Ideologia

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: Cf. LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar I''. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 62.
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:Não se pode querer ler Machado de Assis numa dimensão ideológica porque: "O [[narrador]] que [[fingir|finge]] diversas vozes ou que realiza a [[mímesis]] de várias atidudes constitui o exemplo extremo e sério-jocoso da representação da [[alteridade]]. Caracterizado como fingidor, o narrador cumpre a sublime função de transmissor credenciado de todos os sentidos culturalmente consentidos pelos diferentes estratos sociais de uma comunidade histórica. Não apresenta nenhuma ideologia em particular. Pelo contrário, representa a disputa ideológica em luta" (1).  
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:Não se pode querer ler Machado de Assis numa dimensão ideológica porque: "O narrador que finge, diversas vozes ou que realiza a mimesis de várias atidudes constitui o exemplo extremo e sério-jocoso da representação da alteridade. Caracterizado como fingidor, o narrador cumpre a sublime função de transmissor credenciado de todos os sentidos culturalmente consentidos pelos diferentes estratos sociais de uma comunidade histórica. Não apresenta nenhuma ideologia em particular. Pelo contrário, representa a disputa ideológica em luta" (1).  
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:Referências:
:Referências:
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:(1) SOUZA, Ronaldes de Melo e. "Introdução à poética da ironia". In: ''Linha de pesquisa''. Rio de Janeiro: [s.n.], 1, out. 2000, v. I, p. 46.
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:(1) SOUZA, Ronaldes de Melo e. "Introdução à poética da ironia". In: ''Linha de pesquisa''. Rio de Janeiro: [s.n.], 1, out. 2000, v. I, p. 46. Cf. também o ensaio de SOUZA, Ronaldes de Melo e. "O estilo narrativo de Machado de Assis". In: Machado de Assis ou uma revisão. SECCHIN, Antônio Carlos, ALMEIDA, José Maurício Gomes e SOUZA, Ronaldes de Melo e (orgs.). Rio de Janeiro: In-Fólio, 1998, pp. 15-79.
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:Cf. também o ensaio de SOUZA, Ronaldes de Melo e. "O estilo narrativo de Machado de Assis". In: Machado de Assis ou uma revisão. SECCHIN, Antônio Carlos, ALMEIDA, José Maurício Gomes e SOUZA, Ronaldes de Melo e (orgs.). Rio de Janeiro: In-Fólio, 1998, pp. 15-79.
 
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:'''Ver também:'''
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:Cf. LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A filosofia grega hoje". In: ''Caderno de Letras''. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras, UFRJ, Departamento de Letras Anglo-Germânicas, 18, 2002. Ele define de passagem a ideologia, mas a partir do que a ciência diz e estabelece como verdadeiro, nesse sentido a ideologia é a ilusão, o não-científico. Como pano de fundo dá a transformação da filosofia em ciência e em sistema de valores.
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== Ver também ==
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:*[[Olhar]]
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*[[Olhar]]
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:*''[[Poíesis]]''
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*''[[Poiesis]]''
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:*[[Símbolo]]
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*[[Símbolo]]
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:*[[Poético]]
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*[[Cegueira]]
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*[[Poético]]
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Edição de 20h05min de 24 de janeiro de 2009

1

Seria bom dizer que a ideologia é cega. Porém, não é. Na realidade ela enxerga, mas é míope. Por isso precisa do terceiro olho da poíesis, isto é, do vigor do poético. Mas aí, o que vê não é mais ideológico, porque então vê mais do que a visão pode dar ao ver por e a partir da visibilidade. Isso é o vigor do poético, a poíesis.


2

Ideologia é um conceito camaleônico. "A ideologia não é um conteúdo 'de' mas o mecanismo de produzi-lo" (1). Podemos perguntar: O quê e a partir do quê produz a ideologia? Essa é a questão propriamente que se esconde no camaleônico da ideologia. Tudo isso é uma decisão pela qual a realidade como questão se vê reduzida a uma decisão conceitual, passando essa, como ideo-logia, a ser mais importante do que a própria realiade se realizando, ou, em grego: on. Isso fica bem claro no próprio título do livro de Eni Orlandi. O decisivo aí é a realidade como simbólico. Por que justapor duas realidades: a realidade se realizando e sua representação simbólica? No fundo, todo mecanismo conceitual de reduzir a realidade se realizando à sua representação, conceitual ou simbólica, é a ideologia. A realidade se realizando é um dar-se do próprio da realidade. A nós compete apreendê-lo e compreendê-lo poeticamente.


Referências:
(1) ORLANDI, Eni. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 65.

3

Não se pode querer ler Machado de Assis numa dimensão ideológica porque: "O narrador que finge diversas vozes ou que realiza a mímesis de várias atidudes constitui o exemplo extremo e sério-jocoso da representação da alteridade. Caracterizado como fingidor, o narrador cumpre a sublime função de transmissor credenciado de todos os sentidos culturalmente consentidos pelos diferentes estratos sociais de uma comunidade histórica. Não apresenta nenhuma ideologia em particular. Pelo contrário, representa a disputa ideológica em luta" (1).


Referências:
(1) SOUZA, Ronaldes de Melo e. "Introdução à poética da ironia". In: Linha de pesquisa. Rio de Janeiro: [s.n.], 1, out. 2000, v. I, p. 46. Cf. também o ensaio de SOUZA, Ronaldes de Melo e. "O estilo narrativo de Machado de Assis". In: Machado de Assis ou uma revisão. SECCHIN, Antônio Carlos, ALMEIDA, José Maurício Gomes e SOUZA, Ronaldes de Melo e (orgs.). Rio de Janeiro: In-Fólio, 1998, pp. 15-79.


Ver também: