Aprendizagem
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→1) |
(→2) |
||
Linha 18: | Linha 18: | ||
- | : - [[Manuel Antônio de Castro]] | + | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. |
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | == 3 == | ||
+ | :"Assim como [[noite]] e [[dia]] acolhem-se em uma entrega apaixonada e plena de [[serenidade]] devemos ser também serenos em relação ao pensamento. Só se pensa pensando-se. Todo pensar é recolhimento no serenar. Por isso, pensar não é razão de ser. É, antes, desde sempre, movimento de e para o próprio pensamento. Pensar consuma-se em prece, [[meditação]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) FILIPPOVNA, Veronica. O pensamento poético de Eduardo Portella. In: ''Revista Tempo Brasileiro'', Rio de Janeiro, 191: 130, out-dez., 2012. |
Edição de 01h14min de 15 de Outubro de 2012
1
- O aprendizado, em sua forma de substantivo, formado do particípio verbal passado, já diz o resultado ou processo de algo feito, em que predomina o aspecto passivo até certo ponto. Ele indica uma certa receptividade. O aprendizado é inerente ao "como" enquanto como configurado numa estrutura, numa formatação e numa doutrinação. Daí a correlação entre docere e discere, entre docente e discente. Isso é expresso em grego pelo verbo mantháno. Dá-se aí o "como" enquanto padrão comportamental. Ocorre que o que modula a inter-relação e interação da unidade/ente e meio é a plasticidade não de dependência, mas de uma adequação convivencial onde predomina sempre a unidade, e é neste predomínio que consiste a plasticidade autopoética da unidade/ente. A esta plasticidade autopoética é que podemos chamar "aprendizagem", mas cuja medida não vem da unidade/ente em-si. Só há aprendizagem quando a plasticidade se torna um corresponder ao apelo do sentido do lógos, do ser. A plasticidade é um figurar e diz respeito ao corpo enquanto mundo e terra. A aprendizagem não é um aprender de fora, mas o apropriar-se do que é próprio. Então, em sentido próprio, só se aprende a partir do que já sabemos e somos. Este é o sentido mais radical de mantháno. O aprendizado da matemática não nos vem pelo ensino de um outro, mas é já uma possibilidade que temos e de que devemos nos apropriar.
- Ver também:
2
- Toda pergunta surge o exercício do questionar. A pergunta pode exercer-se em dois horizontes: o do pensamento e o do conhecimento. Quando se pergunta para conhecer, procura-se uma resposta que aumente o conhecimento e nos traga mais informações sobre o objeto da pergunta. E aí a resposta desfaz a pergunta. Tal pergunta surge quando nos dedicamos ao estudo e nos conduz a um aprendizado. Quando se pergunta para pensar, a resposta, em vez de me trazer um conhecimento, reinstala a questão, que originou a pergunta, em outro nível, como se desse um passo para reintalar não mais saber, mas o não-saber. Esse é o exercício da aprendizagem do aprender a pensar. O aprender a pensar é aquele questionar que nos liberta para o desaprender. Nesse nível todo desaprender é em essência sempre uma renúncia, onde esta não tira, dá, porque liberta para ser sem a prisão de algo que já sabemos e não somos. Ser é ser sem limites e sem estar preso a algo.
3
- "Assim como noite e dia acolhem-se em uma entrega apaixonada e plena de serenidade devemos ser também serenos em relação ao pensamento. Só se pensa pensando-se. Todo pensar é recolhimento no serenar. Por isso, pensar não é razão de ser. É, antes, desde sempre, movimento de e para o próprio pensamento. Pensar consuma-se em prece, meditação" (1).
- Referência:
- (1) FILIPPOVNA, Veronica. O pensamento poético de Eduardo Portella. In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 191: 130, out-dez., 2012.