Disputa

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:O ser humano é essencialmente [[diálogo]] porque é disputa. Na disputa há uma dupla tensão. Pela primeira, surgem os dialogantes a partir do ''Lógos''. Só pelo ''Lógos'' há inter-subjetividade. Pela segunda, essa disputa manifesta uma dupla tendência que traz a essência da renúncia, faceta essencial da disputa. Ela fica bem clara no seguinte diálogo que tive com meu filho. Perguntado se ele, ao jogar, não gostava de perder, disse que não. Como quando perdia ele saía correndo, zangado, eu dizia para ele que, na vida, é importante aprender a perder. É o lado negativo da renúncia. E meu filho, jogando com o sobrinho dele, este, ao perder, disse para o tio: tio, você não me deixa ganhar. Ao que, de pronto, meu filho respondeu: você precisa aprender a ganhar. É o lado positivo da renúncia. Aprender a perder ou aprender a ganhar: a disputa que, no diálogo, exercita sempre as diferenças. Todo diálogo é disputa porque é afirmação de diferenças na identidade do ''lógos''.
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: O [[ser humano]] é [[essencialmente]] [[diálogo]] porque é [[disputa]]. Na [[disputa]] há uma dupla [[tensão]]. Pela primeira, surgem os dialogantes a partir do ''[[Lógos]]''. Só pelo ''[[Lógos]]'' há inter-[[subjetividade]]. Pela segunda, essa [[disputa]] manifesta uma dupla tendência que traz a [[essência]] da [[renúncia]], faceta [[essencial]] da [[disputa]]. Ela fica bem clara no seguinte [[diálogo]] que tive com meu [[filho]]. Perguntado se ele, ao [[jogar]], não gostava de perder, disse que não. Como quando perdia ele saía correndo, zangado, eu dizia para ele que, na [[vida]], é importante [[aprender]] a perder. É o lado negativo da [[renúncia]]. E meu filho, jogando com o sobrinho, ouviu dele, ao ganhar: tio, você não me deixa ganhar. Ao que, de pronto, meu [[filho]] respondeu: você precisa [[aprender]] a ganhar. É o lado positivo da [[renúncia]]. [[Aprender]] a [[perder]] ou [[aprender]] a ganhar: a [[disputa]] que, no [[diálogo]], exercita sempre as [[diferença]]s. Todo [[diálogo]] é [[disputa]] porque é [[afirmação]] de [[diferenças]] na [[identidade]] do ''[[Lógos]]''.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. ''' "[[Ser]] e [[estar]]". In:---. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 52. '''

Edição atual tal como 22h10min de 25 de Dezembro de 2024

1

O ser humano é essencialmente diálogo porque é disputa. Na disputa há uma dupla tensão. Pela primeira, surgem os dialogantes a partir do Lógos. Só pelo Lógos há inter-subjetividade. Pela segunda, essa disputa manifesta uma dupla tendência que traz a essência da renúncia, faceta essencial da disputa. Ela fica bem clara no seguinte diálogo que tive com meu filho. Perguntado se ele, ao jogar, não gostava de perder, disse que não. Como quando perdia ele saía correndo, zangado, eu dizia para ele que, na vida, é importante aprender a perder. É o lado negativo da renúncia. E meu filho, jogando com o sobrinho, ouviu dele, ao ganhar: tio, você não me deixa ganhar. Ao que, de pronto, meu filho respondeu: você precisa aprender a ganhar. É o lado positivo da renúncia. Aprender a perder ou aprender a ganhar: a disputa que, no diálogo, exercita sempre as diferenças. Todo diálogo é disputa porque é afirmação de diferenças na identidade do Lógos.


- Manuel Antônio de Castro.

2

"Mas algo se destaca de uma maneira mais intensa, quando comparado com ser e suas raízes [Aqui está se referindo ao verbo sedeo]. Como está em uma tensão direta com stare, o que de imediato se nota é como um e outro são identificados e diferenciados pela questão da posição. Essa questão, na formação do ser pelas raízes tradicionais e de outras línguas, surge de outra maneira. Se aqui é a tensão entre as posições, no ser, ligado à phýsis, a tensão nos advém no seu vigorar em um pólemos, como a-létheia, verdade e não-verdade. Claro que a tensão de posições entre stare e sedére também é uma disputa. Toda disputa já se faz sempre em torno da questão das posições. Portanto, essencialmente, posição, o surgir, já faz acontecer sempre a-létheia" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ser e estar". In:---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 52.
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