Gramática

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:A questão da gramática fica mais clara quando se opõe [[discurso]] e proposição. O discurso remete para a [[retórica]], tanto no sentido originário como no sentido sofista. Mas no sofista já se dá a junção de discurso e proposição. Ver que Aristóteles é a sintese da relação discurso/gramática, mas sem o vigor do [[originário]], pois a sua ''Retórica'' trata do discurso e a sua ''Lógica'' trata de fundo gramatical, tanto que a sintaxe se chamava análise lógica, hoje travestida de [[coerência]] e [[coesão]] ou simplemente discurso. As [[teoria|teorias]] variam, mas o fundo permanece o mesmo: a visão [[metafísica]] do ''lógos''. Que coesão e coerência podemos encontrar numa constatação simples como: "Eu sou e eu não-sou"? A Poética seria a lógica do discurso da poiesis, isto é, do vigor do poético. Na retórica ainda temos a presença da força e vigor do ''rhema'' (do verbo ''eiro'', o dizer do sagrado) mas já não como [[poiésis]]/[[lógos]]/[[dzoé]]/[[phýsis]]. Limitou-se ao ''peitho'', persuadir, ligado ao ''pascho''/paixão da ''psyché'' como algo psíquico e sentimental. Na questão da gramática e suas variantes teóricas, o essencial é recuperar o vigor poético e a ambigüidade da ''phýsis'', e ir também para além de uma [[visão]] simplesmente [[epistemologia | epistemológica]].  
:A questão da gramática fica mais clara quando se opõe [[discurso]] e proposição. O discurso remete para a [[retórica]], tanto no sentido originário como no sentido sofista. Mas no sofista já se dá a junção de discurso e proposição. Ver que Aristóteles é a sintese da relação discurso/gramática, mas sem o vigor do [[originário]], pois a sua ''Retórica'' trata do discurso e a sua ''Lógica'' trata de fundo gramatical, tanto que a sintaxe se chamava análise lógica, hoje travestida de [[coerência]] e [[coesão]] ou simplemente discurso. As [[teoria|teorias]] variam, mas o fundo permanece o mesmo: a visão [[metafísica]] do ''lógos''. Que coesão e coerência podemos encontrar numa constatação simples como: "Eu sou e eu não-sou"? A Poética seria a lógica do discurso da poiesis, isto é, do vigor do poético. Na retórica ainda temos a presença da força e vigor do ''rhema'' (do verbo ''eiro'', o dizer do sagrado) mas já não como [[poiésis]]/[[lógos]]/[[dzoé]]/[[phýsis]]. Limitou-se ao ''peitho'', persuadir, ligado ao ''pascho''/paixão da ''psyché'' como algo psíquico e sentimental. Na questão da gramática e suas variantes teóricas, o essencial é recuperar o vigor poético e a ambigüidade da ''phýsis'', e ir também para além de uma [[visão]] simplesmente [[epistemologia | epistemológica]].  
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:Na questão da pro-posição gramático-formal é necessário estudar profundamente:
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a) como a gramática se relaciona com o tempo-verbo;
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b) como a gramática "pensa" (define) a relação entre sujeito e verbo;
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c) como os dois pontos anteriores se fazem presentes no conceito.
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Exatamente essas questões vistas não conceitualmente mas como sintaxe poética é que permitirão um diálogo produtivo com a questão:
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Para estudo do conceito de coisa que origina a proposição, onde se funda a gramática, ver abaixo.
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:(1) HEIDEGGER, Martin. ''A origem da obra de arte'', primeira parte: o primeiro conceito de coisa. Tradução para consulta acadêmica, em tradução de Manuel Antonio de Castro e Idalina Azevedo da Silva, in: www.travessiapoetica.blogspot.com.
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:Ao tratar da gramática é essencial a interpretação da coisa como juízo/oração constituído de sujeito/predicado, porque aí se dá a relação entre a teoria da linguagem e o [[agir]], ou seja, por detrás da gramática temos uma teoria da essência do agir. Daí estar relacionada à lógica. Oração: enunciado/enunciação: agir - real ou verdade; physis/on: sujeito - predicado ou inteligível - senvível. A oração é a interpretação e explicação metafísica da essência do agir.
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:"Libertar a linguagem da gramática, para um contexto essencial mais originário, está reservado ao pensar e poetizar" (1).
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:(1) HEIDEGGER, Martin. ''Carta sobre o humanismo''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 26.
==Ver também==
==Ver também==
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*[[língua]]
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*[[Língua]]
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*[[retórica]]
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*[[Pensamento]]
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*[[Poética]]
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*[[Retórica]]

