Multiplicidade
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em ''Vidas Secas''". In:-----. ''Travessia Poética''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 77. |
Edição de 20h29min de 3 de Agosto de 2019
1
- "O advogado segurava um prendedor de cabelos entre os dedos. "Olhe isso aqui, tem dois dentes, mas é um alfinete. São dois, mas é um. Se eu o endireitar ele se torna uma entidade única. Se eu entortá-lo, ele se torna dois sem deixar de ser um. Isso significa que esses dois são um. Mas se eu quebrá-lo agora, eles são dois, dois!" (1).
- Referência:
- (1) BERGMAN, Ingmar. Fala do personagem Henrik Vogler, no filme Depois do ensaio.
2
- "A Natureza, para Nietzsche, é uma força irresistível que se manifesta como unidade e multiplicidade, num eterno retorno tensional. Simboliza a unidade pelo instinto dionisíaco, que tem um conhecimento imediato de si. O uno tem necessidade para sua libertação do encanto da visão e da alegria da aparência, pois quanto mais diferente mais uno, daí tender à aparência, ou seja, ao múltiplo, ao finito e individual, sentindo-se cada um alienado e sofrendo. Toma como símbolo da aparência ou da multiplicidade o instinto apolíneo. O uno ao multiplicar-se e, portanto, libertar-se, experimenta um profundo gozo e força, que Nietzsche visualiza no renascer da multiplicidade e aparência, conhece que o gozo da aparência é falaz e retorna ao uno. Nessa perspectiva, o trágico é a representação simbólica da sabedoria dionisíaca, com a ajuda de meios artísticos apolíneos e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao uno. O estado apolíneo, pela aparência, corresponde ao princípio da “medida” no sentido helênico" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em Vidas Secas". In:-----. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 77.