Crítica
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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:(1) FREITAG, Barbara. ''Teoria crítica: ontem e hoje''. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 111. | :(1) FREITAG, Barbara. ''Teoria crítica: ontem e hoje''. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 111. | ||
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+ | :"A [[Modernidade]], fundada na crítica, segrega de um modo natural a crítica de si própria. A [[poesia]] tem sido uma das manifestações mais enérgicas e vivazes dessa crítica. Mas sua crítica não tem sido racional nem filosófica e, sim, passional, e em nome de [[realidades]] ignoradas ou negadas pela Idade Moderna. A poesia tem resistido à Modernidade e, ao negá-la, a tem revigorado. Tem sido sua réplica e seu antídoto" (1). | ||
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+ | :(1). PAZ, Octavio. ''A outra voz''. Trad. Wladir Dupont. São Paulo: Siciliano, 2001, p. 144. |
Edição de 17h57min de 21 de janeiro de 2012
1
- Quando numa leitura de um poema, de uma obra poética, há um desdobramento de sentido e fala do dizer da poesia, está acontecendo o discernimento crítico-poético (o verbo cerno, de onde se forma dis-cerno, discernir, tem a mesma raiz do verbo grego krínein, de onde vem criticar). Quando Heidegger (1) diz que a obra em seu operar espera pelo desvelo nas leituras dos leitores, epocalmente acontecendo, ele está dizendo que a crítico-poética é o operar desvelante nos desvelos dos leitores. Num tal criticar, não basta conhecer emitindo juízos, é também necessário ser o que se conhece. Ser o que se conhece é agir eticamente, que é ação que toma como medida o ser. Por isso, no juízo do poético-criticar o dizer deve se mover e ser movido pela essência do agir-poético. Isto é, o ético.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. A Origem da Obra de Arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. Lisboa: Edições 70, 2008.
- Ver também:
2
- "Etimologicamente, crítica provém do verbo grego krinein, cujo primeiro sentido é 'separar para distinguir' o que há de característico e constitutivo. Essa separação distinta se exerce, remontando à ordem dos fundamentos constituintes e por isso elevando-se a uma ordem superior, à originária" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 164.
- Ver também:
3
- Desde os livros de Kant sobre a razão crítica, o termo é essencial no processo da Modernidade. Como se coloca o problema hoje? "Na massa, os indivíduos perdem sua competência crítica e reflexiva, prestando-se, por isso mesmo, facilmente a manobras perigosas de políticos inescrupulosos" (1). O que faltaria a essa massa seria a consciência crítica, que a politização ideológica conseguiria pelo doutrinamento numa teoria política que estabelecesse a verdadeira realidade, aquela surgida do exercício filosófico crítico. Porém, pode haver consciência crítica sem crítica da consciência? Mais: sem o conhecimento da essência da própria crítica? A questão essencial em relação à crítica nunca é colocada. Quando se critica o dogmatismo existente, seja ingênuo, seja inconsciente, a partir de que modelo ou medida se exerce a crítica? E o que se pro-põe não será um novo dogmatismo? O que o torna mais verdadeiro? Que ideal de homem ou sociedade se coloca e propõe? E sendo ideal não se pode tornar mais dogmático ainda porque travestido de tinturas críticas? E a teoria crítica é crítica da teoria crítica? Não é pior o dogmatismo que propõe nascendo da crítica um ideal, seja lá do que for? Pois aí qualquer ideal não anula o vigor da crítica? Dentro de um agir poético (tautologia)há, de imediato,dua saídas:
- a) A ironia poética. Ironia vem do grego e quer dizer: questionar;
- b) A superação das teorias e conceitos pelo vigor permanente da imagem-poética e do pôr-em-questão. Nestas acontece a essência do criticar dentro da dupla tensão: mudança e permanência; verdade e não-verdade.
- Referência:
- (1) FREITAG, Barbara. Teoria crítica: ontem e hoje. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 111.
4
- "A Modernidade, fundada na crítica, segrega de um modo natural a crítica de si própria. A poesia tem sido uma das manifestações mais enérgicas e vivazes dessa crítica. Mas sua crítica não tem sido racional nem filosófica e, sim, passional, e em nome de realidades ignoradas ou negadas pela Idade Moderna. A poesia tem resistido à Modernidade e, ao negá-la, a tem revigorado. Tem sido sua réplica e seu antídoto" (1).
- Referência:
- (1). PAZ, Octavio. A outra voz. Trad. Wladir Dupont. São Paulo: Siciliano, 2001, p. 144.