Vivência
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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Edição de 15h22min de 26 de Setembro de 2017
1
- "Vivenciar diz sempre: reatar, a saber, a vida e o vivido a um sujeito. Vivência evoca a correlação de objetivo e subjetivo. Mesmo a vivência do eu-tu, hoje tão falada, pertence ao âmbito metafísico da subjetividade" (1). "Por meio do estético ou, digamos, pela vivência em seu âmbito, a obra de arte já se torna antecipadamente objeto de sentimento e representação" (2).
- Referências:
- (1) HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 102.
- (2) idem, p. 109.
2
- Heidegger trata da questão da vivência e da sua relação com a Estética. Mas a vivência já é uma interpretação do que é o real, a coisa, o ente. Ele diz: "O ser aconteceu então como eídos. A ideia insere-se na morphé. O sýnolon, o todo unido da morphé hylé, a saber, o érgon, é no modo de enérgeia. Este modo de presença torna-se a actualitas do ens actu. A actualitas torna-se realidade. A realidade converte-se em objetividade, e objetividade torna-se vivência (Erlebnis)" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Lisboa: Ed. 70, 1992, p. 67.
3
- Quando da necessidade de comer para viver faço comida, preparada e transformada a partir de uma arte culinária, transformo não só a necessidade em arte, mas faço da arte uma libertação que é a dimensão da experienciação frente a toda vivência. Necessidade de comer, minha e de todo ser vivo é vivência. Fazer dela uma arte culinária é experienciação, inerente e tão somente inerente ao ser humano. É a sua diferença ontológica.
4
- A vivência só se torna experienciação quando há uma mudança qualitativa no modo de ser, em que, portanto, o modo de ser é poético e não simplesmente estético. Experienciação implica linguagem ,sentido e mundo: verdade.
5
- Nosso tempo é um tempo acelerado. Parece uma vida com muitas vidas, de muitas vivências. Mas aí entra a questão ontológica e esta diz respeito diretamente ao tempo da experienciação. O tempo da experienciação é o tempo da metábole (movimento essencial). Toda transformação precisa radicalmente de um tempo próprio, o tempo de ser se manifestando e transformando, pelo qual se é mais do que uma forma: simplesmente se é. Neste, o que é se manifesta em o como é. E o como é ou vivências se transformam não apenas n’o como se conhece, mas no sentido do que é, pois ser é agir e agir se manifestando é o advir do sentido, tanto do que é, quanto do como se conhece, isto é, transforma no ser humano a vivência em experienciação, daí no ser humano não haver apenas vida, mas o existir.