Apreender

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) PARMÊNIDES. ''Os pensadores originários''. Trad. Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 45.
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: (1) PARMÊNIDES. '''Os [[pensadores]] [[originários]]. Trad. Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 45.'''

Edição atual tal como 14h49min de 16 de janeiro de 2025

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Apreender o que é compreensão passa pela intuição e pela inteligência, porque ela para acontecer exige um mergulho no que se prende, capta, a partir do que se dá para poder ser prendido (com-preendido) e captado, conceituado. O compreender só acontece porque estamos nos movendo no intus-ir (intuir) e no intus-legere, isto é, interior, entre ler no sentido de apreender, no voltar-se para (em latim: ad o que nos prende e dá sentido, pois vigora na linguagem (logos), substantivo formado a partir do verbo grego legein, no latim legere, de onde forma também o substantivo inteligência, apreensão com compreensão, ou seja, no inteligir. Esse intus é o dentro que se doa no entre. Pois o intus se forma do "in", de onde se forma também o entre. Compreender é, pois, o prender que acontece na dinâmica do entre, ou seja, daquilo que denominamos intuição (noésis, em grego). Mas esta está ligada à inteligência, porque ela diz o que no e a partir do entre se dá como sentido poético no logos e noesis (do verbo noein, pensar. Mas este pensar será sempre o pensar do ser, ou seja, é a partir e na vigência do ser que podemos apreender e compreender. Podemos fazer esta ligação a partir do fragmento III de Parmênides: "O mesmo é pensar e ser" (1). É nesse horizonte que se funda a inter-subjetividade, exercício e horizonte da compreensão. Esta é o exercício dialético intuitivo, inter-subjetivo e inteligente. Mas na inter-subjetividade enquanto diálogo, quem fala nunca é o sujeito, mas o logos, a linguagem do pensamento, do ser. O logos fala, não o homem. Ao homem convém escutar e corresponder ao acontecer nele da linguagem.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) PARMÊNIDES. Os pensadores originários. Trad. Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 45.
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