Olhar

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: A [[luz]] é a [[energia]] do [[silêncio]] e seu manto é a [[claridade]]. Sem [[luz]] não há claridade nem escuridão. A claridade da [[luz]] é o [[sentido]] e [[verdade]] do [[agir]], o [[vigorar]] do [[silêncio]] da [[luz]]. Portanto, a [[luz]] é o [[princípio]] de tudo, pois dela provêm tanto a [[claridade]] quanto a [[escuridão]]. E o [[silêncio]] é essa [[energia]] de [[plenitude]] e [[origem]] de [[sentido]] e [[verdade]] em que se constitui originariamente a [[luz]]. Como [[origem]] de tudo, a [[luz]] pode mostrar-se como [[desvelamento]] e [[velamento]], como [[claridade]] e [[escuridão]]. É neste e somente neste [[horizonte]] que podemos diferenciar [[olhar]] e [[ver]]. Podemos [[olhar]] tudo e não [[ver]] [[nada]]. Nesta [[diferença]] está a [[essência]] do [[ver]] porque ele remete para a [[essência]] da [[luz]]. E é neste [[sentido]] que para o grego a [[luz]] é o [[princípio]] de [[tudo]]. Portanto, [[ver]] nos diz já originariamente o estar experienciando o [[princípio]] de [[tudo]] em [[tudo]] que se olha. Só assim podemos não apenas [[olhar]], mas, ao mesmo tempo, ''[[ver]]''. Para tal [[dimensão]] remete a citação do conto do Rosa ["Nada e a nossa condição", no livro ''Primeiras estórias'', citado no item 2 do Verbete '''Luz''' deste Dicionário].
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: A [[luz]] é a [[energia]] do [[silêncio]] e seu manto é a [[claridade]]. Sem [[luz]] não há claridade nem escuridão. A claridade da [[luz]] é o [[sentido]] e [[verdade]] do [[agir]], o [[vigorar]] do [[silêncio]] da [[luz]]. Portanto, a [[luz]] é o [[princípio]] de tudo, pois dela provêm tanto a [[claridade]] quanto a [[escuridão]]. E o [[silêncio]] é essa [[energia]] de [[plenitude]] e [[origem]] de [[sentido]] e [[verdade]] em que se constitui originariamente a [[luz]]. Como [[origem]] de tudo, a [[luz]] pode mostrar-se como [[desvelamento]] e [[velamento]], como [[claridade]] e [[escuridão]]. É neste e somente neste [[horizonte]] que podemos diferenciar [[olhar]] e [[ver]]. Podemos [[olhar]] tudo e não [[ver]] [[nada]]. Nesta [[diferença]] está a [[essência]] do [[ver]] porque ele remete para a [[essência]] da [[luz]]. E é neste [[sentido]] que para o grego a [[luz]] é o [[princípio]] de [[tudo]]. Portanto, [[ver]] nos diz já originariamente o estar experienciando o [[princípio]] de [[tudo]] em [[tudo]] que se olha. Só assim podemos não apenas [[olhar]], mas, ao mesmo tempo, ''[[ver]]''. Para tal [[dimensão]] remete a citação do conto do Rosa "Nada e a nossa condição", no livro ''Primeiras estórias'', citado no item 2 do Verbete '''Luz''' deste Dicionário].
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: - [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 07h29min de 3 de Junho de 2018

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A luz é a energia do silêncio e seu manto é a claridade. Sem luz não há claridade nem escuridão. A claridade da luz é o sentido e verdade do agir, o vigorar do silêncio da luz. Portanto, a luz é o princípio de tudo, pois dela provêm tanto a claridade quanto a escuridão. E o silêncio é essa energia de plenitude e origem de sentido e verdade em que se constitui originariamente a luz. Como origem de tudo, a luz pode mostrar-se como desvelamento e velamento, como claridade e escuridão. É neste e somente neste horizonte que podemos diferenciar olhar e ver. Podemos olhar tudo e não ver nada. Nesta diferença está a essência do ver porque ele remete para a essência da luz. E é neste sentido que para o grego a luz é o princípio de tudo. Portanto, ver nos diz já originariamente o estar experienciando o princípio de tudo em tudo que se olha. Só assim podemos não apenas olhar, mas, ao mesmo tempo, ver. Para tal dimensão remete a citação do conto do Rosa "Nada e a nossa condição", no livro Primeiras estórias, citado no item 2 do Verbete Luz deste Dicionário].


- Manuel Antônio de Castro