Indivíduo
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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:"Por isso, o indivíduo nunca é ele mesmo num restrito insulamento, mas todo indivíduo se constitui numa [[manifestação]] divina por força e função das potências cosmogônicas e cosmofânicas: ''Môirai'' e Musas, Zeus e Memória, Terra e Céu ladeados por ''Kháos'' e ''Éros''." (1) | :"Por isso, o indivíduo nunca é ele mesmo num restrito insulamento, mas todo indivíduo se constitui numa [[manifestação]] divina por força e função das potências cosmogônicas e cosmofânicas: ''Môirai'' e Musas, Zeus e Memória, Terra e Céu ladeados por ''Kháos'' e ''Éros''." (1) | ||
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:A afirmação da [[diferença]] aponta para o pensamento moderno do indivíduo enquanto [[limite]]. E é preciso radicalizar este pensamento pensando-o muito mais como [[singularidade]]. Esta vem da excessividade poética da ''[[phýsis]]'' enquanto nada excessivo. Os limites da obra de arte se defrontam com o originário de onde lhe vem o que propriamente é arte e também igualmente a possibilidade da [[interpretação]] ou desvelo. É nesse horizonte que deve ser pensada a originalidade para onde aponta a [[modernidade]], ou seja, deve-se pensar essa originalidade como diferença. A questão da singularidade e da diferença deve ser pensada '''primeiramente''' do ponto de vista mítico, embora pareça um paradoxo, apenas porque o [[mito]] nunca esquece o ''génos'', já que a ''moíra'' é absolutamente singular; '''segundamente''' do ponto de vista do critianismo-católico, cada pessoa é insubstituível, única e todas igualmente filhas de Deus, aqui se aproximando do mito porque, na realidade, o filho de Deus, cada um, se integra na divindade e não poderia ser de outra maneira. Integra mas não dissolve, pois senão a divindade seria algo abstrato, sem consistência. Mas essa consistência não tem o sentido de [[fundamento]]. Não. É tão presente como o silêncio de cada fala. É o próprio nada excessivo da própria excessividade; '''em terceiro lugar''' na modernidade, com a radicalização da interioridade, subjetividade, a teoria da "Mônada" com Leibniz; '''em quarto''' na arte, tomando como exemplo vivo a dor no poema de Fernando Pessoa: autopsicografia. Ela tanto é do poeta como é do leitor. Ambas absolutamente singulares; '''em quinto''' no conceito genético de auto-poiese. A diferença apresenta assim diversas facetas, procurando conjugar indivíduo e diferença sem anular a identidade. Que identidade é esta? O que sempre se procura realçar é a identidade lingüística, social, religiosa, sistêmica, psicológica, inconsciente, histórica, de conhecimento. É preciso pensar o lugar da diferença/originalidade/individualidade e é na arte que isso é possível tanto em relação à obra quanto em relação ao intérprete. E aí vamos ter que o eu se dá sempre como memória, tempo (história/acontecer), [[linguagem]]. A aproximação se deve dar entre Memória/musas e Linguagem/Hermes. | :A afirmação da [[diferença]] aponta para o pensamento moderno do indivíduo enquanto [[limite]]. E é preciso radicalizar este pensamento pensando-o muito mais como [[singularidade]]. Esta vem da excessividade poética da ''[[phýsis]]'' enquanto nada excessivo. Os limites da obra de arte se defrontam com o originário de onde lhe vem o que propriamente é arte e também igualmente a possibilidade da [[interpretação]] ou desvelo. É nesse horizonte que deve ser pensada a originalidade para onde aponta a [[modernidade]], ou seja, deve-se pensar essa originalidade como diferença. A questão da singularidade e da diferença deve ser pensada '''primeiramente''' do ponto de vista mítico, embora pareça um paradoxo, apenas porque o [[mito]] nunca esquece o ''génos'', já que a ''moíra'' é absolutamente singular; '''segundamente''' do ponto de vista do critianismo-católico, cada pessoa é insubstituível, única e todas igualmente filhas de Deus, aqui se aproximando do mito porque, na realidade, o filho de Deus, cada um, se integra na