Ficção

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 22h48min de 8 de janeiro de 2014 por Fábio (Discussão | contribs)

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Aprender é aprender o que não pode ser ensinado. Ensinar é deixar que o que não pode ser ensinado ecloda, se desvele em cada um. Ficção vem do verbo latino fingere, figurar, dar figura. Toda figura, enquanto arte, ficção, só é figura se fizer o que não pode ser figurado eclodir, ser desvelado.


- Manuel Antônio de Castro


2

No conto de João Guimarães Rosa "Nada e a nossa condição" (1), ficção ou "fazer de conta" (2) é reinventar o real, "instaurar um novo mundo" (3). Isso aparece como nadificar . Nadificar significa "retirar as máscaras que vestimos" (4). Nadificar é a própria reinvenção do real, ou seja, nas palavras do personagem Tio Man'Antônio "fazer de conta". Aqui está o duplo significado de ficção: narrar para reinventar o real. A um tal narrar poderíamos denominar "ficção poética".


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) ROSA, Guimarães. "Nada e a nossa condição". In: Primeiras Estórias. 3ª edição. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.
(2) Idem.
(3) Idem.
(4) Idem.


3

"Porque é através da leitura de romances, histórias e mitos que conseguimos entender as ideias que governam o mundo em que vivemos: é a ficção que nos dá acesso às verdades que a família, a escola e a sociedade mantêm veladas, ocultas; é a arte do romance que nos permite perguntar quem afinal realmente somos" (1).


Referência:
(1) PAMUK, Orhan. A maleta de meu pai. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 66.


4

“A ficção ao ser narrada reinventa o real, não se torna o outro lado da rua ou, para melhorar a metáfora, a outra margem do rio. Ficcionar é ser a correnteza criativa que molha tanto uma margem quanto a outra, alinhavando com sua força a narrativa de uma realidade múltipla, condensada no fino enleio do poetizar. O corporal de sua investida é trama que enreda dicotomias, transfigurando-as em circularidade: véu que se estende no encoberto do que se desvela” (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, pp. 127-8.