Poética
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
Linha 1: | Linha 1: | ||
- | == | + | __NOTOC__ |
+ | == 1 == | ||
:"Pensar a Poética é pensar a essência do [[destino]] do homem, da [[verdade]] e do real, enquanto conhecer e não-conhecer, ser e não-ser" (1). | :"Pensar a Poética é pensar a essência do [[destino]] do homem, da [[verdade]] e do real, enquanto conhecer e não-conhecer, ser e não-ser" (1). | ||
Linha 8: | Linha 9: | ||
- | == | + | == 2 == |
:"Poética: real, homem, verdade, destino, eis o âmbito de sua configuração, [[permanente]] e sempre [[atual]]. Diante da questão, se o que se faz é uma pergunta e se dá uma resposta originária, estas trazem para a experimentação e experienciação concreta a [[essência originária]] da questão da Poética" (1). | :"Poética: real, homem, verdade, destino, eis o âmbito de sua configuração, [[permanente]] e sempre [[atual]]. Diante da questão, se o que se faz é uma pergunta e se dá uma resposta originária, estas trazem para a experimentação e experienciação concreta a [[essência originária]] da questão da Poética" (1). | ||
Linha 17: | Linha 18: | ||
- | == | + | == 3 == |
:"A Poética, enquanto o poético de toda [[obra poética]], isto é, em sua essência originária, já é sempre permanente e atual" (1). | :"A Poética, enquanto o poético de toda [[obra poética]], isto é, em sua essência originária, já é sempre permanente e atual" (1). | ||
Linha 25: | Linha 26: | ||
- | == | + | == 4 == |
:"A Poética é um [[universal concreto]] que diz respeito a todas as culturas, porque diz, essencialmente, respeito ao humano do homem. E sem o [[humano]] como pensar o sentido e [[verdade]] das [[culturas]]?" (1). | :"A Poética é um [[universal concreto]] que diz respeito a todas as culturas, porque diz, essencialmente, respeito ao humano do homem. E sem o [[humano]] como pensar o sentido e [[verdade]] das [[culturas]]?" (1). | ||
Linha 33: | Linha 34: | ||
- | == | + | == 5 == |
:"A poética é todo e qualquer fazer que produza o encanto de transformar algo que não é no que este algo virá a ser. Ela não ouve, ela não vê, ela não sente, ela dá-se. Dá-se como tempo e espaço em que estes são suspensos respectivamente, como cronologia e extensão, e afirmados como tempo e espaço vividos. Ela se dá como medida concreta. Como medida concreta de tempo e espaço, isto é, ser. Quando ela se dá instaura simultaneamente tempo e espaço e, ao mesmo tempo requisita um fazer para tudo que ela não é. Ela instaura os corpos como fazeres. Cada parte do corpo é. Essa é a magia" (1). | :"A poética é todo e qualquer fazer que produza o encanto de transformar algo que não é no que este algo virá a ser. Ela não ouve, ela não vê, ela não sente, ela dá-se. Dá-se como tempo e espaço em que estes são suspensos respectivamente, como cronologia e extensão, e afirmados como tempo e espaço vividos. Ela se dá como medida concreta. Como medida concreta de tempo e espaço, isto é, ser. Quando ela se dá instaura simultaneamente tempo e espaço e, ao mesmo tempo requisita um fazer para tudo que ela não é. Ela instaura os corpos como fazeres. Cada parte do corpo é. Essa é a magia" (1). | ||
Linha 43: | Linha 44: | ||
- | == | + | == 6 == |
:"A poética não é um fazer que traga consigo a precipitação e a estupidez imperantes a partir de simulacros que não são mais que uma meras desculpas para a idiotice dominante e fácil. Mera desculpa para uma conivência com as percepções preguiçosas e adormecidas. Não é esse o encontro que a poética pretende produzir. O que seria esse encontro então? | :"A poética não é um fazer que traga consigo a precipitação e a estupidez imperantes a partir de simulacros que não são mais que uma meras desculpas para a idiotice dominante e fácil. Mera desculpa para uma conivência com as percepções preguiçosas e adormecidas. Não é esse o encontro que a poética pretende produzir. O que seria esse encontro então? | ||
-Um fazer! Apenas um fazer em que o ser se faz simplesmente ser..." (1). | -Um fazer! Apenas um fazer em que o ser se faz simplesmente ser..." (1). | ||
Linha 53: | Linha 54: | ||
- | == | + | == 7 == |
:"Pensar então a arte enquanto Poética é pensar o "entre". Isto muda radicalmente o modo como se conceitua tradicionalmente a arte, dentro das mais diferentes teorias e correntes críticas. Deixar a arte ser arte é deixar o "entre" vigorar. Por isso as artes, todas as artes, são radicalmente interdisciplinares, mas onde as disciplinas são pensadas no horizonte do "entre" " (1). | :"Pensar então a arte enquanto Poética é pensar o "entre". Isto muda radicalmente o modo como se conceitua tradicionalmente a arte, dentro das mais diferentes teorias e correntes críticas. Deixar a arte ser arte é deixar o "entre" vigorar. Por isso as artes, todas as artes, são radicalmente interdisciplinares, mas onde as disciplinas são pensadas no horizonte do "entre" " (1). | ||
Linha 59: | Linha 60: | ||
:(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o "entre" ". In: Revista ''Tempo Brasileiro'', Rio de Janeiro, 164: 7/36, jan.-mar., 2006, p. 10. | :(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o "entre" ". In: Revista ''Tempo Brasileiro'', Rio de Janeiro, 164: 7/36, jan.-mar., 2006, p. 10. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | == 8 == | ||
+ | :"A poética é o fazer que per-forma e con-solida a [[unidade]]. A poética é a dimensão, isto é, a medida pelo desconhecido, que abre sulcos, e cria a possibilidade da harmonização entre concretos. A poética torna possível a vigência do [[simples]] e do complexo. Do sim-ples, isto é, do operar sem a dobra, sem a flexão. E do com-plexo, isto é, com a [[dobra]], ou um dobrar com outro ou outros. A harmonia se encontra sempre fazendo a passagem desse sim- a esse com-, e desse com- a esse sim-. E a poética se situa nesse plex, nessa flexão, nessa dobra. O poético é o fazer e desfazer dessa dobra, sem que este desfazer signifique a possibilidade de restituição a uma unidade primordial. A tarefa poética: tornar o complexo simples e o simples complexo. Flexionar ambos é poética, é fazer, é produzir esse flexionamento. O fundamento desse flexionamento é [[memória]]. Na memória, vemos presente a unidade" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | :Referência: | ||
+ | |||
+ | :(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 82. |
Edição de 05h10min de 3 de Abril de 2009
1
- "Pensar a Poética é pensar a essência do destino do homem, da verdade e do real, enquanto conhecer e não-conhecer, ser e não-ser" (1).
