Crítica

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:(1) HEIDEGGER, Martin. ''A Origem da Obra de Arte''. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. Lisboa: Edições 70, 2008.
:(1) HEIDEGGER, Martin. ''A Origem da Obra de Arte''. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. Lisboa: Edições 70, 2008.
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:*'''Ver também''':
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: - Criticar
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Edição de 17h48min de 18 de Abril de 2010

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Quando numa leitura de um poema, de uma obra poética, há um desdobramento de sentido e fala do dizer da poesia, está acontecendo o discernimento crítico-poético (o verbo cerno, de onde se forma dis-cerno, discernir, tem a mesma raiz do verbo grego krínein, de onde vem criticar). Quando Heidegger (1) diz que a obra em seu operar espera pelo desvelo nas leituras dos leitores, epocalmente acontecendo, ele está dizendo que a crítico-poética é o operar desvelante nos desvelos dos leitores. Num tal criticar, não basta conhecer emitindo juízos, é também necessário ser o que se conhece. Ser o que se conhece é agir eticamente, que é ação que toma como medida o ser. Por isso, no juízo do poético-criticar o dizer deve se mover e ser movido pela essência do agir-poético. Isto é, o ético.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A Origem da Obra de Arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. Lisboa: Edições 70, 2008.


  • Ver também:
- Criticar

2

"Etimologicamente, crítica provém do verbo grego krinein, cujo primeiro sentido é 'separar para distinguir' o que há de característico e constitutivo. Essa separação distinta se exerce, remontando à ordem dos fundamentos constituintes e por isso elevando-se a uma ordem superior, à originária" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 164.


Ver também:


3

Desde os livros de Kant sobre a razão crítica, o termo é essencial no processo da Modernidade. Como se coloca o problema hoje? "Na massa, os indivíduos perdem sua competência crítica e reflexiva, prestando-se, por isso mesmo, facilmente a manobras perigosas de políticos inescrupulosos" (1). O que faltaria a essa massa seria a consciência crítica, que a politização ideológica conseguiria pelo doutrinamento numa teoria política que estabelecesse a verdadeira realidade, aquela surgida do exercício filosófico crítico. Porém, pode haver consciência crítica sem crítica da consciência? Mais: sem o conhecimento da essência da própria crítica? A questão essencial em relação à crítica nunca é colocada. Quando se critica o dogmatismo existente, seja ingênuo, seja inconsciente, a partir de que modelo ou medida se exerce a crítica? E o que se pro-põe não será um novo dogmatismo? O que o torna mais verdadeiro? Que ideal de homem ou sociedade se coloca e propõe? E sendo ideal não se pode tornar mais dogmático ainda porque travestido de tinturas críticas? E a teoria crítica é crítica da teoria crítica? Não é pior o dogmatismo que propõe nascendo da crítica um ideal, seja lá do que for? Pois aí qualquer ideal não anula o vigor da crítica? Dentro de um agir poético (tautologia)há, de imediato,dua saídas:
a) A ironia poética. Ironia vem do grego e quer dizer: questionar;
b) A superação das teorias e conceitos pelo vigor permanente da imagem-poética e do pôr-em-questão. Nestas acontece a essência do criticar dentro da dupla tensão: mudança e permanência; verdade e não-verdade.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) FREITAG, Barbara. Teoria crítica: ontem e hoje. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 111.