de Castro
Ferramentas pessoais