Coisa
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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:HEIDEGGER, Martin. ''O que é uma coisa?''. Lisboa: Edições 70, 1992, p.32. | :HEIDEGGER, Martin. ''O que é uma coisa?''. Lisboa: Edições 70, 1992, p.32. | ||
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:Esta questão na [[interpretação]] do poema de Angelus Silesius: "A rosa é sem porquê". Conferir Emmanuel Carneiro Leão (1). | :Esta questão na [[interpretação]] do poema de Angelus Silesius: "A rosa é sem porquê". Conferir Emmanuel Carneiro Leão (1). | ||
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:"[[Reunião]] integradora é o que diz uma antiga [[palavra]] da língua alemã ''Ding'', coisa" (1). | :"[[Reunião]] integradora é o que diz uma antiga [[palavra]] da língua alemã ''Ding'', coisa" (1). | ||
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:(1) HEIDEGGER, Martin. ''Ensaios e Conferências''. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 133. | :(1) HEIDEGGER, Martin. ''Ensaios e Conferências''. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 133. | ||
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:Fritjof Capra, em ''A teia da vida'' (São Paulo: Cultrix, 2004) baseado em conceitos, estabelece dois níveis de aproximação da coisa como [[organismo]]. Primeiro: padrão organizacional; segundo: estrutura. Com estes dois níveis ele quer dar conta da questão que dá início à trajetória ocidental: o que permanece e o que muda. O que é questão inicial se reduz aos poucos em questão da essência. E esta acaba por ser reduzida ao conceito, em diferentes graus de abstração: padrão organizacional e estrutura (singular). O importante, no caso da vida, é que ele vai centralizar-se nos PROCESSOS. E, nestes, na questão da autopoiese, ou seja, no surgimento da ordem a partir do caos. A introdução deste, no entanto, traz algo que o padrão e a estrutura não dão. Basta pensar no fato de haver a morte em tensão com o caos e com a autopoiese. O que é a [[morte]]? É a volta ao caos? Mas então como o caos pode ser a base da autopoiese? E note-se que a questão da coisa aparece então aí claramente, pois há "duas mortes". A morte na ordem do bios e a morte na "ordem" da ''dzoé''. Como? A memória morre? A história passa como história. E a memória? Não é por causa da memória que há história? Então qual a relação entre "morte", vida e memória? É neste horizonte que é necessário pensar a linguagem e com ela a coisa, o mundo (logos) e o sentido. Mas então o saber é da ordem da memória. E esta? Não pode ser reduzida "às formações discursivas". As questões da vida, morte, memória e linguagem não são nem podem ficar dependentes das formações discursivas. Mas o inverso, porque estas são modos de encarar tais questões. Como na ordem dos discursos só há significados, na ordem das questões se dá também a questão do sentido. Sentido não é significado. É mais. E é então que a morte se dá como morte, a vida como vida, a memória como memória, a linguagem como linguagem. A coisa como COISA. É bem verdade que os geneticistas não pensam a coisa, mas a "unidade". Pode haver unidade que não seja? E nem todo ente é unidade. Ente em grego é ''on'', que foi traduzido para o latim como ente e ''res''/coisa. Pensando a coisa no horizonte da unidade dos geneticistas ajuda a tirar o caráter abstrato do ente, da coisa, desde que apareça como questão. | :Fritjof Capra, em ''A teia da vida'' (São Paulo: Cultrix, 2004) baseado em conceitos, estabelece dois níveis de aproximação da coisa como [[organismo]]. Primeiro: padrão organizacional; segundo: estrutura. Com estes dois níveis ele quer dar conta da questão que dá início à trajetória ocidental: o que permanece e o que muda. O que é questão inicial se reduz aos poucos em questão da essência. E esta acaba por ser reduzida ao conceito, em diferentes graus de abstração: padrão organizacional e estrutura (singular). O importante, no caso da vida, é que ele vai centralizar-se nos PROCESSOS. E, nestes, na questão da autopoiese, ou