Rito

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 14h07min de 18 de Agosto de 2014 por Fábio (Discussão | contribs)

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O rito e o culto são possíveis concretizações do poder manifestador do mito. E neles o agenciamento das diferentes manifestações e meios de realização evocam implicitamente uma poética, a poética mítica.


- Manuel Antônio de Castro


Ver também:

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Os ritos são atos, mas atos primordiais, atualização de um exemplar mítico (não qualquer ato), segundo Eliade. Os ritos atualizam atos de deuses, heróis ou antepassados. Ao mostrar o valor transcendente dos atos, Mircea Eliade está falando, na realidade, dos ritos (1). "Um ritual qualquuiera... se desarolla no sólo en um espacio consagrado, es decir, essencialmente distinto del espacio profano, sino además en un 'tiempo sagrado', 'en aquel tiempo' (In illo tempore, ab origine), es decir, cuando el ritual fue llevado a cabo, por vez primera por un dios, un antepasado o un heroe" (2). "... se considera que los actos religiosos han sido fundados por los dioses, héroes civilizados o antepassados míticos" (3). "Hemos visto que todos los rituales imitan un arquetipo divino y que su reactualización continua ocurre en el mismo instante mítico atemporal" (4). A separação entre o sagrado e o profano deu lugar ao simbólico e preparou a fuga dos deuses, pelo advento da secularização da realidade. No dizer de Heráclito, o extra-ordinário habita o habitual e diário.


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) ELIADE, Mircea. El mito del eterno retorno. Madrid, Alianza, 1972, p. 15.
(2) Idem, p. 28.
(3) Idem, p. 29.
(4) Idem, p. 75.


Ver também:


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"O que é um rito? É o vigor de manifestação do mito na palavra, na dança, na música etc. O rito traz, assim, toda a força do mito, toda a presença do mito. No rito somos diretamente postos na presença do mistério, ou seja, não há representação nem mediação. Um rito não é símbolo. Nâo precisa de elementos além de si mesmo. Ao contrário, diz por si mesmo, coloca plenamente na presença do sagrado. Rito é experienciação do sagrado. Não é uma mera experiência sensorial ou intelectual. Não pode ser vivido senão como vigor da tensão mito erito" (1).


Referência:
(1) TAVARES, Renata. Do silêncio à liberdade - Uma Aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2012, p. 83.

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O rito é substancial, real em seus limites. O mito é a energia criativa sempre inaugural, sempre verbal pois possibilita todas as substantivações dos ritos. O mito enquanto mito é um princípio de transformação, porque, originariamente, já é e, sendo, vigora, é verbal.


- Manuel Antônio de Castro
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