Edição de 02h37min de 16 de janeiro de 2009

Tabela de conteúdo

Língua viva

"A linguagem viva não tem consciência de sua própria estrutura, gramática, sintaxe etc., portanto, de tudo aquilo que a ciência da linguagem tematiza. Uma das perversões típicas do natural aparece quando a escola moderna introduz a gramática e a sintaxe em sua própra língua materna, em lugar de introduzi-la numa língua morta como o latim. Exige-se de todos um gigantesco esforço de abstração para tomar consciência expressa da gramática do idioma que se domina enquanto língua materna. A concretização efetiva da linguagem faz com que essa desapareça detrás daquilo que nela se diz." (1) Essa observação do pensador alemão é extremamente pertinente e atual. Além disso, a gramática se tornou um instrumento dos meios de comunicação, onde tudo se reduz a abstrações. Na medida em que a linguagem, manifestada em cada língua, sempre ultrapassa a gramática ou discurso da língua, sendo a língua originariamente arte e a arte linguagem, querer ensinar a arte como gramática ( gêneros e estilos) é não respeitar a natureza da linguagem: ser arte.


Referência:
(1) GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método II. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 178.


Discurso e retórica

A questão da gramática fica mais clara quando se opõe discurso e proposição. O discurso remete para a retórica, tanto no sentido originário como no sentido sofista. Mas no sofista já se dá a junção de discurso e proposição. Ver que Aristóteles é a sintese da relação discurso/gramática, mas sem o vigor do originário, pois a sua Retórica trata do discurso e a sua Lógica trata de fundo gramatical, tanto que a sintaxe se chamava análise lógica, hoje travestida de coerência e coesão ou simplemente discurso. As teorias variam, mas o fundo permanece o mesmo: a visão metafísica do lógos. Que coesão e coerência podemos encontrar numa constatação simples como: "Eu sou e eu não-sou"? A Poética seria a lógica do discurso da poiesis, isto é, do vigor do poético. Na retórica ainda temos a presença da força e vigor do rhema (do verbo eiro, o dizer do sagrado) mas já não como poiésis/lógos/dzoé/phýsis. Limitou-se ao peitho, persuadir, ligado ao pascho/paixão da psyché como algo psíquico e sentimental. Na questão da gramática e suas variantes teóricas, o essencial é recuperar o vigor poético e a ambigüidade da phýsis, e ir também para além de uma visão simplesmente epistemológica.

3

Na questão da pro-posição gramático-formal é necessário estudar profundamente:

a) como a gramática se relaciona com o tempo-verbo; b) como a gramática "pensa" (define) a relação entre sujeito e verbo; c) como os dois pontos anteriores se fazem presentes no conceito. Exatamente essas questões vistas não conceitualmente mas como sintaxe poética é que permitirão um diálogo produtivo com a questão: a) gramatical; b) da linguagem; c) do sujeito; d) da funcionalidade. Para estudo do conceito de coisa que origina a proposição, onde se funda a gramática, ver abaixo.


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte, primeira parte: o primeiro conceito de coisa. Tradução para consulta acadêmica, em tradução de Manuel Antonio de Castro e Idalina Azevedo da Silva, in: www.travessiapoetica.blogspot.com.

4

Ao tratar da gramática é essencial a interpretação da coisa como juízo/oração constituído de sujeito/predicado, porque aí se dá a relação entre a teoria da linguagem e o agir, ou seja, por detrás da gramática temos uma teoria da essência do agir. Daí estar relacionada à lógica. Oração: enunciado/enunciação: agir - real ou verdade; physis/on: sujeito - predicado ou inteligível - senvível. A oração é a interpretação e explicação metafísica da essência do agir.

5

"Libertar a linguagem da gramática, para um contexto essencial mais originário, está reservado ao pensar e poetizar" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 26.

Ver também

Ferramentas pessoais