seja, no surgimento da ordem a partir do caos. A introdução deste, no entanto, traz algo que o padrão e a estrutura não dão. Basta pensar no fato de haver a morte em tensão com o caos e com a autopoiese. O que é a [[morte]]? É a volta ao caos? Mas então como o caos pode ser a base da autopoiese? E note-se que a questão da coisa aparece então aí claramente, pois há "duas mortes". A morte na ordem do bios e a morte na "ordem" da ''dzoé''. Como? A memória morre? A história passa como história. E a memória? Não é por causa da memória que há história? Então qual a relação entre "morte", vida e memória? É neste horizonte que é necessário pensar a linguagem e com ela a coisa, o mundo (logos) e o sentido. Mas então o saber é da ordem da memória. E esta? Não pode ser reduzida "às formações discursivas". As questões da vida, morte, memória e linguagem não são nem podem ficar dependentes das formações discursivas. Mas o inverso, porque estas são modos de encarar tais questões. Como na ordem dos discursos só há significados, na ordem das questões se dá também a questão do sentido. Sentido não é significado. É mais. E é então que a morte se dá como morte, a vida como vida, a memória como memória, a linguagem como linguagem. A coisa como COISA. É bem verdade que os geneticistas não pensam a coisa, mas a "unidade". Pode haver unidade que não seja? E nem todo ente é unidade. Ente em grego é ''on'', que foi traduzido para o latim como ente e ''res''/coisa. Pensando a coisa no horizonte da unidade dos geneticistas ajuda a tirar o caráter abstrato do ente, da coisa, desde que apareça como questão. | ||
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:O que definiria um [[corpo]]? Ora, se observarmos quando perguntamos isso e fazemos da pergunta uma questão, tudo se complica. O princípio que definiria um corpo seria o mesmo do que define uma coisa? Mas, por outro lado, o que identificar como coisa? Claro que aí pressupomos nas nossas respostas duas questões já respondidas: a) ente/ser; b) finito/não finito. As duas se implicam. Nesse sentido, a determinação do limite é essencial. Mas como fazê-lo? Ele vem da coisa ou do que teorizamos o que seja a coisa? Normalmente, julgamos que algo fundamental numa coisa é a matéria. E em cima deste julgamos resolver a questão da coisa com a forma ou limite. Ocorre que mesmo antes de a forma ser questionada é necessário questionar a matéria. E isso ficou bem claro a partir de física quântica e da teoria da relatividade de Einstein. Onda e partícula são complementares, não no sentido de que uma suplementa a outra, mas de que a ''phýsis''/natureza/nascividade ora se mostra como partícula ora como onda, o que significa que ela, ao mesmo tempo, é onda e é partícula. O que aí fica misterioso é esse E. Mas devemos compreender que a complementaridade não leva em conta a questão do que é e não-é. Porém, é aí que se põe e propõe a verdadeira questão. Ora, o mesmo se vai dar com Matéria e Energia. Matéria pode virar Energia e esta se condensar em Matéria. Na medida em que há essa intercambiação como apreender o que é coisa? E como fica aí o inter-(cambiar)? Então a coisa vai nos aparecer, a partir do entre, no horizonte do ser e não-ser, isto é, da questão do sentido e do mundo. Corpo aparece, portanto, na complexa e misteriosa realidade de matéria/energia, forma/limite, mundo/sentido, mas onde iso deve ser pensado no horizonte do não-limite, do ser e do não-ser. | :O que definiria um [[corpo]]? Ora, se observarmos quando perguntamos isso e fazemos da pergunta uma questão, tudo se complica. O princípio que definiria um corpo seria o mesmo do que define uma coisa? Mas, por outro lado, o que identificar como coisa? Claro que aí pressupomos nas nossas respostas duas questões já respondidas: a) ente/ser; b) finito/não finito. As duas se implicam. Nesse sentido, a determinação do limite é essencial. Mas como fazê-lo? Ele vem da coisa ou do que teorizamos o que seja a coisa? Normalmente, julgamos que algo fundamental numa coisa é a matéria. E em cima deste