Travessia

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". In: ''Ensaios e conferências''. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 136.
:(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". In: ''Ensaios e conferências''. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 136.
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:Toda escuta do que se é, é travessia.
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:"Atravessar o aberto do horizonte não deixa de ser o perigo de perder-se no canto do infinito, no [[canto]] e divino do aberto, do indeterminado, no (?) da pura possibilidade" (1).
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:A [[música]] é o mar aberto do tempo onde a travessia é [[escuta]] do que nos atrai, mas que o doce canto e o encanto não nos matém, pois destruiria a travessia. A escuta é a própria travessia: a possibilidade de fazer da [[fala]] do silêncio a eclosão do [[sentido]] do que se é. A travessia é fazer eclodir no cotidiano o extraordinário. Para que não surja o trágico – fim da travessia – é necessário ter bem patente que a travessia é um movimento ambíguo: da fala para o [[silêncio]] e do silêncio para a fala. A palavra cantada é a palavra encantada: a plenificação do sentido do que somos.
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:- [[Manuel Antônio de Castro]]
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:Referência:
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:(1) SCHUBACK, Márcia Sá C. ''Ensaios de filosofia''. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 173.

Edição de 05h14min de 8 de Agosto de 2009

1

Pensei a travessia através da sua etimologia, o que está certo, mas é necessário pensá-la também na tensão lugar X espaço, porque daí surge a questão da coisa e da quadratura. Heidegger trata disto quando diz: "Os espaços abrem-se pelo fato de serem admitidos no habitar do homem. Os mortais são, isso significa: em habitando têm sobre si espaços em razão de sua de-mora junto às coisas e aos lugares... Sempre atravessamos espaços de maneira que já os temos sobre nós ao longo de toda travessia, uma vez que sempre de-moramos junto a lugares próximos e distantes, junto às coisas" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 136.


2

Toda escuta do que se é, é travessia.
"Atravessar o aberto do horizonte não deixa de ser o perigo de perder-se no canto do infinito, no canto e divino do aberto, do indeterminado, no (?) da pura possibilidade" (1).
A música é o mar aberto do tempo onde a travessia é escuta do que nos atrai, mas que o doce canto e o encanto não nos matém, pois destruiria a travessia. A escuta é a própria travessia: a possibilidade de fazer da fala do silêncio a eclosão do sentido do que se é. A travessia é fazer eclodir no cotidiano o extraordinário. Para que não surja o trágico – fim da travessia – é necessário ter bem patente que a travessia é um movimento ambíguo: da fala para o silêncio e do silêncio para a fala. A palavra cantada é a palavra encantada: a plenificação do sentido do que somos.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) SCHUBACK, Márcia Sá C. Ensaios de filosofia. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 173.