Ausculta
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 152 |
Edição de 22h50min de 17 de Setembro de 2020
1
- Ausculta é a audição que se torna audição, isto é, que se ouve como escuta. Porém toda escuta, para se tornar ausculta, pressupõe uma fala. Quem fala? A linguagem. Esta, falando e se dando a escutar, funda a ausculta, isto é, o ser humano. Tudo que é escuta, mas não necessariamente ausculta. O que é se dá em linguagem e funda a escuta e a ausculta. No homem, o Ser se destina como ausculta, a fala da linguagem. A escuta da linguagem (lógos) é a manifestação do Ser no ser humano, em que este se escutando no que fala pode e deve auscultar o Ser. A fala e a escuta sem a ausculta põem e estatuem a subjetividade. A fala e a escuta a partir da ausculta põem, instituem e constituem o humano do homem. Só então o homem é homem e só então, propriamente, o homem fala e escuta. É a vigência da ausculta da fala da linguagem do Ser.
2
- "Ouve-me. Ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e, sim, outra coisa. Capta a outra coisa porque eu mesmo não posso" (1). Como nos diz a pensadora-poeta Clarice, a escuta real pressupõe também silêncio. Quando tal acontece, temos o auscultar, a ausculta. Mas toda escuta do silêncio, ou ausculta, é pensar.
- - [[Manuel Antônio de Castro]
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Texto publicado numa montagem artística de fotos com textos de Clarice, sem indicação da fonte.
3
- "O homem só é homem pela escuta, mas não por qualquer escuta. Para isso já nos advertia há dois mil e seiscentos anos o pensador Heráclito, no fragmento 50:
- Não é ao poeta, ao compositor, ao cantor, enfim, ao homem que devemos escutar, mas ao lógos. Este é a irrupção, em nossa vida ordinária, do extraordinário, da Linguagem poética, do mito, enfim, do sagrado" (2).
- Referência:
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 152