Coisa
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 05h07min de 9 de Maio de 2009 por Andre Borges (Discussão | contribs)
1
- "Sobretudo aprendera agora a se aproximar das coisas sem ligá-las à sua função. Parecia agora poder ver como seriam as coisas e as pessoas antes que lhes tivéssemos dado o sentido de nossa esperança humana ou de nossa dor. Se não houvesse humanos na Terra, seria assim: chovia, as coisas se ensopavam sozinhas e secavam e depois ardiam secas ao sol e se crestavam em poeira. Sem dar ao mundo o nosso sentido, como Lóri se assustava!" (1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4ª. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 32.
2
- A respeito, conferir itens abaixo.
- Referências:
- BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000, pp. 403-405 e p. 407.
- HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Petrópolis: Vozes, 1988, p. 206, § 32.
3
- Para: sentido restrito - sentido lato - sentido ainda mais lato - coisa-em-si - coisa-para-nós (fenômeno): Consultar(1).
- Sobre a relação entre coisa e disciplina, consultar(2).
- Referências:
- (1)HEIDEGGER, Martin. Que é uma coisa?. Lisboa: Edições 70, 1992, p.17.
- (2)______. Heráclito. Rio de Janeiro: Relumme Dumará, 1998, p. 244.
4
- Um dos transcendentais de ente é ser uno. Leibniz pensou-o como principium identitatis indiscernibilium: o princípio de identidade dos indiscerníveis.
- Referência:
- HEIDEGGER, Martin. O que é uma coisa?. Lisboa: Edições 70, 1992, p.32.
5
- "Não se deve esperar encontrar nas línguas arcaicas essa terminologia dos filósofos - real-irreal etc. -, mas encontra-se a coisa" (1).
- Referência:
- (1) ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 18
6
- Esta questão na interpretação do poema de Angelus Silesius: "A rosa é sem porquê". Conferir Emmanuel Carneiro Leão (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, pp.182-183.
7
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Ensaios e Conferências. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 133.
7
- Fritjof Capra, em A teia da vida (São Paulo: Cultrix, 2004) baseado em conceitos, estabelece dois níveis de aproximação da coisa como organismo. Primeiro: padrão organizacional; segundo: estrutura. Com estes dois níveis ele quer dar conta da questão que dá início à trajetória ocidental: o que permanece e o que muda. O que é questão inicial se reduz aos poucos em questão da essência. E esta acaba por ser reduzida ao conceito, em diferentes graus de abstração: padrão organizacional e estrutura (singular). O importante, no caso da vida, é que ele vai centralizar-se nos PROCESSOS. E, nestes, na questão da autopoiese, ou seja, no surgimento da ordem a partir do caos. A introdução deste, no entanto, traz algo que o padrão e a estrutura não dão. Basta pensar no fato de haver a morte em tensão com o caos e com a autopoiese. O que é a morte? É a volta ao caos? Mas então como o caos pode ser a base da autopoiese? E note-se que a questão da coisa aparece então aí claramente, pois há "duas mortes". A morte na ordem do bios e a morte na "ordem" da dzoé. Como? A memória morre? A história passa como história. E a memória? Não é por causa da memória que há história? Então qual a relação entre "morte", vida e memória? É neste horizonte que é necessário pensar a linguagem e com ela a coisa, o mundo (logos) e o sentido. Mas então o saber é da ordem da memória. E esta? Não pode ser reduzida "às formações discursivas". As questões da vida, morte, memória e linguagem não são nem podem ficar dependentes das formações discursivas. Mas o inverso, porque estas são modos de encarar tais questões. Como na ordem dos discursos só há significados, na ordem das questões se dá também a questão do sentido. Sentido não é significado. É mais. E é então que a morte se dá como morte, a vida como vida, a memória como memória, a linguagem como linguagem. A coisa como COISA. É bem verdade que os geneticistas não pensam a coisa, mas a "unidade". Pode haver unidade que não seja? E nem todo ente é unidade. Ente em grego é on, que foi traduzido para o latim como ente e res/coisa. Pensando a coisa no horizonte da unidade dos geneticistas ajuda a tirar o caráter abstrato do ente, da coisa, desde que apareça como questão.