Obra

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 20h47min de 21 de Agosto de 2009 por Andre (Discussão | contribs)

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A obra não é, opera, mas só opera enquanto é. Um tal operar no qual ela consiste se dá enquanto linguagem e verdade. Como a linguagem e a verdade não são, mas dão-se, uma tal doação nos advém como imagem-questão e sintaxe-questão ou poética. Quando digo que a obra não é, quero acentuar sua dimensão verbal. Nesse sentido, um tal verbal lhe advém do ser. Por isso, o que a phýsis destina à ação do homem para ser, não consiste num ente como, por exemplo, todo sendo-ser dotado de um código genético. Mas este código genético não dá a substantividade objetual, mas a singularidade do sendo na dinâmica da ciranda. O encontro do ón seja como código genético, seja como obra/ instrumento está no fato de o ser ser sempre verbal e fundar o hèn pánta. A instrumentalidade/intensidade objetual vem da obra e na dimensão da obra dentro da sintaxe-poética. Nesta, como ciranda, tudo se harmoniza na medida dos quatro.
No fundo, trata-se apenas de uma questão: sair do caráter substantivo/subjetivo a que a metafísica reduziu o ser e que a tradução latina só fez acentuar. Por isso, toda questão do enigma do ser não está no ser, mas no seu destinar-se no ser humano, daí a insistência da ligação de obra de arte ao ser humano não enquanto o ser humano a produz, mas enquanto um tal destino produz como cura o ser humano.


- Manuel Antônio de Castro


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A palavra obra, do latim opus, operis, do verbo operar, se diz em alemão Werk. "Operar", wirken, pertence à raiz indo-européia uerg, de onde provém a palavra "obra", "Werk", e o grego érgon. Para ver o que é ergon para Aristóteles, cf. (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, pp. 42-3.


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