Sagrado
De Dicionário de Poética e Pensamento
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: (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do canto das Sereias". In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155. | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do canto das Sereias". In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155. | ||
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+ | : "Porque na [[narrativa]] da Escritura, três dentre eles dependem de um ''Primus'' que é sua origem e também, ao mesmo tempo, seu centro. No lugar de estar em primeiro lugar ou de ser a primazia o [[divino]], Heidegger nomeia, portanto, a [[quaternidade]] ou uma ''Uno-quaternidade do qual o centro não é nenhum dos quatro... Mas qual é então o [[nome]] de um tal centro? Heidegger o nomeia: ''das Heilige'', que podemos provisoriamente traduzir por ''o [[sagrado]]''" (1). O autor está se referindo à [[quaternidade]] composta por: Mortais ([[homens]]) e Imortais ([[deuses]]), Céu e Terra. | ||
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+ | : (1) BEAUFRET, Jean. "Heidegger e a teologia". In: ''Heidegger e a questão de Deus''. KEARNEY, Richard e O'LEAREY, Joseph Stephen (org). Paris: Bernard Grasset, 1980, p. 28. |
Edição de 01h58min de 24 de Julho de 2017
1
- O sagrado é o mistério que constitui e possibilita a manifestação da realidade. O sagrado é a energia que dá vida iluminando e dando sentido a tudo. Iluminar é fazer vigorar a claridade e a escuridão. O sagrado não é, vigora: tempo, memória, linguagem, sentido, ser. Sagrado é a energia da verdade e do sentido.
- Ver também
- * Deus
2
- "O que é o sagrado para Hölderlin? É a palavra com que ele nomeia a natureza. Esta, contudo, não deve ser tomada como a natura dos romanos, nem como natureza no sentido moderno, pois em ambos os casos é apreendida como conjunto dos fenômenos ou coisas pertencentes a um determinado setor do real, ou seja, o mundo natural. Natureza para o poeta possui, antes, a ressonância da palavra-guia dos primeiros pensadores gregos – phýsis –, como o aberto, por onde as coisas brotam e desabrocham, mas também como o obscuro, por onde elas se escondem e repousam" (1).
- Referência:
- (1) MICHELAZZO, José Carlos. Do um como princÃpio ao dois como unidade. São Paulo: Annablume, 1999, p. 144.
- Ver também:
3
- "Quando os Ãndios norte-americanos e certas tribos de esquimós mandam mensagens convidando os outros para um festival religioso, os mensageiros carregam bastões com penas e estas conferem ao portador a qualidade sacrossanta" (1).
- Referência:
- (1) FRANZ, Marie Louise von. A interpretação dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Achiamé, 1981, p. 78 (Cf. Idem, p. 88, quando fala dos motivos religiosos dos tapetes).
4
- "Em que consiste o sagrado? Este, se formos à etimologia, mostrará uma outra realidade diferente daquela apreendida pelo religioso. O sintoma maior desta outra realidade está na não separação, no âmbito do sagrado, entre mal e bem. O sagrado diz do lugar de abertura da realidade, onde tal separação e divisão não existe. O criminoso, por exemplo, que entrasse num templo, passava a fazer parte de um lugar onde não mais poderia ser perseguido nem punido. O âmbito do sagrado não comporta as dicotomias metafÃsicas" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Metamorfose da narrativa". In: -----. Tempos de metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 71.
5
- "O canto sagrado não é outra coisa que a própria divindade se manifestando na música das palavras" (1).
- Referência:
- (1) BRAGA, Diego. "A terceira margem do mito: hermenêutica da corporeidade". In: Revista Terceira margem. Revista do Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura da UFRJ. Ano XIV, 22, jan.-jun, 2010, p. 57.
6
- "Todos sabem que do mar se originou a vida porque é no mar que o sagrado faz vigorar a sua presença constante. A água não nos liberta de nossos limites porque representa algo externo a ela, que ela simboliza. Não. A água não simboliza. Ela liberta, purificando porque é água do mar, é energia irradiante. Purificar diz iluminar. O sagrado é a energia que dá vida iluminando. Iluminar é fazer vigorar o claro e escuro. O sagrado não é, vigora: tempo, memória, mar, linguagem, sentido, ser " (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d'água e o mar". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 252.
7
- "Deuses não são entidades, mas as diferentes modalidades manifestativas do vigorar do sagrado. Deuses são forças misteriosas que constituem a realidade e o ser humano em sua realidade. Por isso, todas as culturas sempre tiveram deuses"(1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, 222.
8
- No poético, as lÃnguas são o rito da Linguagem. O mito narrado não é o mito, mas o rito e a lÃngua da Linguagem. Por isso o poético, toda arte, tem origem mÃtica. E tanto o mito como a arte radicam no sagrado. Martin Heidegger afirma: "O pensador diz o ser, o poeta nomeia o sagrado" (1) (2).
- (1) HEIDEGGER, Martin. "Que é metafÃsica? - Posfácio (1943)". In: Heidegger - Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 51.
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do canto das Sereias". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155.
9
- "Porque na narrativa da Escritura, três dentre eles dependem de um Primus que é sua origem e também, ao mesmo tempo, seu centro. No lugar de estar em primeiro lugar ou de ser a primazia o divino, Heidegger nomeia, portanto, a quaternidade ou uma Uno-quaternidade do qual o centro não é nenhum dos quatro... Mas qual é então o nome de um tal centro? Heidegger o nomeia: das Heilige, que podemos provisoriamente traduzir por o sagrado" (1). O autor está se referindo à quaternidade composta por: Mortais (homens) e Imortais (deuses), Céu e Terra.
- Referência:
- (1) BEAUFRET, Jean. "Heidegger e a teologia". In: Heidegger e a questão de Deus. KEARNEY, Richard e O'LEAREY, Joseph Stephen (org). Paris: Bernard Grasset, 1980, p. 28.