Religião

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A história na filosofia grega". In: ------. ''Filosofia grega - uma introdução''. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 19.
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A história na filosofia grega". In: ------. ''Filosofia grega - uma introdução''. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 19.
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: - "Acredita em [[Deus]], tio Jakob? Um Pai do Céu, um [[Deus]] do [[Amor]]? Um [[Deus]] com mãos, um [[coração]] e [[olhar]] vigilante?"
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: - "Não use a palavra "[[Deus]]". Diga "[[Santidade]]". Há [[santidade]] em todas as pessoas. [[Santidade]] [[humana]]. Todo o resto são [[atributos]], disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a [[santidade]] [[humana]]. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a [[morte]]. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os [[poetas]], músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas [[discernir]]: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto [[pensar]] na [[santidade]] [[humana]]" (1).
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: Referência:
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: (1) Ingmar Bergman. No filme ''A ilha de Bergman'', de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme ''Confições privadas'', roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.

Edição de 22h15min de 25 de Agosto de 2018

1

Merquior, no livro Saudades do carnaval, faz um estudo do cristianismo em suas características frente à gnose (1). Lá, alude às diferenças entre Ocidente e Oriente: 1ª Há no Ocidente uma predominância da ação (que tanto pode ser interna como transformação do mundo), enquanto no Oriente isso não ocorre, porque haveria uma consubstanciação com a natureza (melhor, com o real). Também no Ocidente o profetismo dá origem a uma concepção linear do tempo, ao passo que no Oriente haveria o tempo circular, cíclico, "eterno retorno do idêntico", estudado por Eliade. Merquior não toma o agir em sua essência, mas enquanto um teorizar transformador.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) MERQUIOR, José Guilherme. Saudades do carnaval. Rio de Janeiro: Forense, 1972, p. 69.


2

"O grego do período originário não quer ser salvo nem quer salvar ninguém e por isso não busca nenhum messias e nenhuma doutrina de salvação. Não tem religião. A língua grega não possui nenhuma palavra própria para dizer religião. Religião é um étimo latino e designa uma experiência romana. Mas não quer isto dizer que o grego seja ateu. Apenas seus deuses não são salvadores e sua experiência histórica não inclui nenhuma missão redentora nem individual nem racional nem universal" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A história na filosofia grega". In: ------. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 19.


3

- "Acredita em Deus, tio Jakob? Um Pai do Céu, um Deus do Amor? Um Deus com mãos, um coração e olhar vigilante?"
- "Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são atributos, disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a morte. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas discernir: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto pensar na santidade humana" (1).


Referência:
(1) Ingmar Bergman. No filme A ilha de Bergman, de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme Confições privadas, roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.