Desvelo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(3)
 
(21 edições intermediárias não estão sendo exibidas.)
Linha 1: Linha 1:
__NOTOC__
__NOTOC__
-
==1==
+
== 1 ==
-
:Desvelo é o deixar-se tomar pela vigência [[originário|originária]] do que se presenteia como desvelamento. Des-velamento - [[verdade]] - é a consumação (''[[télos]]'') do originário (''[[arkhé]]''), isto é, a vigência presente da essência originária em cada [[sendo]].
+
: "Seguir este deslocamento quer dizer: transformar as [[referências]] habituais com o [[mundo]] e com a [[Terra]] e, desde então, suspender-se todo o fazer e avaliar, conhecer e olhar corriqueiros, para permanecer na [[verdade]] que acontece na [[obra]]. Somente a retenção deste perdurar deixa que o criado seja a [[obra]] que ela [[é]]. Isto: deixar a [[obra]] [[ser]] uma [[obra]], nós denominamos o [[desvelo]] da [[obra]]. Somente para que haja [[desvelo]] é que a [[obra]] se dá em seu ser-criado como o [[real]] efetivo. Isto quer dizer agora: ela se faz presente em caráter operante" (1).
-
:- [[Manuel Antônio de Castro]]
+
: Referência:
 +
: (1) [[HEIDEGGER]], Martin. '''A [[origem]] da [[obra]] de [[arte]]. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 169. § 146.'''
-
:'''Ver Também:'''
+
== 2 ==
 +
: "O [[vigor]] permanente da [[obra]] ([[verdade]]) como [[figura]] (a disputa de [[delimitação]] e [[vazio]]/[[nada]]) está aí para ser manifestado, operado. Mas tem que ser uma operação que deixe a [[obra]] ser [[obra]]. A esta operação que não impõe uma [[perspectiva]] nem uma [[vontade]] subjetiva nem objetiva, é que [[Heidegger]] denomina ''Bewahrung''. Nós escolhemos uma [[palavra]] portuguesa aproximada, pois toda [[tradução]] é sempre um aproximar: [[desvelo]]. [[Desvelo]]: grande [[cuidado]], carinho, vigilância, dedicação sem impor, deixando [[ser]], aguardar o que é [[próprio]] e persiste, resguardar o deixar [[acontecer]]. Nela ressoa o [[cuidado]] e [[doação]] amorosa como ocorre, por exemplo, no [[desvelo]] da mãe para com o filho, o que pressupõe também no [[leitor]] o [[desvelo]] para com o que na [[obra]] ''Se dá, presenteia'' (1).
-
:*[[Esperar]]
+
 
-
:*[[Salvaguarda]]
+
: Referência:
 +
 
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "Notas". In: [[HEIDEGGER]], Martin. A [[origem]] da [[obra]] de [[arte]]. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 236.'''
 +
 
 +
== 3 ==
 +
: "Felizmente, em português ainda ressoa em [[desvelo]] não só a intensidade do [[velar]] o que é digno de ser velado e [[cuidado]], mas, ao mesmo tempo, a intensidade no deixar [[ser]], isto é, o deixar [[eclodir]] no que [[é]], no [[desvelamento]]" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "Notas". In: HEIDEGGER, Martin. A [[origem]] da [[obra]] de [[arte]]. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 237.'''
 +
 
 +
== 4 ==
 +
: [[Desvelo]] é o deixar-se tomar pela [[vigência]] [[originário|originária]] do que se presenteia como [[desvelamento]]. [[Des-velamento]] - [[verdade]] - é a [[consumação]] (''[[télos]]'') do [[originário]] (''[[arkhé]]''), isto é, a [[vigência]] presente da [[essência]] [[originária]] em cada [[sendo]].
 +
 
 +
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
 +
 
 +
 
 +
: '''Ver Também:'''
 +
 
 +
: *[[Esperar]]
 +
: *[[Salvaguarda]]
 +
 
 +
== 5 ==
 +
: Estudar o [[pensamento]] [[poético]] das diferentes [[obras]] é se [[perguntar]] pela [[realização]] ou [[mundo]] da [[realidade]] ou [[real]] enquanto [[experienciação]] do [[sagrado]], onde vão comparecer as [[questões]] como [[instâncias]] de mundaneidade ou [[realização]]. Mas como cada [[obra]] se constitui em [[experienciação]] [[inaugural]], [[originária]]? É isso que é necessário [[tematizar]] enquanto [[desvelo]]. O [[desvelo]] não é, por isso, um mero exercício de [[interpretação]]. É manifestar o [[vigor]] do [[desvelamento]] enquanto tal [[desvelamento]] configura a própria [[história]] enquanto [[mundo]]. Os [[criadores]] e os desvelantes configurando [[mundo]] configuram a própria [[história]].
 +
 
 +
 
 +
: - [[Manuel Antônio de Castro]].

Edição atual tal como 15h59min de 26 de janeiro de 2025

1

"Seguir este deslocamento quer dizer: transformar as referências habituais com o mundo e com a Terra e, desde então, suspender-se todo o fazer e avaliar, conhecer e olhar corriqueiros, para permanecer na verdade que acontece na obra. Somente a retenção deste perdurar deixa que o criado seja a obra que ela é. Isto: deixar a obra ser uma obra, nós denominamos o desvelo da obra. Somente para que haja desvelo é que a obra se dá em seu ser-criado como o real efetivo. Isto quer dizer agora: ela se faz presente em caráter operante" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 169. § 146.

2

"O vigor permanente da obra (verdade) como figura (a disputa de delimitação e vazio/nada) está aí para ser manifestado, operado. Mas tem que ser uma operação que deixe a obra ser obra. A esta operação que não impõe uma perspectiva nem uma vontade subjetiva nem objetiva, é que Heidegger denomina Bewahrung. Nós escolhemos uma palavra portuguesa aproximada, pois toda tradução é sempre um aproximar: desvelo. Desvelo: grande cuidado, carinho, vigilância, dedicação sem impor, deixando ser, aguardar o que é próprio e persiste, resguardar o deixar acontecer. Nela ressoa o cuidado e doação amorosa como ocorre, por exemplo, no desvelo da mãe para com o filho, o que pressupõe também no leitor o desvelo para com o que na obra Se dá, presenteia (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Notas". In: HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 236.

3

"Felizmente, em português ainda ressoa em desvelo não só a intensidade do velar o que é digno de ser velado e cuidado, mas, ao mesmo tempo, a intensidade no deixar ser, isto é, o deixar eclodir no que é, no desvelamento" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Notas". In: HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 237.

4

Desvelo é o deixar-se tomar pela vigência originária do que se presenteia como desvelamento. Des-velamento - verdade - é a consumação (télos) do originário (arkhé), isto é, a vigência presente da essência originária em cada sendo.
- Manuel Antônio de Castro


Ver Também:
*Esperar
*Salvaguarda

5

Estudar o pensamento poético das diferentes obras é se perguntar pela realização ou mundo da realidade ou real enquanto experienciação do sagrado, onde vão comparecer as questões como instâncias de mundaneidade ou realização. Mas como cada obra se constitui em experienciação inaugural, originária? É isso que é necessário tematizar enquanto desvelo. O desvelo não é, por isso, um mero exercício de interpretação. É manifestar o vigor do desvelamento enquanto tal desvelamento configura a própria história enquanto mundo. Os criadores e os desvelantes configurando mundo configuram a própria história.


- Manuel Antônio de Castro.
Ferramentas pessoais