julgamos resolver a questão da coisa com a forma ou limite. Ocorre que mesmo antes de a forma ser questionada é necessário questionar a matéria. E isso ficou bem claro a partir de física quântica e da teoria da relatividade de Einstein. Onda e partícula são complementares, não no sentido de que uma suplementa a outra, mas de que a ''phýsis''/natureza/nascividade ora se mostra como partícula ora como onda, o que significa que ela, ao mesmo tempo, é onda e é partícula. O que aí fica misterioso é esse E. Mas devemos compreender que a complementaridade não leva em conta a questão do que é e não-é. Porém, é aí que se põe e propõe a verdadeira questão. Ora, o mesmo se vai dar com Matéria e Energia. Matéria pode virar Energia e esta se condensar em Matéria. Na medida em que há essa intercambiação como apreender o que é coisa? E como fica aí o inter-(cambiar)? Então a coisa vai nos aparecer, a partir do entre, no horizonte do ser e não-ser, isto é, da questão do sentido e do mundo. Corpo aparece, portanto, na complexa e misteriosa realidade de matéria/energia, forma/limite, mundo/sentido, mas onde iso deve ser pensado no horizonte do não-limite, do ser e do não-ser. | ||
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:Rosa faz da "coisa" um tema constante. É prestar atenção, pois elas aparecem em seu vigor de [[mundo]] mítico. É preciso olhá-las com o olhar mítico:"Assim, o Menino, entre dia, no acabrunho, pelejava com o que não parecia querer em si. Não suportava atentar, a cru, nas coisas, como são, e sempre vão ficando: mais pesadas, mais-coisas – quando olhadas sem precauções" (1). Este estado mítico é bem expresso por Rosa logo adiante, quando diz: "Depois do encanto, a gente entrava no vulgar inteiro do dia. O dos outros, não da gente" (1). | :Rosa faz da "coisa" um tema constante. É prestar atenção, pois elas aparecem em seu vigor de [[mundo]] mítico. É preciso olhá-las com o olhar mítico:"Assim, o Menino, entre dia, no acabrunho, pelejava com o que não parecia querer em si. Não suportava atentar, a cru, nas coisas, como são, e sempre vão ficando: mais pesadas, mais-coisas – quando olhadas sem precauções" (1). Este estado mítico é bem expresso por Rosa logo adiante, quando diz: "Depois do encanto, a gente entrava no vulgar inteiro do dia. O dos outros, não da gente" (1). | ||
Edição de 01h31min de 13 de Setembro de 2009
1
- "Sobretudo aprendera agora a se aproximar das coisas sem ligá-las à sua função. Parecia agora poder ver como seriam as coisas e as pessoas antes que lhes tivéssemos dado o sentido de nossa esperança humana ou de nossa dor. Se não houvesse humanos na Terra, seria assim: chovia, as coisas se ensopavam sozinhas e secavam e depois ardiam secas ao sol e se crestavam em poeira. Sem dar ao mundo o nosso sentido, como Lóri se assustava!" (1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4ª. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 32.
2
- Para: sentido restrito - sentido lato - sentido ainda mais lato - coisa-em-si - coisa-para-nós (fenômeno): Consultar(1).
- Sobre a relação entre coisa e disciplina, consultar(2).
- Referências:
- (1)HEIDEGGER, Martin. Que é uma coisa?. Lisboa: Edições 70, 1992, p.17.
- (2)______. Heráclito. Rio de Janeiro: Relumme Dumará, 1998, p. 244.
3
- Um dos transcendentais de ente é ser uno. Leibniz pensou-o como principium identitatis indiscernibilium: o princípio de identidade dos indiscerníveis.
- Referência:
- HEIDEGGER, Martin. O que é uma coisa?. Lisboa: Edições 70, 1992, p.32.
4
- "Não se deve esperar encontrar nas línguas arcaicas essa terminologia dos filósofos - real-irreal etc. -, mas encontra-se a coisa" (1).
- Referência:
- (1) ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 18
5
- Esta questão na interpretação do poema de Angelus Silesius: "A rosa é sem porquê". Conferir Emmanuel Carneiro Leão (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, pp.182-183.
6
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Ensaios e Conferências. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 133.
