Metafísica

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 21h31min de 26 de Novembro de 2012 por Fábio (Discussão | contribs)

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O país da Razão se transformou todo na paisagem dis-posta dos conceitos, porque o país da Metafísica transformou tudo na paisagem da Razão. Uma teia de razões, conceitos e funções organizou a realidade, ocupou todos os espaços e recantos na instrumentalidade comunicativa da linguagem e cobriu todo o planeta e encobriu toda a Terra num aparente engravidamento de realizações. "Em seus Cahiers (cadernos) 1917-1952, George Braque nos traz à lembrança a exigência de toda criação: 'écrire n'est pas décrire. Peindre n'est pas dépeindre'" (escrever não é descrever. Pintar não é representar). Por isso, definir uma coisa também consiste, no fundo, no fundo, em substituí-la por vocábulos" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 125.


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"Assim posto, em que consiste, portanto, a essência da metafísica? Ela é o modo de pensar que '[...] pensa o ente enquanto ente [...] (e) pelo fato de a metafísica interrogar o ente enquanto ente permanece ela junto ao ente e não se volta para o ser enquanto ser'" (1). Cf. também (2).


Referências:
(1) MICHELAZZO, José Carlos. Do um como princípio ao dois como unidade. São Paulo: Annablume, 1999, p. 36.
(2) HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, pp. 61-2.

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Os grandes filósofos do ocidente nada mais fizeram do que sempre e de novo e como novo o elogio da metafísica. Qualquer tentativa de dizer o que a palavra metafísica oculta é uma decisão pelo fracasso. E, no entanto, a palavra é simples, muito simples. Compõe-se do prefixo grego metá-, que significa: entre, além, para, junto a; e da palavra phýsis. A meta-física diz respeito à subjetividade porque o ser-humano é o Entre-da-phýsis. Porém, tal Entre é ambíguo e a phýsis é misteriosa e enigmática. Ela possibilita muitas leituras. Inclusive a metafísica. Nenhuma semântica, nenhuma lógica consegue abarcá-la e apreendê-la.


- Manuel Antônio de Castro


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"A palavra metafísica é ambígua. Por isso gerou as atitudes mais extremas e opostas. Na boca do materialista vulgar é tudo que está para além do que é imediato, palpável, força cega e irracional, isto é, material. Na boca do espiritualista vulgar é tudo que transcende a matéria, é o permanente, o eterno, o ideal. Diante destas atitudes dicotômicas e totalmente contraditórias, a sabedoria aconselha o desvelo pela phýsis, numa atitude espirituosa e equilibrada que deixe a tensão vigorar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poíesis, sujeito e metafísica". In: ______ (org). A construção poética do real. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004, p. 14.


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"Por isso quando se fala em superação da metafísica não se trata de construir um sistema mais amplo e completo. Nada disso. Aí mora o perigo maior da chamada desconstrução da metafísica. Superar não significa, portanto, ressentir-se ou revoltar-se. Diz com simplicidade a tarefa de pensar o a-ser-pensado: o esquecimento e silenciamento do Ser nas diversas instâncias. Trata-se, portanto, de fazer a experiência da experienciação do Ser em seu sentido. Não rejeita a metafísica, mas parte dela para dar um passo atrás e à frente, e tentar, como pensamento, corresponder ao apelo das questões já desde sempre vigentes em nosso horizonte, em nossa condição. Intenta-se fazer da filosofia o cuidado pensante e não o pensamento calculante" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poíesis, sujeito e metafísica". In: ______ (org). A construção poética do real. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004, p. 27.


Ver também:


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"A visão da aparência pela qual se pode olhar o que é uma casa, e não esta ou aquela casa percebida sensivelmente, a visão da aparência do que constitui a casa é algo não sensível, é supra(meta)-sensível (phýsis): supra-sensível = metaphýsis, metafísica. Pensar o ente a partir da ideia, do supra-sensível, é o que distingue o pensamento que recebe o nome de 'metafísica'" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p. 265.


Ver também:
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