divindade e não poderia ser de outra maneira. Integra mas não dissolve, pois senão a divindade seria algo abstrato, sem consistência. Mas essa consistência não tem o sentido de [[fundamento]]. Não. É tão presente como o silêncio de cada fala. É o próprio nada excessivo da própria excessividade; '''em terceiro lugar''' na modernidade, com a radicalização da interioridade, subjetividade, a teoria da "Mônada" com Leibniz; '''em quarto''' na arte, tomando como exemplo vivo a dor no poema de Fernando Pessoa: autopsicografia. Ela tanto é do poeta como é do leitor. Ambas absolutamente singulares; '''em quinto''' no conceito genético de auto-poiese. A diferença apresenta assim diversas facetas, procurando conjugar indivíduo e diferença sem anular a identidade. Que identidade é esta? O que sempre se procura realçar é a identidade lingüística, social, religiosa, sistêmica, psicológica, inconsciente, histórica, de conhecimento. É preciso pensar o lugar da diferença/originalidade/individualidade e é na arte que isso é possível tanto em relação à obra quanto em relação ao intérprete. E aí vamos ter que o eu se dá sempre como memória, tempo (história/acontecer), [[linguagem]]. A aproximação se deve dar entre Memória/musas e Linguagem/Hermes. | ||
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Edição de 00h27min de 21 de Abril de 2009
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- "Por isso, o indivíduo nunca é ele mesmo num restrito insulamento, mas todo indivíduo se constitui numa manifestação divina por força e função das potências cosmogônicas e cosmofânicas: Môirai e Musas, Zeus e Memória, Terra e Céu ladeados por Kháos e Éros." (1)
- Referências:
- (1) TORRANO, Jaa. "O mundo como função de musas". In: HESÍODO. Teogonia. Trad. Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras, 1992, p. 82.
- Ver também:
2
- A afirmação da diferença aponta para o pensamento moderno do indivíduo enquanto limite. E é preciso radicalizar este pensamento pensando-o muito mais como singularidade. Esta vem da excessividade poética da phýsis enquanto nada excessivo. Os limites da obra de arte se defrontam com o originário de onde lhe vem o que propriamente é arte e também igualmente a possibilidade da interpretação ou desvelo. É nesse horizonte que deve ser pensada a originalidade para onde aponta a modernidade, ou seja, deve-se pensar essa originalidade como diferença. A questão da singularidade e da diferença deve ser pensada primeiramente do ponto de vista mítico, embora pareça um paradoxo, apenas porque o mito nunca esquece o génos, já que a moíra é absolutamente singular; segundamente do ponto de vista do critianismo-católico, cada pessoa é insubstituível, única e todas igualmente filhas de Deus, aqui se aproximando do mito porque, na realidade, o filho de Deus, cada um, se integra na divindade e não poderia ser de outra maneira. Integra mas não dissolve, pois senão a divindade seria algo abstrato, sem consistência. Mas essa consistência não tem o sentido de fundamento. Não. É tão presente como o silêncio de cada fala. É o próprio nada excessivo da própria excessividade; em terceiro lugar na modernidade, com a radicalização da interioridade, subjetividade, a teoria da "Mônada" com Leibniz; em quarto na arte, tomando como exemplo vivo a dor no poema de Fernando Pessoa: autopsicografia. Ela tanto é do poeta como é do leitor. Ambas absolutamente singulares; em quinto no conceito genético de auto-poiese. A diferença apresenta assim diversas facetas, procurando conjugar indivíduo e diferença sem anular a identidade. Que identidade é esta? O que sempre se procura realçar é a identidade lingüística, social, religiosa, sistêmica, psicológica, inconsciente, histórica, de conhecimento. É preciso pensar o lugar da diferença/originalidade/individualidade e é na arte que isso é possível tanto em relação à obra quanto em relação ao intérprete. E aí vamos ter que o eu se dá sempre como memória, tempo (história/acontecer), linguagem. A aproximação se deve dar entre Memória/musas e Linguagem/Hermes.