7
- Fritjof Capra, em A teia da vida (São Paulo: Cultrix, 2004) baseado em conceitos, estabelece dois níveis de aproximação da coisa como organismo. Primeiro: padrão organizacional; segundo: estrutura. Com estes dois níveis ele quer dar conta da questão que dá início à trajetória ocidental: o que permanece e o que muda. O que é questão inicial se reduz aos poucos em questão da essência. E esta acaba por ser reduzida ao conceito, em diferentes graus de abstração: padrão organizacional e estrutura (singular). O importante, no caso da vida, é que ele vai centralizar-se nos PROCESSOS. E, nestes, na questão da autopoiese, ou seja, no surgimento da ordem a partir do caos. A introdução deste, no entanto, traz algo que o padrão e a estrutura não dão. Basta pensar no fato de haver a morte em tensão com o caos e com a autopoiese. O que é a morte? É a volta ao caos? Mas então como o caos pode ser a base da autopoiese? E note-se que a questão da coisa aparece então aí claramente, pois há "duas mortes". A morte na ordem do bios e a morte na "ordem" da dzoé. Como? A memória morre? A história passa como história. E a memória? Não é por causa da memória que há história? Então qual a relação entre "morte", vida e memória? É neste horizonte que é necessário pensar a linguagem e com ela a coisa, o mundo (logos) e o sentido. Mas então o saber é da ordem da memória. E esta? Não pode ser reduzida "às formações discursivas". As questões da vida, morte, memória e linguagem não são nem podem ficar dependentes das formações discursivas. Mas o inverso, porque estas são modos de encarar tais questões. Como na ordem dos discursos só há significados, na ordem das questões se dá também a questão do sentido. Sentido não é significado. É mais. E é então que a morte se dá como morte, a vida como vida, a memória como memória, a linguagem como linguagem. A coisa como COISA. É bem verdade que os geneticistas não pensam a coisa, mas a "unidade". Pode haver unidade que não seja? E nem todo ente é unidade. Ente em grego é on, que foi traduzido para o latim como ente e res/coisa. Pensando a coisa no horizonte da unidade dos geneticistas ajuda a tirar o caráter abstrato do ente, da coisa, desde que apareça como questão.
8
- O que definiria um corpo? Ora, se observarmos quando perguntamos isso e fazemos da pergunta uma questão, tudo se complica. O princípio que definiria um corpo seria o mesmo do que define uma coisa? Mas, por outro lado, o que identificar como coisa? Claro que aí pressupomos nas nossas respostas duas questões já respondidas: a) ente/ser; b) finito/não finito. As duas se implicam. Nesse sentido, a determinação do limite é essencial. Mas como fazê-lo? Ele vem da coisa ou do que teorizamos o que seja a coisa? Normalmente, julgamos que algo fundamental numa coisa é a matéria. E em cima deste julgamos resolver a questão da coisa com a forma ou limite. Ocorre que mesmo antes de a forma ser questionada é necessário questionar a matéria. E isso ficou bem claro a partir de física quântica e da teoria da relatividade de Einstein. Onda e partícula são complementares, não no sentido de que uma suplementa a outra, mas de que a phýsis/natureza/nascividade ora se mostra como partícula ora como onda, o que significa que ela, ao mesmo tempo, é onda e é partícula. O que aí fica misterioso é esse E. Mas devemos compreender que a complementaridade não leva em conta a questão do que é e não-é. Porém, é aí que se põe e propõe a verdadeira questão. Ora, o mesmo se vai dar com Matéria e Energia. Matéria pode virar Energia e esta se condensar em Matéria. Na medida em que há essa intercambiação como apreender o que é coisa? E como fica aí o inter-(cambiar)? Então a coisa vai nos aparecer, a partir do entre, no horizonte do ser e não-ser, isto é, da questão do sentido e do mundo. Corpo aparece, portanto, na complexa e misteriosa realidade de matéria/energia, forma/limite, mundo/sentido, mas onde iso deve ser pensado no horizonte do não-limite, do ser e do não-ser.
9
- Rosa faz da "coisa" um tema constante. É prestar atenção, pois elas aparecem em seu vigor de mundo mítico. É preciso olhá-las com o olhar mítico:"Assim, o Menino, entre dia, no acabrunho, pelejava com o que não parecia querer em si. Não suportava atentar, a cru, nas coisas, como são, e sempre vão ficando: mais pesadas, mais-coisas – quando olhadas sem precauções" (1). Este estado mítico é bem expresso por Rosa logo adiante, quando diz: "Depois do encanto, a gente entrava no vulgar inteiro do dia. O dos outros, não da gente" (1).
- Referência:
- (1) ROSA, Guimarães. "Os Cimos". In: Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p. 172-3.