Corpo
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : | + | :Referências: |
- | + | (1) CAPRA, Fritjof. ''A teia da vida''. São Paulo: Cultrix, 2004. | |
- | + | (2) ROSA, Guimarães. ''Primeiras estórias''. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967. | |
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Edição de 02h16min de 1 de Abril de 2009
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- A exigência moderna de se partir do ser humano, impõe que se pense e compreenda o entre-ser como corpo. Esse "corpo" se constitui e se figura no poder-ser como questão, em que ela é poético-onto-fenomenologicamente o pro-jeto das possibilidades do poder-ser como disposição e compreensão. Como entre-ser o corpo é a Cura e as pro-curas, e reúne em-si e no para-si, como abertura dada pela Cura, mundo e verdade. A nossa condição "corporal" é ser-no-mundo, ser-em e ser-com. Realizar o projeto do entre-ser e o entre-ser do projeto é realizar o poder-ser inerente ao entre, à Cura. E isso é realizar o corpo. Realizar o corpo é realizar o ser-humano como Entre-ser. Tal realização se dá na medida em que o corpo se torna obra de arte, ou seja, o sentido do entre-ser.
2
- As recentes descobertas da genética podem esclarecer nossa compreensão do corpo e da alma. O que Fritjof Capra afirma em A teia da vida (1) é que cada célula é uma parte que, em si, contém o todo. O que ocorre em micro ocorre em macro. O código genético sempre comparece e desfaz a visão tradicional metafísica, acentuada pelo cartesianismo. Capra fala de reciclagem e resíduos no processo da célula se produzir e reproduzir, produzindo o próprio código genético. Guimarães Rosa, no conto "Nada e a nossa condição" (2) mostra, no final, a "cremação" do corpo/casa e depois de um ascender acima da montanha numa transfiguração misteriosa, em que luz e trevas não se distinguem, e as cinzas descem à Terra. Resíduos?
- Referências:
(1) CAPRA, Fritjof. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 2004. (2) ROSA, Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.
3
- Descartes separa o ser-humano-corpo em duas realidades: res cogitans/realidade pensante e res extensa/realidade extensa. Essa divisão é a base da modernidade, daí a dificuldade de hoje pensar o corpo como um todo. Não só isso, experienciá-lo como um todo. A argumentação da consciência, determinando não só o ser mas o próprio real/corpo só é aceitável se admitirmos a dicotomia cartesiana. Isso levou a entender a leitura apenas como um exercício racional-silencioso ou em voz alta, mas do qual se afastou o corpo. A tripla leitura de voz-razão, música e dança procura resgatar a leitura-corpo. Mas essas três só são possíveis a partir da escuta do que se é. No que se é, nunca há dicotomia cartesiana. As observações de Freud não seriam, no fundo, sobre a recusa do corpo como um todo?
4
- Pode-se pensar o corpo como conceito ou como questão. E, então, tudo será diferente em relação ao e em nossa relação com o corpo. No corpo como que todas as filosofias, religiões e teorias científicas são aí contidas, incorporadas. Mas quando deixamos o corpo ser, ele se tornará corpo-poesia e corpo-pensamento. O corpo como corpo é sempre insólito, admirável, misterioso, mágico. Deixar o corpo ser corpo, pensar o corpo, eis a questão. Toda obra-de-arte é um corpo se é obra-de-arte. Não importa a Musa que a preside.