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De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 03h13min de 14 de março de 2009 por Jun (Discussão | contribs)
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Heidegger diz: "Mas talvez um dia cheguemos a intuir que o mistério velado de nossa essência se nos apresenta no passado vigente, sendo, portanto presente. Como, se nem sabemos direito o que é o presente? Como, se só sabemos calcular entre o que acabou de passar, o que é transitório agora e o que já passou muito, muito antes?" (1) Ora, o entendimento atual da morte é tributário desta concepção de tempo. Ou seja, ela muda conforme a sua concepção. Para entendermos o que é o homem como ser mortal, é necessário pensá-lo a partir da essência do tempo como ser. Daí poder ser plenitude, como a impossibilidade de todas as possibilidades. Prossegue: "... o passado vigente sempre nos sobrevém ...". Se ele sobrevém, o que parece futuro ou o depois do presente é, na realidade, o passado vigente - pessoal e coletivo. Nós desaguamos no vigente do passado: a Memória, que foi, é e será. Daí, para os gregos, a morte - thánatos - ser um retornar ao rio Léthes: o passado vigente enquanto o que se vela e esquece. Mas a Modernidade só conhece a morte biológica. Porém, todas as grandes obras de arte falam da morte como "uma outra vida", certamente não a "biológica", mas a phýsis/dzoé/lógos/sóphos - a plenitude da sabedoria/sabor.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio de Janeiro: Delume Dumará, 1998, p. 206.
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