Nascer

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "Contudo, a [[concepção]] [[mítica]] [[fundada]] na [[identidade]] ([[ipseidade]]) e [[diferença]] ([[alteridade]]) só se compreende enquanto ''[[génos]]''. A [[possibilidade]] de alguém [[ser]] ele-mesmo e ao mesmo tempo outro-que-não-ele não ocorre no plano de uma [[natureza]] [[pessoal]], mas na [[natureza]] do ''[[génos]]'', enquanto
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: “expressão em que momentaneamente se manifesta o [[ser]] do [[Fundamento]]-''[[Genitor]]'', isto é, a [[natureza]] Fundamental do ''[[génos]]''” (Torrano: 1992, 78) (1).  
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: A [[tradução]] desta [[palavra]] por [[raça]], estirpe ou [[família]], embora correta, não apreende o seu [[significado]] [[essencial]]. ''[[Génos]]'' deriva de ''gignomai'' ([[nascer]], [[devir]]). O ''[[génos]]'' comum a um grupo de [[indivíduos]] marca a comunhão de uma [[natureza]] por [[nascimento]], formando uma [[família]] e depois uma [[comunidade]]. Essa [[natureza]] é que os constitui mais do que outro fator qualquer. O [[indivíduo]] vale e se define pelo seu ''[[génos]]'', de tal maneira que  
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: “todas as [[ações]], decisões, falhas e êxitos do [[indivíduo]] têm [[fonte]] não na [[individualidade]] dele, mas nessa [[natureza]] supra-individual que caracteriza o ''[[génos]]''" (Torrano: 1992,78) (2) " (3).  
: Certamente, faltou ao [[autor]] levar em conta a ''[[Moira]]'' de cada um, que pode ser [[traduzida]] como [[destino]], mas que, no fundo, constitui o [[próprio]] de cada um.
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: (1) TORRANO, Jaa. "O mundo como função das Musas". In: ----. ''Teogonia''. São Paulo, Iluminuras, 1992, p. 192.
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: (1) TORRANO, Jaa.''' "O [[mundo]] como função das [[Musas]]". In: ----. [[Teogonia]]. São Paulo, Iluminuras, 1992, p. 192.'''
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: (2) TORRANO, Jaa. "O mundo como função das Musas". In: ----. ''Teogonia''. São Paulo, Iluminuras, 1992, p. 78
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: (2) TORRANO, Jaa.''' "O [[mundo]] como função das [[Musas]]". In: ----. [[Teogonia]]. São Paulo, Iluminuras, 1992, p. 78 '''
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: (3) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 166.
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: (3) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Ulisses]] e a [[Escuta]] do [[Canto]] das [[Sereias]]”. In: -----. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 166.'''

Edição atual tal como 20h51min de 10 de março de 2025

1

"Contudo, a concepção mítica fundada na identidade (ipseidade) e diferença (alteridade) só se compreende enquanto génos. A possibilidade de alguém ser ele-mesmo e ao mesmo tempo outro-que-não-ele não ocorre no plano de uma natureza pessoal, mas na natureza do génos, enquanto
“expressão em que momentaneamente se manifesta o ser do Fundamento-Genitor, isto é, a natureza Fundamental do génos” (Torrano: 1992, 78) (1).
A tradução desta palavra por raça, estirpe ou família, embora correta, não apreende o seu significado essencial. Génos deriva de gignomai (nascer, devir). O génos comum a um grupo de indivíduos marca a comunhão de uma natureza por nascimento, formando uma família e depois uma comunidade. Essa natureza é que os constitui mais do que outro fator qualquer. O indivíduo vale e se define pelo seu génos, de tal maneira que
“todas as ações, decisões, falhas e êxitos do indivíduo têm fonte não na individualidade dele, mas nessa natureza supra-individual que caracteriza o génos" (Torrano: 1992,78) (2) " (3).
Certamente, faltou ao autor levar em conta a Moira de cada um, que pode ser traduzida como destino, mas que, no fundo, constitui o próprio de cada um.


- Manuel Antônio de Castro.
Referências:
(1) TORRANO, Jaa. "O mundo como função das Musas". In: ----. Teogonia. São Paulo, Iluminuras, 1992, p. 192.
(2) TORRANO, Jaa. "O mundo como função das Musas". In: ----. Teogonia. São Paulo, Iluminuras, 1992, p. 78
(3) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 166.
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