Hermenêutica

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:À articulação em que se dá a compreensão da referência de ser e homem, enquanto linguagem como existência, se dá o nome de hermenêutica. Pensar hermenêutica é pensar Hermes ou a linguagem como lugar. Interpretar é sempre o horizonte de articulação de ser e existência enquanto linguagem ético-poética, onde a compreensão enquanto sentido implica o ethos de ser. Por isso, interpretar é [[interpretar-se]] a partir da medida de todas as dimensões e medidas: o ser/nada ou o real ambíguo de toda realidade como realização. Enquanto ethos, o ser advém sempre como logos, daí interpretar no sentido hermenêutico é exercitar uma escuta dialogal. Hermenêutica poético-ontológica é sempre diálogo de escuta do logos.
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Edição de 02h41min de 16 de janeiro de 2009

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Originária

"Por isso se impõe sobretudo questionar o próprio poder da ciência em sua impotência de pensar. É o que nos proporciona uma hermenêutica originária. O verbo hermenéuein significa trazer mensagens. O hermeneus, o mensageiro, pode ser posto em referência com Hermes, o mensageiro dos deuses. Ele traz e transmite a mensagem do destino que trama as vicissitudes da história de homens e deuses. Nem toda interpretação é uma hermenêutica (originária). Somente a que descer até o vigor do mistério que estrutura a história". (1) "O propósito desta hermenêutica não é corrigir ou substituir-se à ciência. Nem mesmo é o diálogo pelo diálogo, mas exclusivamente o que no diálogo se faz linguagem: a identidade que misteriosamente reivindica de modo diferente, a nós modernos e aos gregos antigos, por ter aviado a aurora do pensamento no dia do Ocidente" (2).


Referências:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Os pensadores originários. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 15.
(2) Idem, p. 16.


Ontológica

Ronaldes de Melo e Souza distingue muito bem uma hermenêutica ontológica de uma hermenêutica metodológica ao comentar a hermenêutica filosófica de Gadamer através de algumas oposições esclarecedoras: 1) Verdade x método, 2) Ontologia x metodologia, 3) Hermenêutica x epistemologia. Ele faz aparecer a hermenêutica ontológica na medida em que a vai contrapondo à epistemologia. Outra faceta que vai aparecer é a ligação da hermenêutica ontológica com a ética. Essa dimensão é sutil porque a ética não é algo ao lado da hermenêutica ontológica, mas seu traço mais fundamental. Isso se pode compreender na afirmação de Ronaldes: "compreender é compreender-se". A hermenêutica epistemológica se decide no ato de interpretar. Essa pode se abrir para a ontologia da compreensão ou pode simplesmente ficar numa epistemologia da interpretação.


Referência:
SOUZA, Ronaldes de Melo e. "A ética concriativa de Gadamer". In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 94, jul.-set., 1988, pp. 69-86.


Existência

"À articulação em que se dá a compreensão dessa mútua e inseparável relação de ser e homem pela existência chamamos hermenêutica. Como compreensão da existência, a hermenêutica articula o sentido do ser, considera-o em toda sua ambigüidade e não lhe impõe resistências que não sejam dele mesmo advindas!" (1) "Não há, pois, na hermenêutica qualquer característica de intencionalidade, uma vez que ela não é fruto da consciência subjetiva, mas se encontra numa dimensão de pré-compreensão do próprio Dasein, que nós mesmos somos." (2)
Hermes, ao transcender os domínios do caos e do cosmos reúne-os como linguagem do sentido e do não-sentido. "Hermes é o nome divino para a instalação do domínio do mistério em meio à vida ensolarada do cotidiano". (3)


Referências:
(1) AGUIAR, Werner. Música: poética do sentido. Tese de Doutorado. Faculdade de Letras da UFRJ. Pós-Graduação em Ciência da Literatura. Área de Poética, 2004, p. 117.
(2) Idem, p. 5
(3) Idem, p. 10.

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À articulação em que se dá a compreensão da referência de ser e homem, enquanto linguagem como existência, se dá o nome de hermenêutica. Pensar hermenêutica é pensar Hermes ou a linguagem como lugar. Interpretar é sempre o horizonte de articulação de ser e existência enquanto linguagem ético-poética, onde a compreensão enquanto sentido implica o ethos de ser. Por isso, interpretar é interpretar-se a partir da medida de todas as dimensões e medidas: o ser/nada ou o real ambíguo de toda realidade como realização. Enquanto ethos, o ser advém sempre como logos, daí interpretar no sentido hermenêutico é exercitar uma escuta dialogal. Hermenêutica poético-ontológica é sempre diálogo de escuta do logos.

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