Concreto

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"[...] o concreto nunca poderá ser fixo, parado, firme, seguro. Disso já nos adverte a própria [[palavra]]. Con-creto vem de ''cum-crescere'' > ''con-crescere''. Con-crescere quer dizer: crescer junto, crescer com. Con-creto é, assim, o nome [[próprio]] da realidade. Evoca-lhe a realização contínua, diz que a realidade é sempre [[verbo]]" (1).
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: "[...] o concreto nunca poderá ser fixo, parado, firme, seguro. Disso já nos adverte a própria [[palavra]]. Con-creto vem de ''cum-crescere'' > ''con-crescere''. Con-crescere quer dizer: crescer junto, crescer com. Con-creto é, assim, o nome [[próprio]] da realidade. Evoca-lhe a realização contínua, diz que a realidade é sempre [[verbo]]" (1).
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Heidegger e a Modernidade: a correlação de sujeito e objeto". ''Aprendendo a pensar II''. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 173.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Heidegger e a Modernidade: a correlação de sujeito e objeto". ''Aprendendo a pensar II''. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 173.
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: "O que faz com que uma [[obra]] seja literária é sua [[literariedade]] e não simplesmente o adjetivo justaposto. A [[literariedade]] é sempre [[universal]]. Não há, porém, uma intransitividade entre o [[literário]] ([[identidade]]) e o adjetivo (a [[diferença]]), pois a [[identidade]] é na [[diferença]] e a [[diferença]] é na [[identidade]]. Ou seja, toda obra realmente literária pressupõe-se concreta, no sentido de que concresça, nasça o idêntico e o diferente, o [[universal]] e o  [[singular]] (que é o oposto do [[geral]] e do [[individual]]). Toda [[obra]] é literária e de uma determinada [[literatura]], e será tanto mais [[universal]] quanto mais for [[singular]]. O exemplo maior é a [[literatura]] grega: radicalmente grega e [[universal]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. ''O acontecer poético - a história literária''. Rio de Janeiro: Edições Antares, 2. e., 1982, p. 130.

Edição de 01h46min de 27 de Julho de 2018

1

Em geral, para explicar concreto, é necessário ver com clareza a formação da palavra. Cum-cretum, do verbo latino cum-crescere, o con-crescer. Mas só em parte fica explicado, pois não fica claro a questão que se coloca. Trata-se do universal concreto em oposição ao universal abstrato. O que aí se faz presente é a essência da ação, implicando o aspecto cognitivo, a vontade e o sentimento, e também um ponto de partida que está para além do próprio homem, mas não partindo imediatamente de um princípio transcendente. No fundo, o concreto é a duplicidade inerente ao ser humano como Entre-ser. Está em jogo a questão da finitude e da não-finitude. Mais detalhes ver o ensaio (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antonio de. "A questão hermenêutica". In: Tempos de metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 29.


Ver também:


2

Mas o que é isto – o concreto? Ele não se opõe ao abstrato. É mais. É sempre a vigência do vigente, isto é, a vigência da essência originária. É um cum-crescere (um con-crescer) da dobra enquanto desdobramento da unidade. No con-creto a phýsis é o permanente desdobrar-se enquanto mudar, que sempre tende para, deseja e ama o repouso, isto é, o velar-se. Con-crescer é o crescer que se retrai permanentemente no silêncio originário do repouso, da não-ação como plenitude de movimento.


- Manuel Antônio de Castro


3

"[...] concreto não é apenas o que tem massa, mas o que desencadeia realidade. Muitas vezes o que tem massa não é o mais concreto, nem sequer é o material. A nosso juízo, o que na música é música é o que há de mais concreto, seja para a música ou não" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 156.


4

"Em toda e qualquer vigência do estabelecimento do concreto, o uno está obrigatoriamente presente. É certamente a sua presença que impõe a vigência do concreto e consequentemente a possibilidade de desencadear realidade. A verdade do concreto é a presença do uno. O concreto vige com o uno ou se desfaz nos processos de medição analógica, na identidade analítica, ou no âmbito da representação ideal" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 82.


5

"O uno enquanto uno é mais do que o componente de uma representação ideal, é a própria condição de possibilidade tanto da instauração da representação ideal como simulacro verossímil do real, quanto da possibilidade dessa representação ideal ser considerada como capaz de desencadear realidade. Alcançar o concreto é deixar vigorar o uno sem desfazê-lo enquanto mero termo integrante da verossimilhança instaurada pela representação ideal, como correspondência entre a proferição e o proferido, simulando uma vigência de dinâmica da verdade" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p.85.


6

"Concreto é uma palavra que tem origem no latim cum-crescere > con-crescere que quer dizer crescer junto, crescer com. Desse modo, concreto não é só o que tem massa, o que é seguro e firme. Antes pelo contrário, na medida em que é crescer, impõe movimento, dinâmica e consequentemente risco. Concreto é, assim, tudo aquilo que é capaz de desencadear realidade. E é nesse desencadear realidade que o concreto se vê melhor e mais propriamente realizado. Desencadear realidade é também, a seu modo, um modo de realização do pensar. À sua maneira, é isso que privilegiadamente realiza o pensar" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 163.


7

"[...] o concreto nunca poderá ser fixo, parado, firme, seguro. Disso já nos adverte a própria palavra. Con-creto vem de cum-crescere > con-crescere. Con-crescere quer dizer: crescer junto, crescer com. Con-creto é, assim, o nome próprio da realidade. Evoca-lhe a realização contínua, diz que a realidade é sempre verbo" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Heidegger e a Modernidade: a correlação de sujeito e objeto". Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 173.


8

"O que faz com que uma obra seja literária é sua literariedade e não simplesmente o adjetivo justaposto. A literariedade é sempre universal. Não há, porém, uma intransitividade entre o literário (identidade) e o adjetivo (a diferença), pois a identidade é na diferença e a diferença é na identidade. Ou seja, toda obra realmente literária pressupõe-se concreta, no sentido de que concresça, nasça o idêntico e o diferente, o universal e o singular (que é o oposto do geral e do individual). Toda obra é literária e de uma determinada literatura, e será tanto mais universal quanto mais for singular. O exemplo maior é a literatura grega: radicalmente grega e universal" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético - a história literária. Rio de Janeiro: Edições Antares, 2. e., 1982, p. 130.