Disposição

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"A dis-posição, toda disposição, só pode ser disposição, não por um ato de consciência, mas porque radica originariamente no '[[entre]]'. É a [[intuição]] [[originário|originária]]. Esta já traz em si o conhecer e a reflexão, mas muito mais" (1).
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:"A dis-posição, toda disposição, só pode ser disposição, não por um ato de [[consciência]], mas porque radica originariamente no [[entre]]. É a [[intuição]] [[originário|originária]]. Esta já traz em si o conhecer e a reflexão, mas muito mais" (1).
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:(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: ''Revista Tempo Brasileiro''. Rio de Janeiro: número 164, jan.-mar. 2006, p. 11.
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:(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre' ". In: ''Revista Tempo Brasileiro''. Rio de Janeiro: número 164, jan.-mar. 2006, p. 11.
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:Chama-se "posição" à própria eclosão da realidade em cada "[[sendo]]". Portanto, toda "posição" se dá em três di-mensões: o limite, o não-limite e um "entre", em que o ser chega ao saber e o saber ao ser. Esse "[[entre]]" é o ser humano enquanto o lugar da eclosão e desvelamento da realidade no que lhe é [[próprio]]. Nesse sentido, a "posição" está sempre referenciada ao ser humano, mas onde este não é quem origina a "posição". Como ser do "entre", nele o ser se dis-põe. Na dis-posição o ser se dispõe, isto é, é ele a origem de toda ação que se dá no ser humano enquanto não há apenas "posição", mas dis-posição de [[sentido]]. Dando sentido ao [[agir]] do homem na dis-posição o próprio ser se dis-põe como sentido, isto é, como ''lógos'', linguagem, mundo, verdade. Não é o ser humano que dis-põe, mas o ser que se dispõe. No esquecimento desse "se" está todo o esquecimento do ser. É também nesse se que podemos apreender e compreender a própria [[obra]] de [[arte]] enquanto o lugar de referência de poeta e poesia, de ser humano e ser. Toda posição é, portanto, um "sendo". Nele, nos advém todo enigma do não-ser e ser do sendo. Enquanto operar da [[verdade]], a obra-de-arte é um "sendo" onde se dispõe a poesia. Os gregos denominavam o "sendo" de ''ón''. Sua tradução por "ente" efetua o esquecimento do ser, na medida em que reduz o ser ao fundamento "abstrato" dos entes, eliminando o "se" do dispor-se.
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:Chama-se posição à própria eclosão da realidade em cada [[sendo]]. Portanto, toda posição se dá em três di-mensões: o [[limite]], o [[não-limite]] e um entre, em que o ser chega ao saber e o saber ao ser. Esse [[entre]] é o ser humano enquanto o lugar da eclosão e [[desvelamento]] da realidade no que lhe é [[próprio]]. Nesse sentido, a posição está sempre referenciada ao ser humano, mas onde este não é quem origina a posição. Como ser do entre, nele o ser se dis-põe. Na dis-posição o ser se dispõe, isto é, é ele a origem de toda ação que se dá no ser humano enquanto não há apenas posição, mas dis-posição de [[sentido]]. Dando sentido ao [[agir]] do homem na dis-posição o próprio ser se dis-põe como sentido, isto é, como ''[[lógos]]'', [[linguagem]], [[mundo]], [[verdade]]. Não é o ser humano que dis-põe, mas o ser que se dispõe. No esquecimento desse ''se'' está todo o esquecimento do ser. É também nesse ''se'' que podemos apreender e compreender a própria [[obra]] de [[arte]] enquanto o lugar de [[referência]] de poeta e [[poesia]], de ser humano e ser. Toda posição é, portanto, um sendo. Nele, nos advém todo [[enigma]] do não-ser e ser do sendo. Enquanto operar da [[verdade]], a obra-de-arte é um sendo onde se dispõe a poesia. Os gregos denominavam o sendo de ''[[ón]]''. Sua tradução por [[ente]] efetua o esquecimento do ser, na medida em que reduz o ser ao [[fundamento]] [[abstrato]] dos entes, eliminando o ''se'' do dispor-se.
:- [[Manuel Antônio de Castro]]
:- [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 16h15min de 18 de Agosto de 2009

1

"A dis-posição, toda disposição, só pode ser disposição, não por um ato de consciência, mas porque radica originariamente no entre. É a intuição originária. Esta já traz em si o conhecer e a reflexão, mas muito mais" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre' ". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: número 164, jan.-mar. 2006, p. 11.


2

Chama-se posição à própria eclosão da realidade em cada sendo. Portanto, toda posição se dá em três di-mensões: o limite, o não-limite e um entre, em que o ser chega ao saber e o saber ao ser. Esse entre é o ser humano enquanto o lugar da eclosão e desvelamento da realidade no que lhe é próprio. Nesse sentido, a posição está sempre referenciada ao ser humano, mas onde este não é quem origina a posição. Como ser do entre, nele o ser se dis-põe. Na dis-posição o ser se dispõe, isto é, é ele a origem de toda ação que se dá no ser humano enquanto não há apenas posição, mas dis-posição de sentido. Dando sentido ao agir do homem na dis-posição o próprio ser se dis-põe como sentido, isto é, como lógos, linguagem, mundo, verdade. Não é o ser humano que dis-põe, mas o ser que se dispõe. No esquecimento desse se está todo o esquecimento do ser. É também nesse se que podemos apreender e compreender a própria obra de arte enquanto o lugar de referência de poeta e poesia, de ser humano e ser. Toda posição é, portanto, um sendo. Nele, nos advém todo enigma do não-ser e ser do sendo. Enquanto operar da verdade, a obra-de-arte é um sendo onde se dispõe a poesia. Os gregos denominavam o sendo de ón. Sua tradução por ente efetua o esquecimento do ser, na medida em que reduz o ser ao fundamento abstrato dos entes, eliminando o se do dispor-se.


- Manuel Antônio de Castro
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