Dor

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 14h01min de 19 de Agosto de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)

1

"Crê-me, em qualquer parte resta ainda uma alegria. A dor autêntica entusiasma. Quem penetra a sua miséria encontra-se acima. E é magnífico que somente na dor cheguemos a sentir corretamente a liberdade da alma" (1).


Referência:
(1) HÖLDERLIN, Friedrich. Hipérion ou O eremita da Grécia. Trad. Marcia C. de Sá Cavalcante. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 137.


2

"Uma das situações que mais evidenciam a indigência da existência é a experiência da dor. A dor é uma sensação indizível que se inaugura colada à condição corporal. Ela aparece permeada pelo medo, o medo da dor. A dor não se limita ao corpo. Ela pertence à existência" (1).
Referência:
(1) POMPEIA, João Augusto. "Corporeidade". In: Rev. Daseinsanlyse, No. 12, 2003, p. 36.

3

"E a dor é que não estamos à altura de nossa perfeição, e quanto à nossa beleza, nós mal a suportamos" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. A maçã no escuro. Rio de Janeiro: José Álvaro, 1970, p. 252.


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A dor está ligada ao verbo grego páskho, que compõe diferentes palavras em que alegria e dor estão ligadas da mesma forma que paixão e compaixão; empatia e simpatia.


- Manuel Antônio de Castro


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O tema da dor que aparece no poema de Fernando Pessoa "Autopsicografia" é, sem dúvida, fundamental. Esse é um tema recorrente nas variadas experiências de pensamento. Aparece em Jó, Cristo, Sócrates e, sobretudo, na experiência de pensamento do sagrado de Siddhārtha Gautama, o Buda. É também o tema central ou motriz do romance de Hermann Hesse: Sidarta.


- Manuel Antônio de Castro

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"A dor é parte do amor e precisamos aceitar isso. A dor pode deixá-lo com raiva ou torná-lo mais incondicional em seu amor. A dor pode destruir o inimigo do amor, a cobrança. A dor é aquela arma que o amor tem a fim de se livrar da cobrança interior. A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional" (1).


Referência:
(1) SRI SRI RAVI SHANKAR. "A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional". Entrevista à jornalista Celina Machado. In: O Globo, Quarta-feira, 14.12.2016, 1o. Caderno, p. 36.

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“A dor é o rasgo do dilaceramento. A dor não dilacera, porém, espalhando pedaços por todos os lados. A dor dilacera, corta e diferencia, só que ao fazer isso arrasta tudo para si, reunindo tudo em si” (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. 4. e. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 21.

8

"Socrates: Digo que em nós, seres vivos, quando a harmonia sofre uma ruptura, ocorre simultaneamente uma desintegração em nossa natureza e o nascimento da dor" (1).


Referência:
(1) Platão. Filebo. In: Diálogos de Platão IV. Trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2009, p. 213. Filebo, 31 d.


9

"Como médico conheci o valor místico do sofrimento" (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. "Diálogo com Guimarães Rosa". In: COUTINHO, Eduardo (org.). Guimarães Rosa. Coleção Fortuna Crítica. 2. e. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991, p. 62-97.

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"Incorporamos a ossatura da dor na medida em que damos a esta o estatuto da dificuldade física e sensorial. No entanto, a dor não está restrita à superficialidade dos sentidos, pois é por ela que se levantam os membros e se põem a rodopiar no eixo do não-compreendido. Heidegger ainda nos aponta uma possibilidade de se pensar a dor, ou seja, enquanto corte reunidor que, à medida que irrompe, traz para si o lugar e momento do rasgo. Portanto, a dor 'traça e articula o que no corte se separa' (2), dando ao corpo a musicalidade de um improviso, ao repentino modo de acolher na desfeitura do correto um pouco das inúmeras possibilidades de se abismar e se desfazer de plangente ossatura" (1).


Referências:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. "Homem: corpo insólito". In: GARCÍA, Flavio; PINTO, Marcello de Oliveira; MICHELLI, Regina (orgs.). O insólito e seu duplo – Anais do VI Painel Reflexões sobre o Insólito na narrativa ficcional/ I Encontro Regional Insólito como Questão na Narrativa Ficcional. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2010, p. 139.
(2) HEIDEGGER, Martin. "A linguagem". In: -----. A caminho da linguagem. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 21.


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É muito difícil dizer o que é dor, porque faz parte de nossas emoções. E estas são modos de ser e experienciar-se muito ricas, e que exigem outras palavras para dizê-las, como, por exemplo: sofrimento, tristeza, angústia, desespero, mágoa...


- Manuel Antônio de Castro

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"Socrates: Digo que em nós, seres vivos, quando a harmonia sofre uma ruptura, ocorre simultaneamente uma desintegração em nossa natureza e o nascimento da dor...Se, todavia, a harmonia é recuperada e a natureza reintegrada, digo que ocorre o nascimento do prazer, se é que me é permitido expressar-me com o mínimo de palavras e a máxima brevidade sobre matérias de suma importância" (1).


Referência:
(1) Platão. Filebo. In: Diálogos de Platão IV, trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2009, p. 213. Filebo, 31 d.S


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"...uma boa definição do próprio prazer, tal como Epicuro o concebe. O prazer, como bem principal e inato, não é algo que deva ser buscado a todo custo e indiscriminadamente, já que às vezes pode resultar em dor. Do mesmo modo, uma dor nem sempre deve ser evitada, já que pode resultar em prazer" (1).


Referência:
(1) LORENCINI, Álvaro e CARRATORE, Enzo del. In: Epicuro. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Trad. e Apresentação de Álvaro Lorentini e Enzo Del Carratore. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 16.
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