Não-verdade

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:(1) Cf. HEIDEGGER, Martin. ''A Origem da obra de arte''. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70 / Almedina-Brasil, 2010.
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: (1) Cf. HEIDEGGER, Martin. ''A Origem da obra de arte''. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70 / Almedina-Brasil, 2010.
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: (1) HESSE, Hermann. ''Sidarta''. Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: O Globo, 2003, p. 117.
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Edição de 20h16min de 22 de Agosto de 2019

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A tese central de Heidegger em A origem da obra de arte (1) é a de que arte é verdade e a obra é a verdade operando. Mas então o que Heidegger entende por verdade é a realidade eclodindo, desvelando-se na disputa com o velar-se. Por isso, à verdade corresponderá a não-verdade. Esta não pode ser definida logicamente a partir de um modelo ideal ou de uma ideia geral, mas deve corresponder ao acontecer da realidade. E seu acontecer é sempre na tensão de não-verdade e verdade, inseparáveis. Então verdade enquanto desvelamento é a realidade se dando como presença. E a não-verdade enquanto velamento é a realidade acontecendo como ausência. E presença é sempre corpo denso e inteiro, tendendo à plenitude, à esfericidade. E isso é o ser humano: corpo-presença entre-sendo, na dobra de verdade e não-verdade, presença e ausência.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) Cf. HEIDEGGER, Martin. A Origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70 / Almedina-Brasil, 2010.


Ver também:


2

"Uma percepção me veio, ó Govinda, que talvez se te afigure novamente como uma brincadeira ou uma bobagem. Reza ela: O oposto de cada verdade é igualmente verdade" (1). O oposto da verdade é a não-verdade e não o erro. Toda verdade já vigora originariamente na não-verdade.


- Manuel Antônio de Castro.


Referência:
(1) HESSE, Hermann. Sidarta. Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: O Globo, 2003, p. 117.