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De Dicionrio de Potica e Pensamento
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:(1) GRASSI, Ernesto. ''Arte e mito''. Lisboa: Livros do Brasil, s/d, p. 42. | :(1) GRASSI, Ernesto. ''Arte e mito''. Lisboa: Livros do Brasil, s/d, p. 42. | ||
:(2) Idem, p. 43. | :(2) Idem, p. 43. | ||
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:(1) HEIDEGGER, Martin. ''Ser e tempo''. Parte I. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1988, pp. 230-1 | :(1) HEIDEGGER, Martin. ''Ser e tempo''. Parte I. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1988, pp. 230-1 | ||
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+ | :(1) MERLEAU-PONTY, Maurice. ''O olho e o espírito''. Rio de Janeiro: Grifo, 1969, p. 99. | ||
+ | :(2) Idem, p. 103. | ||
+ | :(3) Idem, p. 104. | ||
+ | :(4) Idem, p. 105. |
Edição de 12h37min de 12 de Abril de 2010
1
- Só aparentemente vemos o que vemos no horizonte como alcance de nossa visão. Boa visão não é aquela que vê tudo que é visível. Boa visão é a que vê o não-visível no visível. Nem vemos o olho que vê embora nele, que não se vê, se realize toda possibilidade de visão. Na realidade, vemos o que se dá a ver daquilo que dando-se a ver se retrai e vela, enquanto não-visível, como possibilidade de todo visível. Só por podermos ver a partir da possibilidade do não-ver é que efetivamente podemos chegar a ver o que vemos. Por que vemos pouco, muito pouco? Porque não é necessário ver muito, só o essencial. E o essencial é o visível do não-visível, mas sem o qual o visível não pode se tornar visível.
2
- "O evidente é aquele que já tem visto a totalidade das coisas que se apresenta na presença: em latim vidit; em alemão er steht in Wissen (ele está a par). Ter visto é a ausência do saber. No ter ter visto já há sempre outra coisa em jogo que a simples realização de um processo ótico. No ter visto a relação com aquilo que se apresenta já retrocedeu para trás de toda a espécie de percepção sensível e não-sensível. A partir daí, o ter visto está relacionado com a presença que se clarifica.
- O ver não se determina a partir do olho, mas a partir da clareira do ser. A in-sistência nela constitui a articulação de todos os sentidos humanos. A essência do ver enquanto ter visto é o saber. Este contém a visão. Ele permanece na lembrança da presença. o saber é a lembrança do ser. É por isso que Mnemosýne é a mãe das musas. Saber não é a ciência no sentido moderno. Saber é salvaguarda pensante da ilegível do ser" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "A sentença de Anaximandro". In: Os pré-socráticos. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 34.
3
- "Aristóteles situa nos primeiros graus do saber a sensibilidade e, no seu âmbito, atribui a primazia à vista porque é o sentido revelador das 'maiores diferenças'.
- "No início da 'Metafísica', Aristóteles distingue as diferentes formas e graus do saber, do eidénai. Eidénai significa originariamente ver, tem a mesma raiz id, presente no latim videre" (2).
- Referência:
- (1) GRASSI, Ernesto. Arte e mito. Lisboa: Livros do Brasil, s/d, p. 35.
4
- "Na vida prática não nos apercebemos de quase nenhuma impressão visual por ela própria, mas sim como qualidades das coisas materiais. E este elemento conceptual e representativo da experiência, o impressionista quer separar do puramente ótico" (1). As páginas 40, 41 e 42 tratam mais longamente disso, inclusive citando Cézanne: "[...] impressões de cor que, no entanto, têm de ser governadas por uma lógica artística. Daí a sua tão clara distinção entre natureza e arte, que se depreende das citações precedentes" (2).
- Referências:
- (1) GRASSI, Ernesto. Arte e mito. Lisboa: Livros do Brasil, s/d, p. 42.
- (2) Idem, p. 43.
5
- "O ver é essencial como ponto de partida da constituição do real para o homem. O que está em questão é: o que é a visão do ponto de vista ontológico?" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Parte I. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1988, pp. 230-1
6
- "Agora talvez se sinta melhor tudo o que esta palavrinha exprime: ver. A visão não é um certo modo do pensamento ou de presença a si, é o meio que me é dado de estar ausente de mim mesmo, de assistir de dentro a fissão do Ser, só no termo do qual eu me fecho sobre mim" (1). À p. 100 cita Rilke e fala do olho, também à pp. 101-2. "Quer isto finalmente dizer que é próprio do visível ter um forro de invisível no sentido estrito, que ele torna presente como uma certa ausência" (2). À pp. 103-4 há uma citação de Klee que é necessário ler pois são longas e essenciais para entender o ver: "A visão é o encontro, como numa encruzilhada, de todos os aspectos do ser" (3). "Esta precedência daquilo que é sobre aquilo que se vê e se faz ver, daquilo que se vê e se faz ver sobre aquilo que é, é a própria visão" (4).
- Referências:
- (1) MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito. Rio de Janeiro: Grifo, 1969, p. 99.
- (2) Idem, p. 103.
- (3) Idem, p. 104.
- (4) Idem, p. 105.