Plateia

De Dicionário de Poética e Pensamento

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"Na liminaridade, também a plateia se espanta. Ser ouvinte, assistir, contemplar, é estar na espera do espanto. Para tanto é preciso esperar o que não se sabe, para que possa se apresentar como inesperado. Infelizmente, hoje a espera do inesperado se converteu em exigência de novidade. Esperando o inesperado, a plateia, muda, embora boquiaberta, é uma corporeidade, apenas uma com o palco, a dançarina e a música – com a dança que se dança. A plateia dança parada na medida em que vê a dança. Só assiste de verdade a dança quem dança assistindo, que se vê dançar no palco, embora sentado. Muda, embora boquiaberta, a plateia assiste a seu próprio corpo dançando diante de si, ainda que esteja parada, estática, sentada na bancada. Este estar estático é sempre extático, romper os limites da representação na liminaridade da corporeidade" (1).


Referência:
(1) BRAGA, Diego. A terceira margem do mito: hermenêutica da corporeidade. In: Revista Terceira margem. Revista do Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura da UFRJ. Ano XIV, 22, jan.-jun, 2010, p. 62.
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