Esquecimento

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 14h45min de 13 de Novembro de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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Esquecimento só é possível porque vigoramos na memória como algo que é ontológico e não apenas epistemológico e psicológico. No campo da arte, para os gregos a memória (Mnemosine) é a mãe das Musas. Estas cantam o passado, o presente e o futuro. Dessa maneira esquecimento diz não só o que passou, mas muito mais o que no passado vigora como possibilidade do futuro. Dessa maneira, o esquecimento é muito mais o que ainda não se manifestou, mas vigora como possibilidade de realização. Com isso não há oposição entre passado e presente, nem entre essência e aparência. Na e pela Memória tudo persiste, porque ela é a unidade, ou seja, a identidade das diferenças.


- Manuel Antônio de Castro


- Ver também esquecer.


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"Para e no sagrado é estranha e inadmissível a distinção de superior e inferior. E é então que ele se distancia cada vez mais, um distanciamento que consiste, em verdade, no seu esquecimento e perda de sentido. O esquecimento do ser, do sentido do que somos, é o esquecimento do sagrado. Que é a arte hoje senão o testemunho pungente desse esquecimento? Assim se pensa. Mas não seria a verdadeira arte o testemunho vigoroso da presença constante do sagrado, pois não é a essência da arte o sagrado? Quanta obra de arte vazia, tentando, inutilmente, preencher esse esquecimento pelo jogo fútil e mirabolante das formas técnicas. Mas ainda serão essas obras obras de arte? Não serão meros jogos formais que fazem a alegria e fortuna dos donos de galerias?" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A presença constante do sagrado". In: https://travessiapoetica.blogspot.com.br/ postado em 23 de fevereiro de 2017.