- Referência
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Permanência e atualidade da Poética. In: Revista Tempo Brasileiro, 171, out.-dez., 2007, p. 11.
2
- "Poética: real, homem, verdade, destino, eis o âmbito de sua configuração, permanente e sempre atual. Diante da questão, se o que se faz é uma pergunta e se dá uma resposta originária, estas trazem para a experimentação e experienciação concreta a essência originária da questão da Poética" (1).
- Referência
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Permanência e atualidade da Poética. In: Revista Tempo Brasileiro, 171, out.-dez., 2007, p. 9.
3
- "A Poética, enquanto o poético de toda obra poética, isto é, em sua essência originária, já é sempre permanente e atual" (1).
- Referência
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Permanência e atualidade da Poética. In: Revista Tempo Brasileiro, 171, out.-dez., 2007, p. 9.
4
- "A Poética é um universal concreto que diz respeito a todas as culturas, porque diz, essencialmente, respeito ao humano do homem. E sem o humano como pensar o sentido e verdade das culturas?" (1).
- Referência
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Permanência e atualidade da Poética. In: Revista Tempo Brasileiro, 171, out.-dez., 2007, p. 12.
5
- "A poética é todo e qualquer fazer que produza o encanto de transformar algo que não é no que este algo virá a ser. Ela não ouve, ela não vê, ela não sente, ela dá-se. Dá-se como tempo e espaço em que estes são suspensos respectivamente, como cronologia e extensão, e afirmados como tempo e espaço vividos. Ela se dá como medida concreta. Como medida concreta de tempo e espaço, isto é, ser. Quando ela se dá instaura simultaneamente tempo e espaço e, ao mesmo tempo requisita um fazer para tudo que ela não é. Ela instaura os corpos como fazeres. Cada parte do corpo é. Essa é a magia" (1).
- Referência
- (1) JARDIM, Antônio. Apenas um convite. In: Revista Tempo Brasileiro, 171, out.-dez., 2007, p. 5.
6
- "A poética não é um fazer que traga consigo a precipitação e a estupidez imperantes a partir de simulacros que não são mais que uma meras desculpas para a idiotice dominante e fácil. Mera desculpa para uma conivência com as percepções preguiçosas e adormecidas. Não é esse o encontro que a poética pretende produzir. O que seria esse encontro então?
-Um fazer! Apenas um fazer em que o ser se faz simplesmente ser..." (1).
- Referência
- (1) JARDIM, Antônio. Apenas um convite. In: Revista Tempo Brasileiro, 171, out.-dez., 2007, p. 6.
7
- "Pensar então a arte enquanto Poética é pensar o "entre". Isto muda radicalmente o modo como se conceitua tradicionalmente a arte, dentro das mais diferentes teorias e correntes críticas. Deixar a arte ser arte é deixar o "entre" vigorar. Por isso as artes, todas as artes, são radicalmente interdisciplinares, mas onde as disciplinas são pensadas no horizonte do "entre" " (1).
Referência
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o "entre" ". In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 164: 7/36, jan.-mar., 2006, p. 10.
8
- "A poética é o fazer que per-forma e con-solida a unidade. A poética é a dimensão, isto é, a medida pelo desconhecido, que abre sulcos, e cria a possibilidade da harmonização entre concretos. A poética torna possível a vigência do simples e do complexo. Do sim-ples, isto é, do operar sem a dobra, sem a flexão. E do com-plexo, isto é, com a dobra, ou um dobrar com outro ou outros. A harmonia se encontra sempre fazendo a passagem desse sim- a esse com-, e desse com- a esse sim-. E a poética se situa nesse plex, nessa flexão, nessa dobra. O poético é o fazer e desfazer dessa dobra, sem que este desfazer signifique a possibilidade de restituição a uma unidade primordial. A tarefa poética: tornar o complexo simples e o simples complexo. Flexionar ambos é poética, é fazer, é produzir esse flexionamento. O fundamento desse flexionamento é memória. Na memória, vemos presente a unidade" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 82.