Profundidade

De Dicionário de Poética e Pensamento

Edição feita às 00h27min de 26 de março de 2009 por Andre (Discussão | contribs)

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Heidegger nega o sentido comum de profundidade e dá o exemplo de "profundidade da floresta" (1). "Enquanto lógos, o lógos da psyché é profundo, e de tal maneira que a profundidade consiste em assinalar, no próprio apanhar, a amplitude a partir da qual se determina a possibilidade de se coletar o a-ser-coletado". (2) "A essência do profundo reside na indicação que se encobre em si mesma da amplitude ainda não medida do encobrimento e do fechamento." (3)


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) Cf. HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio: Relume Dumará, 1998, p.232.
(2) Idem, p. 292.
(3) Idem, p. 313.


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A profundidade é muito enigmática, pois se trabalharmos com o termo horizonte, o horizonte da profundidade é a confluência dos outros dois (o da horizontalidade e o da verticalidade) que não são postos, embora em um objeto ou em relação ao corpo ou em cada coisa estejam presentes. O corpo no real, os três horizontes onde a profundidade se afirma enquanto se nega ou aparece enquanto se oculta (basta mudar o ponto de vista), o corpo no real é o con-crescer da profundidade enquanto o ser do lugar é. Lugar é mundo. O ser do lugar se dá como lugar e visibilidade e não-visibilidade. O corpo e as coisas são nesta dinâmica do ser do lugar, que é o tempo se desdobrando e espaço se configurando, mas de uma maneira esférica. A terceira dimensão surge no espaço tornado tempo, mas aí já temos o lugar e a linguagem. Neste sentido, como falar de perspectiva sem falar de profundidade, mundo e linguagem? Por isso, temos a linguagem ligada ao agir, à essência do agir, que remete para a essência do tempo e do espaço, no sentido do limite diante do não-limite. O ser como presença engloba todas estas dimensões. O corpo, como mundo e linguagem, é esférico. A esfericidade da linguagem: eis a questão poética.


- Manuel Antônio de Castro
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