Forma

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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==Composição==
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:"Antecipando, podemos dizer que: a ''morphé'' é dar a ver e compor-se nisso. Numa palavra: a composição que se instala no [[aspecto]]. Em conseqüência, quando em seguida se trata simplesmente de 'aspecto', tratar-se-á do aspecto que se dá a si-mesmo, e na [[medida]] em que se dá e se entrega nisto que cada vez é por um certo tempo (o 'aspecto' de 'mesa' nesta mesa aqui). O que cada vez é por algum tempo, chama-se assim porque é enquanto particular que se demora no aspecto do qual guarda o modo de [[permanência]] (a entrada no tornar-se presente), e que é a partir de uma tal salvaguarda do aspecto que nele se mantém e nele sobressai - em grego: que ele É".
:"Antecipando, podemos dizer que: a ''morphé'' é dar a ver e compor-se nisso. Numa palavra: a composição que se instala no [[aspecto]]. Em conseqüência, quando em seguida se trata simplesmente de 'aspecto', tratar-se-á do aspecto que se dá a si-mesmo, e na [[medida]] em que se dá e se entrega nisto que cada vez é por um certo tempo (o 'aspecto' de 'mesa' nesta mesa aqui). O que cada vez é por algum tempo, chama-se assim porque é enquanto particular que se demora no aspecto do qual guarda o modo de [[permanência]] (a entrada no tornar-se presente), e que é a partir de uma tal salvaguarda do aspecto que nele se mantém e nele sobressai - em grego: que ele É".
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:HEIDEGGER, Martin. "Como se determina a physis". In: ''Questions II''. Paris: Gallimard, 1968, p. 234.
:HEIDEGGER, Martin. "Como se determina a physis". In: ''Questions II''. Paris: Gallimard, 1968, p. 234.
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:"O que se põe em seus [[limite |limites]], integrando-os em sua perfeição e assim se mantém, possui forma, ''morphé''. A forma, entendida como os gregos a entendiam, retira sua essencialização de um pôr-se-a-si-mesma-dentro-dos-limites (''Sich-in-die-Grenze-stellen'')." (1) A forma, entendida dentro do pensamento grego, está diretamente ligada à questão do ''télos'' e do [[limite]]. ''Télos'' se traduz geralmente como [[fim]]: "Mas 'fim' não é entendido aqui no sentido negativo, como se alguma [[coisa]] já não continuasse e sim findasse e cessasse de todo. Fim é conclusão no sentido do grau supremo de plenitude. No sentido de per-feição. Pois bem, limite e fim constituem aquilo em que o [[ente]] principia a ser. São os princípios do ser de um ente". (1)
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:(1) HEIDEGGER, Martin. ''Introdução à metafísica''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 88.
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*[[aspecto]]
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*[[permanência]]
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Edição de 22h36min de 26 de Dezembro de 2008

Tabela de conteúdo

A forma e os Deuses

Forma é um dos conceitos mais complexos, pois pode ser tomado em muitos sentidos: eidos, morphé, corpo, ente, objeto, utensílio, obra, unidade, organismo. Martin Heidegger, em A Origem da Obra de Arte trata da forma como Gestalt. A melhor tradução desta palavra alemã é, certamente, figura, mas ligada ao verbo latino fingere. Nesse ensaio, ele critica o conceito de forma, ligado à interpretação da realidade tendo em vista o ente utensílio (a forma é uma das quatro causas). Por isso, a concepção da arte baseada nas formas pode gerar grandes problemas mais do que indicar uma reflexão do mistério que é a obra de arte. A figura como tal é a obra, mas esta é pensada como a tensão de mundo e terra. No ensaio "A coisa" (1), Heidegger pensa a figura em tensão com o vazio. Jaa Torrano, por sua vez, se aproxima desse conceito ao definir assim forma: "É lícito recorrer à palavra 'forma' para explicitar-se a noção de Deus(es), desde que se entenda por 'forma' o princípio que possibilita toda manifestação. O que se manifesta na manifestação é o que por sua forma mesma ingressa no âmbito de ilatência. Eis o modo mais decisivo de os gregos antigos pensarem a verdade: ilatência, alétheia".(2)


Referências:
(1) In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002.
(2) O sentido de Zeus. São Paulo: Iluminuras, 1996, p.17.


Composição

"Antecipando, podemos dizer que: a morphé é dar a ver e compor-se nisso. Numa palavra: a composição que se instala no aspecto. Em conseqüência, quando em seguida se trata simplesmente de 'aspecto', tratar-se-á do aspecto que se dá a si-mesmo, e na medida em que se dá e se entrega nisto que cada vez é por um certo tempo (o 'aspecto' de 'mesa' nesta mesa aqui). O que cada vez é por algum tempo, chama-se assim porque é enquanto particular que se demora no aspecto do qual guarda o modo de permanência (a entrada no tornar-se presente), e que é a partir de uma tal salvaguarda do aspecto que nele se mantém e nele sobressai - em grego: que ele É".


Referência:
HEIDEGGER, Martin. "Como se determina a physis". In: Questions II. Paris: Gallimard, 1968, p. 234.


Princípio e limite

"O que se põe em seus limites, integrando-os em sua perfeição e assim se mantém, possui forma, morphé. A forma, entendida como os gregos a entendiam, retira sua essencialização de um pôr-se-a-si-mesma-dentro-dos-limites (Sich-in-die-Grenze-stellen)." (1) A forma, entendida dentro do pensamento grego, está diretamente ligada à questão do télos e do limite. Télos se traduz geralmente como fim: "Mas 'fim' não é entendido aqui no sentido negativo, como se alguma coisa já não continuasse e sim findasse e cessasse de todo. Fim é conclusão no sentido do grau supremo de plenitude. No sentido de per-feição. Pois bem, limite e fim constituem aquilo em que o ente principia a ser. São os princípios do ser de um ente". (1)


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 88.


Ver também

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