Concreto

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 13h09min de 13 de Setembro de 2009 por Patricia Marouvo (Discussão | contribs)

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Em geral, para explicar concreto, é necessário ver com clareza a formação da palavra. Cum-cretum, do verbo latino cum-crescere, o con-crescer. Mas só em parte fica explicado, pois não fica claro a questão que se coloca. Trata-se do universal concreto em oposição ao universal abstrato. O que aí se faz presente é a essência da ação, implicando o aspecto cognitivo, a vontade e o sentimento, e também um ponto de partida que está para além do próprio homem, mas não partindo imediatamente de um princípio transcendente. No fundo, o concreto é a duplicidade inerente ao ser humano como Entre-ser. Está em jogo a questão da finitude e da não-finitude. Mais detalhes ver o ensaio (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antonio de. "A questão hermenêutica". In: Tempos de metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 29.


Ver também:


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Mas o que é isto – o concreto? Ele não se opõe ao abstrato. É mais. É sempre a vigência do vigente, isto é, a vigência da essência originária. É um cum-crescere (um con-crescer) da dobra enquanto desdobramento da unidade. No con-creto a phýsis é o permanente desdobrar-se enquanto mudar, que sempre tende para, deseja e ama o repouso, isto é, o velar-se. Con-crescer é o crescer que se retrai permanentemente no silêncio originário do repouso, da não-ação como plenitude de movimento.


- Manuel Antônio de Castro


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"[...] concreto não é apenas o que tem massa, mas o que desencadeia realidade. Muitas vezes o que tem massa não é o mais concreto, nem sequer é o material. A nosso juízo, o que na música é música é o que há de mais concreto, seja para a música ou não" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 156.


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"Em toda e qualquer vigência do estabelecimento do concreto, o uno está obrigatoriamente presente. É certamente a sua presença que impõe a vigência do concreto e consequentemente a possibilidade de desencadear realidade. A verdade do concreto é a presença do uno. O concreto vige com o uno ou se desfaz nos processos de medição analógica, na identidade analítica, ou no âmbito da representação ideal" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 82.


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"O uno enquanto uno é mais do que o componente de uma representação ideal, é a própria condição de possibilidade tanto da instauração da representação ideal como simulacro verossímil do real, quanto da possibilidade dessa representação ideal ser considerada como capaz de desencadear realidade. Alcançar o concreto é deixar vigorar o uno sem desfazê-lo enquanto mero termo integrante da verossimilhança instaurada pela representação ideal, como correspondência entre a proferição e o proferido, simulando uma vigência de dinâmica da verdade" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p.85.


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"Concreto é uma palavra que tem origem no latim cum-crescere > con-crescere que quer dizer crescer junto, crescer com. Desse modo, concreto não é só o que tem massa, o que é seguro e firme. Antes pelo contrário, na medida em que é crescer, impõe movimento, dinâmica e consequentemente risco. Concreto é, assim, tudo aquilo que é capaz de desencadear realidade. E é nesse desencadear realidade que o concreto se vê melhor e mais propriamente realizado. Desencadear realidade é também, a seu modo, um modo de realização do pensar. À sua maneira, é isso que privilegiadamente realiza o pensar" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 163.
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