Realidade
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | :(1) BAUDRILLARD, Jean. ''A ilusão vital''. Rio: Civilização Brasileira, 2001, p. 69. | + | :(1) BAUDRILLARD, Jean. ''A ilusão vital''. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p. 69. |
:(2) Idem, p.83. | :(2) Idem, p.83. | ||
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- | :Numa visão do senso-comum ou do positivismo endêmico, a realidade é o que está aí e nos cerca. Porém, essa questão é bem mais complexa. Essa complexidade pode ser pensada a partir do fragmento 123 de Heráclito, quando diz: "A natureza ama retrair-se", onde a realidade é a [[tensão]] no amar tanto do que se manifesta, se desvela, quanto do que se retrai, se vela. Emmanuel Carneiro Leão, a esse propósito, vai falar de totalidade do [[real]] ou [[natureza]] e tudo que de alguma maneira se desvela, já a realidade é o que se manifestando se retrai. A realização é o amor que é o agir, pelo qual se dá o manifestar-se e o retrair-se. Em suas palavras: "A totalidade do real, o espaço-tempo de todas as coisas, não é apenas o reino aberto das diferenças, onde tudo se distingue de tudo... A totalidade do real é também o reino misterioso da [[identidade]], onde cada [[coisa]] não é somente ela mesma, por ser todas as outras, onde os indivíduos não são definíveis, por serem uni-versais, onde tudo é uno: ''hen panta''. No movimento de sua realização, a realidade é tanto o [[horizonte]] em expansão da luz de todas as singularidades como a uni-versalidade protetora da noite, onde todos os gatos são pardos" ( | + | :Numa visão do senso-comum ou do positivismo endêmico, a realidade é o que está aí e nos cerca. Porém, essa questão é bem mais complexa. Essa [[complexidade]] pode ser pensada a partir do [[fragmento]] 123 de Heráclito, quando diz: "A natureza ama retrair-se" (1), onde a realidade é a [[tensão]] no amar tanto do que se manifesta, se desvela, quanto do que se retrai, se vela. Emmanuel Carneiro Leão, a esse propósito, vai falar de totalidade do [[real]] ou [[natureza]] e tudo que de alguma maneira se desvela, já a realidade é o que se manifestando se [[retração|retrai]]. A realização é o amor que é o agir, pelo qual se dá o manifestar-se e o retrair-se. Em suas palavras: "A totalidade do real, o espaço-tempo de todas as coisas, não é apenas o reino aberto das diferenças, onde tudo se distingue de tudo... A totalidade do real é também o reino misterioso da [[identidade]], onde cada [[coisa]] não é somente ela [[mesmo|mesma]], por ser todas as outras, onde os indivíduos não são definíveis, por serem uni-versais, onde tudo é uno: ''hen panta''. No movimento de sua realização, a realidade é tanto o [[horizonte]] em expansão da luz de todas as singularidades como a uni-versalidade protetora da noite, onde todos os gatos são pardos" (2). O "''hen panta''" a que Leão se reporta é o núcleo do fragmento 50 de Heráclito. Por este fragmento também podemos pensar a [[noite]] como sendo o [[silêncio]] falante do ''[[linguagem|lógos]]''. |
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+ | :(1) HERÁCLITO et alii. ''Os pensadores originários''. Petrópolis: Vozes, 1991. | ||
+ | :(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar II''. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 84. | ||
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- | :"A unidade é o ponto inicial de qualquer desencadear da realidade. Toda realidade é [[unidade]] de identidade e diferença. Na medida em que toda unidade é a vigência do mais simples e do mais complexo, toda unidade é sem dobras, e ao mesmo tempo a exigência de dobramento | + | :"A unidade é o ponto inicial de qualquer desencadear da [[realidade]]. Toda realidade é [[unidade]] de identidade e diferença. Na medida em que toda unidade é a vigência do mais [[simples]] e do mais [[complexo]], toda unidade é sem [[dobra|dobras]], e ao mesmo tempo a exigência de dobramento" (1). |
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- | :(1) JARDIM, | + | :(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7letras, 2005, p. 53. |
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Edição de 13h16min de 23 de março de 2009
1
- "Pois a realidade é apenas um conceito, ou um princípio, e por realidade quero dizer todo o sistema de valores concectado com este princípio" (1). Logo a seguir define Real como algo metafísico de causas e efeitos. Mas se esse é o real metafísico o que é o real não metafísico? Ou, em sentido grego, o que é a phýsis? Como pensar a realidade ou a hiper-realidade sem pensar a phýsis? Realidade como hiper-realidade - paroxismo e paródia ao mesmo tempo. "Ela aceita todo tipo de interpretação porque ela não faz mais sentido..." (2).
- Referências:
- (1) BAUDRILLARD, Jean. A ilusão vital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p. 69.
- (2) Idem, p.83.
2
- Numa visão do senso-comum ou do positivismo endêmico, a realidade é o que está aí e nos cerca. Porém, essa questão é bem mais complexa. Essa complexidade pode ser pensada a partir do fragmento 123 de Heráclito, quando diz: "A natureza ama retrair-se" (1), onde a realidade é a tensão no amar tanto do que se manifesta, se desvela, quanto do que se retrai, se vela. Emmanuel Carneiro Leão, a esse propósito, vai falar de totalidade do real ou natureza e tudo que de alguma maneira se desvela, já a realidade é o que se manifestando se retrai. A realização é o amor que é o agir, pelo qual se dá o manifestar-se e o retrair-se. Em suas palavras: "A totalidade do real, o espaço-tempo de todas as coisas, não é apenas o reino aberto das diferenças, onde tudo se distingue de tudo... A totalidade do real é também o reino misterioso da identidade, onde cada coisa não é somente ela mesma, por ser todas as outras, onde os indivíduos não são definíveis, por serem uni-versais, onde tudo é uno: hen panta. No movimento de sua realização, a realidade é tanto o horizonte em expansão da luz de todas as singularidades como a uni-versalidade protetora da noite, onde todos os gatos são pardos" (2). O "hen panta" a que Leão se reporta é o núcleo do fragmento 50 de Heráclito. Por este fragmento também podemos pensar a noite como sendo o silêncio falante do lógos.
- Referências:
- (1) HERÁCLITO et alii. Os pensadores originários. Petrópolis: Vozes, 1991.
- (2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 84.
3
- "A unidade é o ponto inicial de qualquer desencadear da realidade. Toda realidade é unidade de identidade e diferença. Na medida em que toda unidade é a vigência do mais simples e do mais complexo, toda unidade é sem dobras, e ao mesmo tempo a exigência de dobramento" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7letras, 2005, p. 53.
- Ver também: