Duplo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 21h35min de 4 de Dezembro de 2014 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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Só pode haver duplo onde se reduz o acontecer do ser à substantivação causal. No não-causal e verbal o ser nos advém como dobra. A dobra se dá no vigorar do eu e do tu enquanto desdobrarmento e doação do ser, desdobramento de pensar e ser (ver sentença III de Parmênides). No vigorar da dobra é que acontece a aletheia, a verdade. Por isso ela será sempre um entre, um diálogo de ser e pensar, no exercício concreto do krinein, do criticar originário. Krinein diz então o vigorar do sentido do ser no dar-se e destinar-se enquanto verdade. Nesse sentido poético, a crítica não é um exercício epistemológico-racional, mas ontológico. No conhecer epistemológico-racional não acontece ser porque só temos a sua representação causal e substantiva, isto é, dual. O modelo pressupõe o dual, ao passo que a dobra se funda na matriz.


- Manuel Antônio de Castro


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"O duplo não representa absolutamente nada de material, mas está situado no reino do desejo, naquilo que não sou, mas busco ser, porque sempre fui. É um estar e ser, algo que se mostra e se oculta. Por fim, é uma representação que se faz através do apagamento, do simulacro" (1)


(1) MONTEIRO, Maria Conceição. Figurações das paixões nas literaturas de língua inglesa. Rio de Janeiro: Eduerj, 2013, p. 144.
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