Solidão

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 02h45min de 18 de Agosto de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)

1

"E ninguém é eu. E ninguém é você. Esta é a solidão" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Artenova, 1973, p. 41.

2

Solidão é o isto do eu sendo. Portanto, sem predicativos, a não ser os transcendentais que lhe são próprios. Solidão não é angústia, é o deixar-se tomar pela vigência do silêncio, pela plena instância do repouso. Então o eu é sem existência nesta ou naquela forma de relação ou função, porque, ao não ter nem poder ter predicativos, nunca se pode tornar um tu do eu, nem um eu do tu (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Fundar e fundamentar. In: Pensamento no Brasil, v.I. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 218.

3

"Nunca fui solitária, nem quando estive sozinha, nem acompanhada. Mas eu teria gostado de ser solitária. Solidão significa o seguinte: finalmente estou inteira. Agora posso afirmar isso, pois agora me sinto solitária" (1).


Referência:
(1) WENDERS, Wim. No filme Asas dos desejo, 1987. Fala da personagem Marion (Solveig Dommantin).


4

A solidão é o diálogo da finitude na qual sendo o que somos já estamos lançados. Finitude é posição de ser e estar, de estar e ser, dialeticamente. A solidão poderá ser positiva e libertadora, desde que nela haja uma aprendizagem: não a de ser só, mas a de só ser.


- Manuel Antônio de Castro.



6

"— [...] mulheres como eu nunca deviam se casar. Somos independentes o bastante para nos virarmos sozinhas. Mas não independentes o bastante para sermos capazes de apoiar aqueles com quem casamos. A solidão é nossa única opção.
— O que acha que é a solidão? Uma serenidade tranquila? Uma segurança inviolável? Isso é uma ilusão, Cissi. A verdadeira solidão é um ato de coragem, atrás do qual um medo constante se oculta, um medo constante, Cissi."


Referência:
BERGAMAN, Ingmar. No filme: No limiar da vida. Suécia, 1958.

7

"Trata-se da solidão. Em verdade, nas grandes cidades, o homem consegue isolar-se, como mal chega a fazer em qualquer outro lugar. Mas lá em cima nunca é possível isolar-se. Pois a solidão traz consigo a força primigênia que não nos isola, mas lança toda existência na proximidade profunda de todas as coisas" (1)


Referência:
HEIDEGGER, Martin. Por que ficamos na província? - 1934-. In: Revista de cultura Vozes, n. 4, 1977, ano 71, p. 44.
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