Signo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: O signo é um [[véu]]. O véu é um signo. Mas véu e signo só signam e velam a partir do assinalado e do velado que se doa como signo e véu na [[clareira]]. A partir da clareira, o velar se [[doação|doa]] como véu e signo o que se desvela como [[assinalar]] e ao mesmo tempo assinala o [[velar]] como [[véu]]. O [[signo]] e o [[véu]] não são ''[[homoíosis]]'' de nada. O des-velo e excessividade amorosa do [[nada]] é que se presentifica como [[signo]] e [[véu]]. Nesse sentido, a partir do nada, o signo e o véu são criptofânicos. É o que nos diz Heráclito no frag. 123: "''Phýsis krýptesthai phileî''". A ''[[phýsis]]'' se vela no [[desvelo]]. Nesta criptofania amorosa recebe o véu e o signo não só seu significado mas também seu sentido, pois não há significado nem sentido como não há [[figura]] / [[imagem]] sem [[vazio]]. É o que nos mostra o [[mito]] de [[Cura]]. Há por isso uma semiologia gramático-formal e há também uma semio-''[[poíesis]]''. Uma trata dos significados formais do [[código]]. A outra ausculta o [[sentido]] da [[linguagem]] do [[código]]. O [[signo]] e o [[véu]] guardam (''bewahren'') como [[signo]] e [[véu]] o [[desvelamento]] ([[verdade]]) que se vela ([[não-verdade]]). Mas então não serão [[signos]] e [[véus]] como ''[[homoíosis]]'', mas [[obras de arte]] (''[[poíesis]]'').
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: O [[signo]] é um [[véu]]. O véu é um [[signo]]. Mas véu e [[signo]] [[signam]] e [[velam]] a partir do assinalado e do [[velado]] que se doa como [[signo]] e [[véu]] na [[clareira]]. A partir da [[clareira]], o [[velar]] se [[doação|doa]] como véu e signo o que se desvela como [[assinalar]] e ao mesmo tempo assinala o [[velar]] como [[véu]]. O [[signo]] e o [[véu]] não são ''[[homoíosis]]'' de nada. O des-velo e excessividade amorosa do [[nada]] é que se presentifica como [[signo]] e [[véu]]. Nesse sentido, a partir do nada, o signo e o véu são criptofânicos. É o que nos diz Heráclito no frag. 123: "''Phýsis krýptesthai phileî''". A ''[[phýsis]]'' se vela no [[desvelo]]. Nesta criptofania amorosa recebe o véu e o signo não só seu significado mas também seu sentido, pois não há significado nem sentido como não há [[figura]] / [[imagem]] sem [[vazio]]. É o que nos mostra o [[mito]] de [[Cura]]. Há por isso uma semiologia gramático-formal e há também uma semio-''[[poíesis]]''. Uma trata dos significados formais do [[código]]. A outra ausculta o [[sentido]] da [[linguagem]] do [[código]]. O [[signo]] e o [[véu]] guardam (''bewahren'') como [[signo]] e [[véu]] o [[desvelamento]] ([[verdade]]) que se vela ([[não-verdade]]). Mas então não serão [[signos]] e [[véus]] como ''[[homoíosis]]'', mas [[obras de arte]] (''[[poíesis]]'').
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Edição de 01h27min de 14 de Agosto de 2019

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Conotação é o signo que, como significante e significado, além deste significado enquanto denotação, ainda tem um outro significado não diretamente notado e assinalado, mas que se dá na reunião da realidade denotada com a realidade conotada. Etimologicamente, tanto denotação como conotação são sím-bolos. O signo (obra-texto) representação que é um objeto e que como significante, além do seu significado enquanto representação, ainda tem uma outra representação que é o símbolo. Se o signo está mais diretamente ligado a sintomas, enquanto corpo que procura a linguagem: psicanálise concebida como sintoma e signo, o objeto-representação está mais diretamente ligado à imaginação que procura a realidade. Resta a questão: sintoma é, mas de que é sintoma? Imaginação é, mas de que é imaginação? Signo é, mas de que é significante e significado? Símbolo é, mas de que é símbolo? Como ficam todos esses conceitos se o que é se mostrando como aparecimento e aparência é e não é, como é e como não é?


- Manuel Antônio de Castro


2

O signo é um véu. O véu é um signo. Mas véu e signosignam e velam a partir do assinalado e do velado que se doa como signo e véu na clareira. A partir da clareira, o velar se doa como véu e signo o que se desvela como assinalar e ao mesmo tempo assinala o velar como véu. O signo e o véu não são homoíosis de nada. O des-velo e excessividade amorosa do nada é que se presentifica como signo e véu. Nesse sentido, a partir do nada, o signo e o véu são criptofânicos. É o que nos diz Heráclito no frag. 123: "Phýsis krýptesthai phileî". A phýsis se vela no desvelo. Nesta criptofania amorosa recebe o véu e o signo não só seu significado mas também seu sentido, pois não há significado nem sentido como não há figura / imagem sem vazio. É o que nos mostra o mito de Cura. Há por isso uma semiologia gramático-formal e há também uma semio-poíesis. Uma trata dos significados formais do código. A outra ausculta o sentido da linguagem do código. O signo e o véu guardam (bewahren) como signo e véu o desvelamento (verdade) que se vela (não-verdade). Mas então não serão signos e véus como homoíosis, mas obras de arte (poíesis).


- Manuel Antônio de Castro

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"O vigor da linguagem é a saga do dizer enquanto o mostrante. O seu mostrar não se funda num signo. Todos os signos é que surgem de um mostrar, em cujo âmbito e para o qual os signos podem existir" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 203.
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