Cultura

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"O homem cuida do crescimento das coisas da [[terra]] e colhe o que ali cresce. Cuidar e colher (''colere'', cultura) é um modo de [[construir]]. O homem constrói não apenas o que se desdobra a partir de si [[mesmo]] num crescimento. Ele também constrói no sentido de ''aedificare'', edificando o que não pode surgir e manter-se mediante um crescimento. Construídas e edificadas são, nesse sentido, não somente as contruções, mas todos os trabalhos feitos com a mão e instaurados pelo homem. No entanto, os méritos dessas múltiplas construções nunca conseguem preencher a essência do [[habitar]]. Ao contrário: elas chegam mesmo a vedar para o habitar a sua essência, tão logo sejam perseguidas e conquistadas somente com vistas a elas mesmas" (1).
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:"O homem cuida do crescimento das coisas da [[terra]] e colhe o que ali cresce. Cuidar e colher (''colere'', cultura) é um modo de [[construir]]. O homem constrói não apenas o que se desdobra a partir de si [[mesmo]] num crescimento. Ele também constrói no sentido de ''aedificare'', edificando o que não pode surgir e manter-se mediante um crescimento. Construídas e edificadas são, nesse sentido, não somente as construções, mas todos os trabalhos feitos com a mão e instaurados pelo homem. No entanto, os méritos dessas múltiplas construções nunca conseguem preencher a essência do [[habitar]]. Ao contrário: elas chegam mesmo a vedar para o habitar a sua essência, tão logo sejam perseguidas e conquistadas somente com vistas a elas mesmas" (1).
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:*[[Estudos culturais]]
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Edição de 09h12min de 13 de Novembro de 2009

1

"Pois que é a cultura? Eu sempre acreditei que era o ciclo que o Indivíduo percorria para chegar ao conhecimento de si próprio; e aquele que recusa segui-lo obtém um muito magro proveito de ter nascido na mais preclara das épocas" (1).


Referência:
(1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 62.


2

"Ora, cultura é o ser do homem se manifestando em seu sentido" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético - a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982, p. 35.


3

"O homem cuida do crescimento das coisas da terra e colhe o que ali cresce. Cuidar e colher (colere, cultura) é um modo de construir. O homem constrói não apenas o que se desdobra a partir de si mesmo num crescimento. Ele também constrói no sentido de aedificare, edificando o que não pode surgir e manter-se mediante um crescimento. Construídas e edificadas são, nesse sentido, não somente as construções, mas todos os trabalhos feitos com a mão e instaurados pelo homem. No entanto, os méritos dessas múltiplas construções nunca conseguem preencher a essência do habitar. Ao contrário: elas chegam mesmo a vedar para o habitar a sua essência, tão logo sejam perseguidas e conquistadas somente com vistas a elas mesmas" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, pp. 168-9.


Ver Também:

4

"Mas o que permanece os poetas o fundam", Hölderlin (1).
Por que a essência da poesia não pode ser apreendida em relação à cultura? Aí há dois caminhos. Pelo primeiro se fundamenta a cultura na essência da linguagem. Nessa dimensão as culturas são manifestações da linguagem e, portanto, todas provêm de um mesmo genos, ou seja, da tensão phýsis/lógos. Pelo segundo se considera a cultura na sua diferença, como uma construção como língua, a partir da linguagem. Neste caso, não se pode apreender a essência da poesia a partir da língua, mas sempre a partir da linguagem.. Então a essência da poesia não se fundamenta na cultura. Pelo contrário, pois são as culturas que surgem a partir da essência da poesia. Sendo assim, não podemos apreendê-la partindo de uma ou outra cultura, embora sempre de imediato tenhamos uma língua como o rito da linguagem. Pois é a linguagem como mito que dá origem (memória) aos ritos, ou seja, às línguas e, portanto, às culturas.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) Citado por Martin Heidegger. In: ----. Hölderlin und das Wesen der Dichtung. In: Erläuterungen zu Hölderlin Dichtung. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1971, p. 33.
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