Êxtase

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"Quem busca a [[verdade]] no [[esclarecimento]], na iluminação, no êxtase, nunca haverá de encontrá-la, pois todo esforço nunca estancia, sempre distancia a verdade da não verdade. Eis por que quem procura nunca encontra. Todo êxtase ou é sempre êntase ou é [[ilusão]]. É o conselho que nos deixou Sto. Agostinho: ' ''noli foras ire, in te ipsum redi, in interiore hominis habitat veritas'' '" (1).
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: "Quem busca a [[verdade]] no [[esclarecimento]], na iluminação, no êxtase, nunca haverá de encontrá-la, pois todo esforço nunca estancia, sempre distancia a verdade da não verdade. Eis por que quem procura nunca encontra. Todo êxtase ou é sempre êntase ou é [[ilusão]]. É o conselho que nos deixou Sto. Agostinho: ' ''noli foras ire, in te ipsum redi, in interiore hominis habitat veritas'' '" (1).
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', Rio de Janeiro, 165: abr.-jun., 2006, p. 10.
:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', Rio de Janeiro, 165: abr.-jun., 2006, p. 10.
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: Pode o [[êxtase]] levar a possuir o [[silêncio]] e o [[vazio]], o [[nada]] criativo? Miticamente, é a [[mulher]], em seu [[feminino]] como [[possibilidade]], a mais completa [[fonte]] de [[prazer]], aquela que atinge e pode levar ao [[êxtase]]. [[Êxtase]] será então [[completude]], [[plenitude]] de [[realização]], eclosão na [[liberdade]]. Entendamos, a [[palavra]] [[êxtase]] se compõe do prefixo latino e grego ''ex/eks'', que tanto pode significar para fora ou fora de, quando diz uma [[relação]] espácio-temporal, substantiva, quanto o lançar para fora dos [[limites]], dizendo, então, uma [[possibilidade]] [[ontológica]] do [[existir]] [[humano]]. O que está fora dos [[limites]] é o livre aberto, a [[possibilidade]] enquanto [[possibilidade]], [[ser]]. Já o radical ''-stase'' diz [[posição]]. [[Êxtase]] assinala, portanto, ontologicamente, o que está além e aquém da [[posição]]. Se [[posição]] diz o [[estar]], o [[êxtase]] pode abrir-nos para o [[ser]], o que está fora de, além do estado, da [[posição]], ou seja, o nos projetar no livre aberto da [[libertação]] essencial. A [[possibilidade]] [[ontológica]] é a [[essência]] da [[liberdade]]. Daí advir no [[êxtase]] [[ontológico]] a [[completude]] da [[liberdade]], do livre aberto em que nos podemos projetar e sair dos nossos [[limites]] posicionais, substantivos, da nossa [[finitude]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 13h56min de 15 de Setembro de 2017

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"Quem busca a verdade no esclarecimento, na iluminação, no êxtase, nunca haverá de encontrá-la, pois todo esforço nunca estancia, sempre distancia a verdade da não verdade. Eis por que quem procura nunca encontra. Todo êxtase ou é sempre êntase ou é ilusão. É o conselho que nos deixou Sto. Agostinho: ' noli foras ire, in te ipsum redi, in interiore hominis habitat veritas '" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 165: abr.-jun., 2006, p. 10.


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Pode o êxtase levar a possuir o silêncio e o vazio, o nada criativo? Miticamente, é a mulher, em seu feminino como possibilidade, a mais completa fonte de prazer, aquela que atinge e pode levar ao êxtase. Êxtase será então completude, plenitude de realização, eclosão na liberdade. Entendamos, a palavra êxtase se compõe do prefixo latino e grego ex/eks, que tanto pode significar para fora ou fora de, quando diz uma relação espácio-temporal, substantiva, quanto o lançar para fora dos limites, dizendo, então, uma possibilidade ontológica do existir humano. O que está fora dos limites é o livre aberto, a possibilidade enquanto possibilidade, ser. Já o radical -stase diz posição. Êxtase assinala, portanto, ontologicamente, o que está além e aquém da posição. Se posição diz o estar, o êxtase pode abrir-nos para o ser, o que está fora de, além do estado, da posição, ou seja, o nos projetar no livre aberto da libertação essencial. A possibilidade ontológica é a essência da liberdade. Daí advir no êxtase ontológico a completude da liberdade, do livre aberto em que nos podemos projetar e sair dos nossos limites posicionais, substantivos, da nossa finitude.


- Manuel Antônio de Castro