Dissimulação

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: [[Patologia]] diz [[doença]]. Mas o que é ''[[doença]]''? Quem se torna ou o que se torna [[padrão]] do [[saudável]]? Aí não há [[lugar]] para a [[dissimulação]]. Esta jamais será uma [[realidade]] [[científica]], [[conceitual]], porque nesta [[tudo]] tem que [[ser]] [[explicado]] e [[analisado]] [[causalmente]]. E a [[dissimulação]] [[fundamental]] [[é]] [[se mostrar]] e [[desvelar]] tanto mais quanto mais [[se vela]]. O [[vigorar]] da [[dissimulação]] enquanto [[velamento]] é sem [[causa]], é [[total]] [[acontecer]] [[originário]], sem documento de identificação ou justificativa dos [[cânones]] [[vigentes]]. Como o [[velar-se]] pode se tornar um [[conceito]] [[científico]]? Até a [[metafísica]] não soube aceitá-la, deslocando-a para a [[categoria]] do ''[[falso]]''. [[Dissimulação]] [[é]] [[velamento]] desvelando-se em [[desvelo]] [[velado]] e [[amoroso]]. [[Dissimulação]] é [[jogo]] de [[ser]] e [[não-ser]], enquanto [[consciente]] e [[inconsciente]], pois este é o que sabemos [[dissimulando-se]], em [[atitudes]], em [[jogos]] de [[palavras]], gestos, trocadilhos. A [[realidade]] em sua [[essência]] [[originária]] é [[dissimulação]].
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: Patologia diz doença. Mas o que é ''doença''? Quem se torna ou o que se torna [[padrão]] do saudável? Aí não há [[lugar]] para a [[dissimulação]]. Esta jamais será uma [[realidade]] [[científica]], [[conceitual]], porque nesta [[tudo]] tem que [[ser]] [[explicado]] e [[analisado]] [[causalmente]]. E a [[dissimulação]] [[fundamental]] [[é]] [[se mostrar]] e [[desvelar]] tanto mais quanto mais [[se vela]]. O [[vigorar]] da [[dissimulação]] enquanto [[velamento]] é sem [[causa]], é [[total]] [[acontecer]] [[originário]], sem documento de identificação ou justificativa dos [[cânones]] [[vigentes]]. Como o [[velar-se]] pode se tornar um [[conceito]] [[científico]]? Até a [[metafísica]] não soube aceitá-la, deslocando-a para a [[categoria]] do ''[[falso]]''. [[Dissimulação]] [[é]] [[velamento]] desvelando-se em [[desvelo]] [[velado]] e amoroso. [[Dissimulação]] é [[jogo]] de [[ser]] e [[não-ser]], enquanto [[consciente]] e [[inconsciente]], pois este é o que sabemos dissimulando-se, em [[atitudes]], em [[jogos]] de [[palavras]], gestos, trocadilhos. A [[realidade]] em sua [[essência]] [[originária]] é [[dissimulação]].

Edição de 22h05min de 26 de fevereiro de 2025

Tabela de conteúdo

1

Patologia diz doença. Mas o que é doença? Quem se torna ou o que se torna padrão do saudável? Aí não há lugar para a dissimulação. Esta jamais será uma realidade científica, conceitual, porque nesta tudo tem que ser explicado e analisado causalmente. E a dissimulação fundamental é se mostrar e desvelar tanto mais quanto mais se vela. O vigorar da dissimulação enquanto velamento é sem causa, é total acontecer originário, sem documento de identificação ou justificativa dos cânones vigentes. Como o velar-se pode se tornar um conceito científico? Até a metafísica não soube aceitá-la, deslocando-a para a categoria do falso. Dissimulação é velamento desvelando-se em desvelo velado e amoroso. Dissimulação é jogo de ser e não-ser, enquanto consciente e inconsciente, pois este é o que sabemos dissimulando-se, em atitudes, em jogos de palavras, gestos, trocadilhos. A realidade em sua essência originária é dissimulação.


- Manuel Antônio de Castro

2

Na dissimulação a realidade é oblíqua, sempre oblíqua, ambígua, viva, inusitada, inesperada, envolvente, transtornadora e transformadora, admirável, maravilhosa, inaugural, numa sequência de experienciações insólitas.


- Manuel Antônio de Castro

3

A realidade da Ek-sistência se encaminha e realiza na dissimulação do sonho, do embelezamento, dos ritos dos pequenos atos, da gratuidade do viver e da dignidade do ser simples. E então tudo isso se torna via dissimulada daquilo que em toda dissimulação se procura: a plena posse e integração em Eros, no Amor. Só o Amor con-suma o que no dissimular não se dissimula por não se poder dissimular mais, por simplesmente Ser. O inconsciente não se torna um jogo de dissimulações?


- Manuel Antônio de Castro

4

Então o dissimular é a dobra originária onde ser ou apropriar-se é deixar os prazos serem prazos do destino enquanto silêncio, vazio, não-ser do Nada. Por isso, no sendo quem se recusa, esgueira e dissimula não é o sendo nem a verdade do sendo, mas a não-verdade e o Nada do sendo.
- Manuel Antônio de Castro
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