Fé
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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Edição de 03h06min de 15 de Setembro de 2012
1
- "Embora se possa formular em conceito toda a substância da fé, não resulta daí que se alcance a fé, como se a penetrássemos ou ela se houvesse introduzido dentro de nós" (1).
- Referência:
- (1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 20.
2
- "O que está ao alcance de qualquer homem é o movimento da resignação infinita e, pela minha parte, não hesitaria em acusar de covardia quem quer que se julgasse incapaz de o realizar. Porém, em relação à fé, é uma outra questão. Não é permitido a ninguém fazer acreditar aos outros que a fé tem pouca importância ou é coisa fácil, quando é, pelo contrário, a maior e a mais penosa de todas as coisas" (1).
- Referência:
- (1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 69.
3
- "A fé não acrescenta novas relações, novas respostas, novas coisas às dimensões da existência. A fé desvela nas coisas novas e velhas, nas respostas antigas e modernas, nas relações passadas e presentes a Linguagem do Mistério" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 222.
4
- "Quando um homem se embrenha no caminho, penoso em um sentido, o do herói trágico, muitos devem estar em condições de o aconselhar; mas àquele que segue a estreita senda da fé, ninguém o pode ajudar, ninguém o pode compreender. A fé é um milagre; no entanto ninguém dela está excluído; porque é na paixão que toda a vida humana encontra a sua unidade, e a fé é uma paixão" (1).
- Referência:
- (1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 88.
5
- "Um homem faz uma coisa que não entra no geral: diz-se que não agiu por amor de Deus, querendo exprimir com isso que agiu por amor de si próprio. O paradoxo da fé perdeu a instância intermediária, o geral. Por um lado, a fé é a expressão do supremo egoísmo: realiza o terrificante, realiza-o por amor de si próprio; por outro lado é a expressão do mais absoluto abandono, actua por amor de Deus. Não pode entrar no geral pela mediação; porque, dessa maneira, destruí-lo-ia. A fé é esse paradoxo, e o indivíduo não pode de forma alguma fazer-se compreender por ninguém" (1).
- Referência:
- (1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, pp. 92-3.
6
- Referência:
- (1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 95.
7
- Emmanuel Carneiro Leão mostra que a questão da fé só vai aparecer a partir do período helenístico.
- Referências:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A filosofia grega hoje". In: Caderno de Letras, n° 18. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002, p. 23.
- (2) ______. "Fé e contemplação". In: Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992.
- Ver também:
8
- A fé vai estar ligada à transformação da experiência de pensamenbto enquanto mito e místico, enquanto experiência da religião e da religiosidade, vivenciada, por exemplo, pelas comunidades pitagóricas, em conhecimento, a partir da transformação da experiência de pensamento filosófico em conhecimento filosófico, que vai ocorrer predominantemente no período helenístico. Diz Leão: "Até o período Clássico, o indivíduo não tinha a experiência da fé, como nós entendemos hoje, isto é, fé no sentido das grandes religiões médio-orientais, dos gnósticos, do judaísmo, do maometanismo e do cristianismo, que entenderam por fé o testemunho e a revelação de Deus criador, e disseminaram para toda cultura ocidental o legado da fé, da experiência da fé. Ele tinha experiência de religiosidade, mas não experiência da fé, em que alguém organiza o seu comportamento, as suas relações, a sua vida, consigo, com os outros, com o real e com o mundo, na base de princípios que ele recebeu por crença, que ele admite como dotado de um valor, de uma certeza, provinda do testemunho de alguém fidedigno" (1).
- Ora, estas afirmações vão ter implicações na concepção do mito e do sagrado. Não se pode deduzir o que é mito nem a partir da filosofia, nem da ciência, nem da fé. O mito é uma experiência do sagrado e, por isso, como tal, não se sabe o que é. Heidegger vai trabalhar em duas experiências de pensamento básicas: o pensador, que diz o ser, e o poeta, que nomeia o sagrado. No pensamento poético, eclodem as diferentes experiências de pensamento: o mito, os deuses, o extraordinário, o místico, o religioso no sentido pitagórico, constituindo o sagrado, a que se liga à experiência poética de Hölderlin. A outra experiência de pensamento é a filosófica, constituída pelos pensadores que dizem o Ser. São os pensadores filosóficos que Leão cita no fim do ensaio. No meio, há a filosofia que se torna sistema de conhecimento e valores morais, dando origem às religiões baseadas na fé. Nesse sentido, a arte, o mito, o místico são sagrados, mas não são religiosos, pois não são sistemas nem implicam fé.
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A filosofia grega hoje". In: Caderno de Letras. Faculdade de Letras, Departamento de Letras Anglo-Germânicas, UFRJ, 18, 2002, p. 23.
9
- "A fé começa precisamente onde acaba a razão" (1).
- Referência:
- (1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 71.
10
- "A fé é uma aflição dolorosa. É como amar alguém que está no escuro e não sai quando chama" (1).
- Referência:
- (1) BERGMAN, Ingmar. Fala do cavaleiro no filme O sétimo selo.